Ao fim da tarde.
O Jack liga-me, diz-me que teve um acidente de automóvel, que o carro ficou destruído mas que está bem (e está, confirma-se, os amigos que lêem o blogue podem ficar descansados) e pede que o vá buscar. Lá me consegue explicar por onde anda, entre rotundas e pequenas aldeias cujos nomes nunca sei, enquanto acabo de dar o lanche à Mini-Tété. Visto-me, visto-a, enfio uma sopa e fruta numa mala térmica porque não sei se ainda vamos ter de ir a algum lado e não vamos estar assim tão perto de casa pelo que mais vale levar o jantar da pequenita. Pego no saco de saída dela, acho-o estranhamente leve mas nem o abro porque não quero perder tempo. Mudança de fralda e lá saímos de casa.
Coloco a Mini-Tété na sua cadeirinha do carro e enquanto me dirijo para a saída da aldeia onde vivemos, recordo-me que fecharam a estrada ao longo de vários (bastantes) quilómetros para obras e que por isso tenho de procurar um caminho alternativo, caminho esse que desconheço por completo. Deixem-me explicar-vos novamente: eu vivo numa aldeia no meio do campo. Literalmente no meio do campo, basta passar a última casa e temos vários quilómetros de terrenos agrícolas, campos com vacas, cavalos, florestas com veados, raposas, javalis e coelhos. Por isso, qualquer desvio que se faça a um caminho normal obriga-nos a dar grandes voltas por meio de campos onde tudo parece igual, a atravessar pequenas aldeias com uma mão-cheia de casas, a fazer quilómetros e quilómetros sem rotundas ou qualquer indicação da direcção em que vamos. O que é óptimo quando se tem pressa.
E assim fomos nós, por caminhos nunca antes percorridos, a perder tempo e a ganhar stress porque nem consigo avisar o Jack que vou demorar pois ele ficou sem bateria no telemóvel. A Mini-Tété vai sossegada atrás de mim, vejo-a no espelho a olhar pela janela e penso que realmente tenho uma sorte imensa em ter uma filha calma como ela. Mas cerca de um quilómetro antes de ver o Jack, ela dá um berro e desata num choro sem igual. Olho pelo espelho, vejo-a numa aflição enorme com as mãos na cara, penso se se terá assustado com os relâmpagos e trovões que resolveram dar o ar de sua graça e tento acalmá-la falando com ela mas não resulta. Paro junto à polícia que está a orientar o trânsito na zona do acidente, explico (com os berros da Mini-Tété a sobrepor-se à minha voz) que sou a mulher do Jack, dizem-me onde posso parar o carro e enquanto saio do carro, começam a parar o trânsito para que eu possa atravessar a estrada. Mas mal abro a porta do lado da Mini-Tété percebo a razão do choro: está enfiada numa poça de vómito. Pego nela, tentando que não se encoste muito, embora como seja natural ela tente imediatamente enrolar-se ao meu colo, atravesso o campo que me separa da estrada para dizer aos polícias que não vou atravessar e grito ao Jack que tenho de trocar a Mini-Tété. No carro, começo a despi-la enquanto rezo para que a leveza do saco de sair não se deva facto de não haver uma muda de roupa. Felizmente há e troco assim uma Mini-Tété em prantos, de mãos bem afastadas do corpo, pois odeia sentir-se suja e não há uma gota na roupa ou na pele que ela não veja e que não a incomode. Pára de chorar para depois recomeçar ao ver o estado da cadeira dela. O Jack dá-me o casaco dele para que eu cubra a cadeira de forma a que ela se sente sem chorar mais. Regressamos a casa.
Há fins de tarde maravilhosos, não há?
Só para desanuviar...afinal porque é que o saco estava tão leve?
ResponderEliminarUm beijo (já sei que está tudo bem)
Porque a Mini-Tété o tinha conseguido abrir e tinha tirado os livros todos que lá costumam estar. :D
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