Quando, na sexta-feira, nos dirigimos para o aeroporto a ideia era clara: o nosso voo iria ser cancelado, como tinha vindo a ser todos os dias após o 2º dia de greve, e passaríamos as próximas horas na fila do balcão de atendimento da TAP a rezar para conseguirmos lugar no voo seguinte. O Jack tinha trabalhado nessa noite e eu tinha dormido das 4h00 às 5h00, hora a que ele chegou e eu me levantei para o ajudar a fazer a mala sabendo de antemão que duas cabeças cheias de sono esqueceriam provavelmente menos coisas de que uma só cabeça. Depois dormiu ele entre as 6h00 e as 7h00 enquanto eu tomava banho e me arranjava para sairmos. Com uma hora de sono cada um bem podem imaginar o mau humor instalado.
A caminho do aeroporto íamos os dois concentrados nos respectivos telemóveis, à espera que uma das diferentes aplicações e sites indicasse o cancelamento do nosso voo, mas isso ainda não tinha acontecido quando finalmente chegámos e por isso dirigimo-nos para o check-in preparados para receber a má notícia. Logo aí foi com surpresa que nos aceitaram as malas e indicaram que o voo estaria atrasado e que daí a uma hora dariam mais pormenores. Boa, ao menos não estava cancelado. Uma hora depois ficámos a saber que o voo partiria com um atraso de quatro horas e que tanto o voo anterior ao nosso como o seguinte estavam cancelados. Ufa, tínhamo-nos safado, mesmo que isso implicasse uma espera valente.
Foi-me então perguntado se já tinha tomado o pequeno-almoço e suspeitando que não queriam saber dos meus hábitos alimentares caseiros, reprimi um "Sim, uma taça de chocapic às 6h30 da manhã!" e disse que não. Ofereceram-nos assim uma sandes e uma bebida num dos cafés do aeroporto. Fixe!
As horas de espera foram uma seca, principalmente porque estávamos os dois de rastos, sem grande paciência para passear nas lojas e tudo o que queríamos era uma cama e um sono de doze horas. Encostado a mim o Jack foi dormitando e eu fui-me entretendo como conseguia até finalmente chegar a hora de embarcar.
Apresentámos os nossos cartões de embarque e a máquina ao ler o código do meu apresentou uma luz vermelha em vez de verde. Acho que ficámos de todas as cores já a ver a nossa vida a andar para trás, já a imaginar que nos iam dizer que afinal não havia lugar para nós, que havia um erro, que teríamos de ficar em terra. Em vez disso, os nossos lugares foram riscados e informaram-nos que tínhamos sido mudados para a primeira classe. Uma chatice, uma chatice....
Bom, desta vez a primeira classe não foi tão boa como a da outra vez em que isto já nos tinha acontecido, a comida era a mesma e não houve cá miminhos de revistas e jornais. Mas como ficámos logo na primeira fila, havia espaço suficiente para esticar as pernas e isso foi óptimo aqui para a grávida.
Chegados a Portugal, estava na hora de ir buscar o carro de aluguer. O funcionário que nos atendeu mostrou-nos dois carros pequenos e disse-nos nos calharia um daqueles. A meio do preenchimento da papelada perguntou-nos se éramos só nós os dois e eu na brincadeira apontei para a barriga e soltei um "Bem, nós os dois e um projecto de bebé a caminho". O funcionário olhou para nós, pensou um bocado e disse "Assim sendo vou fazer-vos uma surpresa e trazer-vos o melhor carro que temos na gama que escolheram, pode ser?". Então, não pode! Venha ele! Tivemos assim direito a um pequeno jipe, cor-de-laranja, com matrícula deste ano. Um luxo.
Por fim, o mais importante, conseguimos chegar a tempo do jantar e matar as saudades dos amigos.
E com tudo isto (o voo não ter sido cancelado, a mudança para primeira classe, o carro escolhido para nós e o chegar ao jantar), acho mesmo que neste dia devíamos ter jogado no euromilhões.
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