16.8.18

A idade certa para entregarmos os nossos filhos

Acho sinceramente que não há uma idade certa para entregar os nossos filhos nas mãos de estranhos. Tenho vindo a pensar nisto desde que me disseram que, por ter deixado para agora a entrada da Mini-Tété na escola, tornei simplesmente tudo mais difícil para mim e para ela. 

Para ela, talvez, não sei. É verdade que terá uma maior consciência da ausência da mãe, terá mais medos, será um corte grande do cordão umbilical que nos uniu nos últimos 2 anos e 10 meses. Por outro lado, ficou claramente a ganhar nestes 2 anos e 10 meses em que pôde usufruir da mãe a tempo inteiro, de um acompanhamento personalizado, de um crescimento ao ritmo dela, de uma atenção dedicada.

Para mim, não consigo mesmo ver porque é que agora é pior do que seria quando ela tinha 4 meses, um ano, ou seja que idade for. Não acho mesmo que haja uma idade certa para entregar os nossos filhos nas mãos de estranhos sem ficar com o coração do tamanho de uma ervilha. Quando a Mini-Tété fez 4 meses, eu lembro-me de ter pensado que era uma sortuda por poder ficar com ela em casa e cheguei a dizer ao Jack que não imaginava o sofrimento que era para algumas mães terem de deixar os seus bebés tão pequeninos nas mãos das amas ou das creches. 

Entregar um bebé quando tem meses de vida seria, para mim, um corte demasiado cedo, os medos seriam demasiado grandes, o bebé não se exprime, eu não teria maneira de saber se estaria a ser bem-tratado e acarinhado numa fase em que precisaria tanto de mim*. Esta é a vantagem de ter a Mini-Tété a ir só agora, já é mais independente, já precisa de convivência social pelo que damos este passo certos que é algo positivo para ela, já fala e vai poder explicar-me como se sente. Por outro lado, é verdade que aos poucos meses de vida a consciência não é tão grande, estando as necessidades básicas satisfeitas, os bebés ficam bem e mais tarde não passam por esta separação tão duramente.

Não sei como funciona com as outras mães, mas eu acho que o meu coração ficaria sempre do mesmo tamanho, mirradinho e a precisar de mimo, fosse qual fosse a idade de entregar a Mini-Tété nas mãos de estranhos. Porque é o meu maior tesouro. E porque não serão as minhas mãos.

(*digo isto sem qualquer culpabilização das mães que o fazem. Eu também fui com meses de vida para uma creche e não sei se um dia, se tiver um segundo filho, não farei o mesmo por circunstâncias da vida).



4 comentários:

  1. Deixar bebés de meses é heartbreaking! Muitas vezes tem que ser, mas, podendo escolher, também ficava com ele em casa (fiquei com o meu também até aos 2 anos e meio). E não vejo como isso pode fazer mal à criança. As pessoas apenas gostam de dar palpites. Esquecem-se é que eles não assentam como uma luva em todos os miúdos, porque eles não são iguais... e não reagem da mesma forma.

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    1. Eu não consigo pôr-me no lugar da Mini-Tété e perceber se agora lhe vai custar mais ou menos do que se fosse com meses de vida. É verdade que agora tem maior consciência de que a mãe, que esteve sempre lá, a está a deixar com pessoas que não conhece. Por outro lado, também já é possível explicar-lhe o que é a escola, que vou sempre buscá-la, coisa que obviamente um bebé de meses não entende. Por isso, do ponto de vista dela, não consigo mesmo analisar.

      Mas, para mim, enquanto mãe acho que a sensação e o medo é sempre o mesmo: que sintam que os estamos a abandonar, e aí não interessa a idade. Se fosse aos 4 meses sentiria isto. Se fosse com 1 ano sentiria isto. Agora sinto isto.

      Quanto à reacção, só rebolo os olhos. A Mini-Tété vai chorar, eu sei, eu conheço-a. A questão é que não acredito que se tivesse ido para uma creche com 4 meses, agora não choraria (poderia não sentir tanto a separação, mas se calhar choraria na mesma).
      O meu irmão foi para uma creche com meses de vida e na escola primária chorava porque não queria ir para a escola e chorava porque não queria sair da escola. Eu fui com meses de vida para uma creche e ainda hoje sou avessa a mudanças, a sítios novos onde não conheço ninguém e se calhar só não choro porque já não tenho idade para isso. É como tu dizes, nem todos os miúdos reagem da mesma forma, não são todos iguais, e não acho que seja irem para uma creche ou não que vai determinar o comportamento deles na entrada de uma escola nova. :)

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  2. Eu sou o outro lado da moeda: sou Educadora de Infância. Não posso falar pelas minhas colegas mas posso falar por mim. Tento que a transição casa/escola seja mínima. Claro que vai haver sempre diferenças: mais que não seja não poder haver uma atenção particular a cada minuto do dia. Mas falo com os pais, respeito os seus pedidos, a forma como querem educar os filhos. Para os pais é sempre difícil deixar os pequenos (seja em que idade for). E mais difícil é quando, por algum motivo, ficam a chorar. Não vai ser fácil mas o meu conselho é para não terem vergonha de perguntar tudo. Se algo não vos agradar digam. Temos todos uma coisa em comum: queremos o melhor para as crianças. Boa sorte!

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    1. Obrigada! :D Eu não vejo a futura educadora da Mini-Tété com um bicho-papão (neste momento nem a vejo de todo porque não sei quem é :D), que a vai submeter às maiores atrocidades e torturas. Mas vejo-a como alguém que tem de gerir quase 30 miúdos, com personalidades diferentes e que demorará o seu tempo a conhecê-los. E todo o conhecimento que eu tenho sobre a minha filha não o conseguirei passar por osmose para a educadora. E ela não saberá que por exemplo sempre que a Mini-Tété chora (porque se assustou, magoou ou por capricho) basta assoá-la que ela pára de chorar. Ando a tentar ensiná-la a pedir para a assoarem em francês para ver se a percebem rapidamente mas cheira-me que nos primeiros tempos não saberão que este simples gesto é o suficiente para a acalmar (e que se não o fizerem, ela continuará a chorar pelo desconforto de ter o nariz entupido). São coisas destas, tão simples para mim e para ela, que eu sei que a educadora não sabe. :) Porque até pode ser uma óptima pessoa mas é uma pessoa estranha para nós. :)
      Obrigada pelo comentário e tiro-lhe o chapéu pela profissão que escolheu. Eu tenho apenas uma e é uma criança fácil mas ainda assim estes 3 anos foram dos mais difíceis e desafiantes da minha vida, por isso acho que ao fim de 3 dias com uma turma cheia quem ia chorar à entrada da escola seria eu. :D

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