Ontem fomos ao cinema (ver o "Logan", filme que desaconselho fortemente a não ser que queiram ver duas horas de sangue e violência), debaixo de um imenso temporal que nos deixou encharcados. Mal entrámos no átrio, estranhámos a imensa fila para entregar os bilhetes, visto que esta já não costuma ser pequena mas que estava verdadeiramente exagerada. Separámo-nos: eu fiquei na fila dos bilhetes, ele foi para a fila das pipocas, também ela estranhamente enorme. À minha volta, as pessoas olhavam para os relógios, com medo de perder o início dos filmes, esticavam o pescoço para ver o que se passava mas a fila não mexia nem um passo. De repente começa um alarme a tocar. Olhei para o Jack, que longe, na fila dele, encolheu os ombros sem também perceber o que se passava. Depois, uma voz no altifalante que, com tanta gente a falar num átrio tão grande, era praticamente impossível de se perceber. Voltei a olhar para o Jack que me faz sinal que não percebeu também o que foi dito. À minha volta as pessoas começaram a mexer-se, a desfazer a fila e eu apurava o ouvido a tentar perceber o que se passava. Vi os empregados dos bilhetes e das pipocas a saírem de trás do balcão e a afastarem-se. Atrás de mim, um homem disse para quem o acompanhava "Estão a mandar evacuar. Temos de sair". E é disto que não gosto. Estávamos no cinema da Disney, lá fora os parques temáticos estavam a esvaziar e era um mar de gente em direcção ao metro, passando mesmo ao lado dos cinemas. O cinema cheio com toda a gente enfiada no átrio, ao abrigo da chuva. No fundo, todo um ambiente chamativo a quem quiser fazer uma estupidez, coisa que infelizmente não se pode dizer que não aconteça por cá. Corri para o Jack, agarrei-lhe um braço e disse-lhe "Estão a mandar evacuar!". Saímos para a chuva, para o meio da multidão que saía dos parques e que abandonava os cinemas. Passado uns minutos diz-me o Jack que se tratava de um alarme de incêndio e que é por isso que as clarabóias do átrio do cinema estavam abertas quando chegámos, deixando entrar a chuva. Meia-hora depois, já sentados na sala, digo-lhe:
- Tive medo.
- Sim, eu percebi pela forma como correste na minha direcção.
Fiquei a pensar e disse-lhe:
- Temos uma filha agora. Sempre que tiver medo, correrei. Prefiro correr sem necessidade do que ter de correr verdadeiramente para salvar a vida.
Mas não gosto disto, não gosto de ouvir um alarme e pensar logo o pior porque efectivamente pode ser o pior, não gosto de ter medo, não gosto de correr por ter medo. Que treta de mundo.
Realmente que treta de mundo este! Temos de estar sempre a olhar sobre o ombro para ter a certeza de que está tudo ok.
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