18.11.16

Queixas-te, queixas-te, queixas-te, mas a maternidade não tem nada de bom?

Claro que tem!
Já tenho saudades de a ter recém-nascida a dormir ao meu colo, sentir-lhe o peso quente do corpo, estudar-lhe o comprimento das pestanas, dos dedos, o formato da boca, das bochechas. Oh, ter um recém-nascido adormecido nos braços é das melhores coisas de todo o mundo.
É indescritível a sensação que temos quando por vezes basta um gesto nosso ou uma palavra de carinho para acalmar um pesadelo. Sentimos que somos as super-mães!
E é maravilhoso vê-la a descobrir o mundo. E o ar feliz quando consegue uma nova proeza como se naquele instante nada a conseguisse deter.
E acho muita piada a esta fase de imitação pela qual ela está a passar e de como se tenta pentear a ela mesma com a escova ou quando me penteia a mim. E quando me tenta ajudar, dando-me as meias molhadas para as pendurar no estendal.
É giro ensinar gracinhas e vê-la a aprender. Quase que conseguimos visualizar o cérebro em branco a ficar preenchido com cada vez mais informação.
Não deixo de lhe achar uma certa piada ao vê-la testar alguns limites, desconfiada se algo lhe vai acontecer ou se vou deixar passar.
É maravilhoso ouvi-la a dizer as primeiras palavras. E a repetir sem sentido outras tantas.
E continuo a adorar vê-la dormir. Não fosse o sono no dia seguinte, acho que era menina para passar uma noite inteira a observá-la a dormir. 
As caretas são uma máximo, o palrar é fofo, a maneira como agarra cada vez melhor as coisas é uma espectáculo. Bom, na verdade, qualquer aquisição de competências é um espectáculo. É aquela história do cérebro a ser preenchido que a mim tanto me fascina.
Eu até gostava de falar de como é bom receber beijinhos lambuzados e abraços apertadinhos mas ainda estamos longe dessa fase porque tenho uma filha pouco dada a contacto físico. Gosta de estar colo mas se ainda assim lhe tocar o menos possível, melhor.
Mas gosto das turrinhas que dá, da maneira como me vira a cara para me ver as orelhas, da maneira como estranha o meu cabelo molhado.
Gosto quando ficamos as duas, cada uma na sua cama, a olhar-nos nos olhos. Em recém-nascida as trocas de olhares eram com o pai mas agora já tenho direito também.
Adoro vê-la no banho e fiz questão de a ensinar a chapinhar, mesmo que isso agora signifique ficar com o chão todo molhado. E recuso-me a ralhar com ela (afinal de contas fui eu que a ensinei) pois se não chapinharmos quando somos crianças, quando é que o fazemos?
Eu sei que todos os pais acham os seus bebés os mais bonitos do mundo e eu não serei a excepção que confirma a regra e sim, acho que a minha filha é liiiiinda. É avassalador olhar para ela e pensar que fui e o Jack que a fizemos, tão perfeitinha, tão bonita.
E mais fascinante do que a ver a descobrir o próprio corpo, é a forma como descobre o meu. Como me mexe nas mãos, como me carrega nas bochechas (e nos olhos, coisa que tento evitar), como me mexe nas orelhas (e tenta enfiar o dedo no meu nariz, enfim), como me tenta abrir a boca e fica fascinada com a língua a mexer (só falta tentar enfiar a cabeça, como um domador de leões), como me agarra os dedos dos pés e como me dá palmadinhas nos baços e nas pernas para ver de que material é feito.
E até falaria do maravilhoso cheiro a bebé mas não sei o que isso é. A ausência de olfacto fez-me perder isso (mas, ei, mudo fraldas malcheirosas sem me queixar. Com algumas excepções para as muito, muito, muito mal-cheirosas).
Quase desato à gargalhada quando ela se ri durante o sono ou quando começa a palrar.
Adoro ouvi-la dizer "mamã". Mesmo se quando me quer chamar lhe saia mais facilmente um "Hum!".
Gosto muito de a levar a passear no carrinho. E de ir no carro com ela e de a fazer ouvir Queen, Bruno Mars, Il Divo, e outras tantas, dizendo-lhe quais as que gosto mais, quais as músicas com história, quais as músicas que marcaram momentos da minha vida. Gosto de cantar para ela e foi espectacular perceber que havia 3 músicas que a faziam parar de chorar.
Gosto de a levantar bem alto para a fazer tocar nas folhas das árvores. Gosto quando tenta agarrar a fruta no supermercado. Gosto quando, prestes a fazer uma asneira (ou depois de a fazer....) me diz toda contente "Na-na-na-na-na".
Gosto de lhe passar o dedo no rosto, estudar cada preguinha, beijar cada dedo. A pele dos bebés é tão suave. E encher aquelas bochechas gordas de beijos, mesmo que ela odeie.
Eu queixo-me, sinto-me cansada, mas tenho de admitir que é muito bom tê-la na minha vida. :)

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