18.1.17

Isto só vai durar até à primeira birra. Depois passam a vê-la como uma criança normal.

A semana passada, no hipermercado, chego à caixa onde está uma funcionária de cara fechada (fora uma ou outra excepção, estão sempre). Começo a colocar as coisas no tapete e quando ela olha para nós faz o maior dos sorrisos e diz "Olha a minha amiga!". Instintivamente, olhei para trás porque era óbvio que aquilo não era para mim, já fui atendida por ela dezenas de vezes e nem um sorriso amarelo faz quando a cumprimento. Mas não havia mais ninguém na fila a não ser eu e a Mini-Tété, sentada no carrinho e a olhar seriamente para a funcionária. Nem vos digo o meu ar quando percebi que era para a Mini-Tété que ela falava, tentando com todas as suas forças que esta lhe fizesse um sorriso de volta. Acho que a minha boca aberta de espanto e o facto de ter parado de colocar as compras no tapete lhe devem ter chamado a atenção e contou-me empolgadíssima:

- A sua bebé é a bebé mais famosa deste sítio, sabia? Ainda no outro dia ouvi uma colega dizer "Não, não, ela a ti não faz sorrisos, é a mim!" (sim, é verdade, já vi funcionárias quase a entrar em duelo para chamar a atenção da Mini-Tété que se mantém impávida e serena perante todos os esforços) e pensei logo "Pronto, chegou aquela bebé bonita e séria!". Já sabemos todas quando chega à caixa, mesmo sem ser preciso vê-la! Querem todas que ela sorria! É verdadeiramente bela. Uma pessoa até pára de trabalhar (confirmo também, já aconteceu para desespero de quem está atrás de mim na fila) só para a tentar fazer sorrir. É que é ainda mais linda quando sorri!".

E como Mini-Tété está a começar a quebrar o gelo e a começar a relacionar-se com quem não está frequentemente, lá se digna de vez em quando a fazer um mini-micro-sorriso para algumas funcionárias. Poupo-vos à descrição da excitação que isto provoca, com direito a funcionárias de outras caixas a levantarem-se para ver se ainda a apanham sorridente. 

Hoje fui atendida por uma funcionária nova por isso achei que escaparia a tais cenas. Erro, enquanto arrumava as compras lá estava ela a tentar fazê-la sorrir, a perguntar se alguma vez sorri, se é sempre assim séria, e a comentar como se porta ela bem, que sossego, mal se mexe, só pisca os olhos, que bonita, etc, etc. 

E embora me faça muito bem ao ego ouvir dizer que tenho uma filha linda (já cheguei a ser interrompida nas minhas compras por outros clientes para me dizerem simplesmente isto), a verdade é que eu sou o tipo de pessoa que não vai a supermercados pequenos porque não gosto que os funcionários me conheçam, que façam comentários como "Já não a vejo há alguns dias, está tudo bem?" (o que já aconteceu), prefiro grandes superfícies e ser atendida anonimamente. Foi isto que aconteceu durante 3 anos naquele hipermercado, onde ninguém sabia quem eu era e não ligava minimamente para que caixa é que eu ia (agora, já aconteceu chamarem-me para as caixas delas para poderem ver a Mini-Tété e tentarem que sorria), despachava o pagamento das compras em 5 minutos e ia à minha vida. Mas o Karma é lixado e mandou-me a Mini-Tété, a bebé que não sorri e que atrai todas as atenções das funcionárias das caixas de um hipermercado.

(Estou convencida que as funcionárias já fazem apostas para ver quem arranca primeiro um grande sorriso à Mini-Tété. E eu acho que deveria receber metade do prémio.)

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