21.9.12

Fazer amigos



Se eu tivesse um filho pequeno, aproveitaria para lhe dizer que a infância é a melhor altura para fazer amigos. Ou é, pelo menos, a altura mais fácil, pois a única coisa que ele tem de saber é que as outras crianças querem o mesmo que ele: um companheiro de brincadeiras. Por isso, desde que ele não seja mau com eles, seja justo, e divertido, amigos fará com facilidade. E quem sabe, alguns destes amigos crescerão com ele ao ponto de ele deixar de os ver como amigos mas passar a vê-los como irmãos.

Aproveitaria também para lhe dizer que entrando na adolescência, continua a ser fácil ter amigos se quisermos, desde que não deixemos as hormonas, complexos e timidez controlarem a nossa vida. Explicar-lhe-ia que os receios dele são os receios de todos e que por isso ele não é menos que ninguém.   E que é bom ter amigos para as primeiras idas ao cinema sem pais, passeios e conversas. E que embora a família esteja sempre (sempre) lá, os amigos também são importantes para que a nossa personalidade se molde.

Explicar-lhe-ia que aos 20 anos ainda se fazem amigos. Que é bom conhecer novas pessoas e realidades. Dir-lhe-ia para escolher bem os amigos pois são esses, juntamente com aqueles trazidos de trás, que farão muitas vezes o lugar de pais, ajudando-o, dando-lhe apoio, impedindo de fazer disparates.

Explicar-lhe-ia também que à medida que o tempo passa é mais difícil fazer amigos, porque nos tornamos mais desconfiados, porque as oportunidades deixam de surgir, porque o nosso dia-a-dia não nos permite dedicarmos tempo precioso a conhecer outras pessoas. E que nessa altura, vai saber-lhe bem olhar para o lado e perceber que tem ali amigos já feitos. Dir-lhe-ia também para não chorar os amigos que se foram afastando, pois é assim que as coisas funcionam. À medida que crescemos os interesses tornam-se outros, a distância limita amizades, surgem na vida dos outros pessoas mais interessantes. As novidades deixam de se querer contar ou partilhar.

E dir-lhe-ia que o amigo com que fala todos os dias não será nem mais nem menos importante que aquele com quem fala de 2 em 2 meses, e que aquele que vive a 5 minutos será tão importante como aquele que vive noutro país. Porque a amizade não é definida pelo tempo ou pela distância, mas sim pelo interesse que temos nos nossos amigos e no lugar que estes ocupam no nosso coração.

E por fim, dir-lhe-ia que a família não é escolhida por ele mas que os amigos são. E desejar-lhe-ia tanta sorte como eu tive na construção dessa segunda família tão especial.

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