9.11.15

O parto #6

Este post é sobre o Jack, que não tendo o papel mais importante no parto (não que eu me tivesse importado de lhe passar a dores todas), foi uma parte essencial do processo. Na fase das contracções e antes da milagrosa epidural, eu estive de facto impossível de aturar e eu não sei como é que ele não me mandou para um certo sítio. Eu estava de tal modo intragável que tinha noção disso mesmo naquele momento e só pensava que o parto ia acabar em divórcio. Entre muitas coisas que lhe disse, sei que lhe pedi para ir para casa porque não estava preparada para ter um bebé naquele dia, que não ia aguentar passar por aquilo, que nem pensar em ter mais filhos na vida, que devia ser ele a parir e não eu, que a médica não ia chamar o anestesista porque não gostava de mim, entre tantas e tantas coisas. Depois parecia que nada do que ele fazia estava bem e entrei no modo de "Faz-me uma massagem nas costas...mas não me toques!!" ou "Abana-me aí com o leque...mas não faças movimentos repetitivos!" (eu já disse que fiquei mesmo impossível, certo?). E ele manteve-se ali ao meu lado, dizendo-me que tudo ia passar, que eu aguentava, ou mantendo-se calado quando, acredito eu, tinha vontade de me mandar dar uma volta ao bilhar grande ou, quem sabe, fugir dali a correr.

Depois do milagre da epidural, manteve-se ao meu lado o tempo todo. Tive de ser eu a insistir com ele para que comesse e bebesse aquilo que estava na mala (dica importante: levar uns snacks para o marido. Valerá a pena fazer um post com este tipo de dicas do que levar para a maternidade?), dormiu comigo, jogou jogos de telemóvel comigo mesmo quando só queria dormir mais um bocado, riu-se comigo, aturou os meus receios de que a epidural acabasse entretanto, foi enviando mensagens à minha mãe a meu pedido, ouviu-me queixar da sede constante que tinha, ajeitou-me o cobertor 1001 vezes quando eu tremia de frio. Não me deixou nem um minuto sozinha e ajudou o tempo a passar.

Na hora H, posicionou-se ao meu lado, dizendo palavras de apoio e traduzindo de forma imediata as instruções que me eram dadas. Este tinha sido um pedido meu pois sempre achei que naquela altura era capaz de não estar concentrada o suficiente para traduzir automaticamente tudo e embora, olhando agora para trás, veja que até era possível, sei que me foi mais fácil concentrar na voz dele e nas instruções em português do que na voz da médica e nas suas palavras em francês.

O Jack não teve o papel principal no nascimento da Mini-Tété mas foi sem dúvida uma parte essencial. Sem ele tudo teria sido mais difícil, mais complicado e não posso dizer que ele poderia ter feito mais do que fez. E eu estarei sempre agradecida, por todo o seu apoio (sempre e em especial neste dia) e por me ter dado a melhor prenda que recebi até hoje: ela.

3 comentários:

  1. Muitos parabéns ao Jack, um homem de muita coragem! :D Nem muitos homens teriam o dom de manter a calma dessa forma :D

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  2. Grande Jack... e grande Tété. :)

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  3. Ariadne

    Foi um herói. Se eu tivesse tido de aturar alguém como eu, no mínimo tinha rebolado os olhos umas quantas vezes e suspirado umas asneiras outras tantas. :P Mas nisto sempre fomos assim: quando um stressa, o outro mantém-se o mais calmo e racional possível, de forma a manter-se o equilíbrio.

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