29.3.18

Inscrição na Maternelle - parte I


Eu sei, eu sei, a maior parte dos leitores deste blogue vive em Portugal e não tem qualquer interesse em saber como se processam as coisas por terras francesas, mas eu gosto que este blogue tenha esta pequena rubrica com a etiqueta "Ter um filho em França" pois pode sempre vir a dar jeito a alguém. Bem, eu ainda não estou muito a par da escolaridade em França pois tive a Mini-Tété há apenas 2 anos e tenho-a em casa comigo, por isso ainda não tive necessidade de grandes pesquisas. Mas com a iminente entrada dela na escola, partilho aqui o que sei e algumas diferenças que encontro com Portugal:

Por aqui, a escolaridade é obrigatória entre os 6 anos e os 16 anos (em Portugal, a obrigatoriedade vai neste momento até aos 18 anos). Contudo, ontem, o presidente francês Emannuel Macron anunciou que para o ano a escolaridade passa a ser obrigatória a partir dos 3 anos.
As crianças aos 3 anos entram no ensino gratuito e são matriculadas na Maternelle, nome dado ao jardim-de-infância, na qual ficarão até aos 6 anos, sendo divididas por turmas de Pequena Secção (onde entrará a Mini-Tété), Média Secção e Grande Secção, dependendo das idades. Algumas escolas começam a aceitar turmas com criança de 2 anos mas não é o normal. Aqui qualquer aluno que faça 3 anos até dia 31 de Dezembro desse ano pode entrar na Maternelle.

Não é difícil arranjar vaga (aliás, como se vê dado que querem tornar a Maternelle obrigatória). No nosso caso, na nossa área de residência há apenas uma Maternelle pelo que a inscrição era obrigatoriamente nessa (a não ser que fizéssemos questão de inscrever numa escola particular). A inscrição não é feita inicialmente na escola. Na, na, na, era o que faltava, a burocracia francesa permitir que se vá a um único lugar tratar directamente do assunto, isso é que era bom. A inscrição começa então por ser feita na Maire (câmara municipal), onde temos de apresentar para além do Livret de Famille (Livro de Família, com as nossas informações), os nossos cartões de cidadão e o Carnet de Santé da criança (equivalente ao boletim de vacinas mais mais completo), um justificativo de morada. Na Marie dizem-nos então qual a escola que pertence àquela região e dão-nos um papel para que possamos ir efectivamente matricular a criança à escola (aaaaah, tudo isto por causa de um papelinho, é sempre preciso um papelinho...). 

No caso da escola da Mini-Tété, as matrículas estavam a decorrer todas as sextas de manhã com a própria directora. Deixo-vos o relato deste encontro para outro post, fiquemo-nos apenas nas informações úteis. Era-nos pedido que levássemos, para além do importante papel da Maire, o Livret de Famille, o Carnet de Santé e duas fotografias (uma tipo-passe da Mini-Tété e outra da família). Feita a reunião, a matrícula estava feita. Nalgumas zonas, como em Paris, as matrículas decorrem logo no início do ano, noutras como a nossa em Março já se pode matricular e penso que nalguns sítios até Junho é possível fazer a matrícula.
Agora voltaremos em Junho para visitar a escola e onde será permitido às crianças estarem nas salas e no recreio, mas com a presença dos pais, para que façam a descoberta do espaço com algum apoio familiar. As aulas começaram depois logo no início de Setembro.

No que toca à matrícula, não tenho qualquer experiência pessoal de como é feita em Portugal, mas do que leio em fóruns achei todo o procedimento mais simples aqui (mesmo com o passeizinho à Maire em busca do papel-super-importante-e-essencial...) pelo facto de haver facilmente vaga no jardim-de-infância público, por não ter de andar a visitar escolas, perguntar preços, ter de escolher, e por em Março ter conseguido logo tratar do assunto. Este post é mais informativo, mas tenho já em mente mais um ou dois com relatos, opiniões pessoais e mais informações sobre este assunto. :)





6 comentários:

  1. Quanto a jardins de infância, aqui é realmente difícil entrarem no público e os privados são carísssimos...

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    1. Sim, do que tenho lido é mesmo complicado.
      Aqui confesso que nem faço ideia de quanto custarão os privados mas sei que não são nada baratos.

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  2. Em Portugal é fácil entrar nos privados (como em qualquer país, acho eu) mas no ensino público também é mais complexo. Normalmente a inscrição tem de ser feita na sede do agrupamento onde pertence a escola, que normalmente é atribuída através da morada da família. Dão sempre preferência aos mais velhos (5/6 anos) e só depois preenchem as vagas com crianças mais novas. Já conheci casos de crianças que entraram ainda com 2 anos (iam fazer os 3 até ao final do ano) mas quando são muito pequenas pode acontecer só entrarem mais tarde caso haja alguma desistência.

    Gostei bastante do teu testemunho porque dá para perceber as diferenças entre Portugal/França e como tu dizes poderá ser útil para alguém ;) Boa sorte com tudo!

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    1. Obrigada. :)
      A Mini-Tété é um casos desses, entrará ainda com 2 anos (faz anos em Outubro) e por isso mesmo eu achava que ela não teria prioridade. Mas ao que parece aqui qualquer criança que faça 3 anos nesse ano pode entrar sem que haja impedimentos, pelo menos é o que tenho lido. Nesse ponto é bom. :)
      Ainda há mais diferenças, vou ver se me apresso a publicar os posts que faltam. :)

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  3. Essa dos privados depende. Tenho um colega q p pôr a filha no colegio privado xpto teve de ser entrevistado e a miuda tb passou por processo de entrevista. Têm tantos candidatos q nao aceitam todos, e escolhem com base no perfil da criança/ pais e tb na sua posiçao socio-economica. Em coimbra, p entrar na Joao de Deus tb n é facil, conheço quem mal o miudo nasça vai logo la fazer a inscriçao.

    Quanto ao publico tb depende, uma coisa é a Escola Primaria a partir dos 6 anos, é obrigatorio, gratuito, o Estado tem sempre de garantir vagas. Outra coisa é o jardim de infancia, até aos 5 anos, aí sim, depende das vagas disponiveis e casa nao haja dao sempre proridade ás crianças mais velhas. Mas por ex, pelo menos aqui na zona de Coimbra a creche publica / IPSS so compensa se a pessoa for pobre. Porque se tiver um bom salario, como o preço a pagar é em funçao dos rendimentos, na pratica vai pagar o mesmo na publica do q na privada ( q tem preço unico) . No caso do jardim de infancia é q acho q os preços ja sao bem mais vantajosos no publico.

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    1. Eu andei no João-de-Deus por puro acaso. :D A minha mãe andava a sondar os jardins-de-infância e foi ver como era o João De Deus. No fim da conversa com a directora, esta diz-lhe que a minha inscrição estava feita. E a minha mãe muito aflita porque só queria obter informações, o pai estava no estrangeiro e ela nem tinha falado com ele, mas a directora avisou que eram as últimas vagas e que se não me inscrevesse naquele momento, perdia a oportunidade. E lá fiquei eu (e adorei). :) Mas sim, tenho ideia de que não era fácil obter vaga e também conheço histórias de inscrições feitas anos antes.
      E se bem sei, há pais que inscrevem os filhos em vários jardins-de-infância para garantirem que arranjam pelo menos uma vaga num deles.

      Bem, fui fazer uma pesquisa e descobri uns quantos relatos de mães cujas escolas tinham filas de espera mesmo para o jardim-de-infância público (a verdade é que as instalações são feitas para um x de crianças, há-de haver um limite qualquer caso nesse ano surjam muitas mais crianças). Mas se bem percebi, a Maire (câmara municipal) deve indicar aos pais qual a outra escola pública mais perto para que possam inscrever a criança.

      De notar, claro, que eu vivo no campo. A realidade que aqui vivo e que aqui descrevo não deve ser a realidade em Paris, por exemplo. Suponho que lá as coisas possam diferentes.
      Ainda assim, deve haver mais jardins-de-infância públicos que em Portugal senão não haveria esta decisão de tornar a escola obrigatória a partir dos 3 anos. Seria de doidos tornar isto obrigatório e o Estado não assegurar as vagas...:)

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