No outro dia, estava à conversa com o meu pai no Skype, a Mini-Tété cirandava por ali, entrando na sala, indo à cozinha, mostrando novas habilidades ao avô (como andar para trás), e comentávamos que por enquanto, para a idade que tem (1 ano e 9 meses), não é uma bebé muito dada a asneiras. Nisto, o meu pai pergunta-me o que estava ela a fazer naquele momento. Olhei para ela e respondi:
- Está a tentar enfiar uma camisola minha na caixa das batatas.
E continuei a conversar enquanto o meu pai se desatava a rir.
Fiquei a pensar nesta conversa o resto da tarde, naquilo que a Mini-Tété estava a fazer e na minha reacção, que foi simplesmente não lhe dizer nada. Na verdade, acho que minutos mais tarde lhe perguntei o que estava ela a fazer, e ela disse simplesmente algo como "A guardar". Dei por mim a pensar que conheço pessoas para quem isto seria considerado uma asneira e que seja talvez nessa diferença que reside o facto de eu achar que a Mini-Tété faz poucas asneiras. Para mim, ela faz asneiras quando faz coisas que eu lhe disse que não pode fazer. Por exemplo, quando pisa um livro, depois de eu já ter explicado que assim os estraga. Ou quando se afasta de mim na rua quando eu já lhe disse que tem de estar sempre junto a mim. Ou quando agarra no telemóvel sabendo bem que não pode. Na situação da camisola, ela não sabe que não se enfiam camisolas nas caixas das batatas, eu nunca lhe expliquei isso e ela não nasceu ensinada, por isso ela está simplesmente a fazer algo que até acha bem: a arrumar.
E depois, há também o factor de quais as situações em que devemos ralhar, impedir, dizer não, zangarmo-nos. Como estou com a Mini-Tété em casa, esta tem de ser o seu local de brincadeira e exploração. Para além disso, estou convencida que se passar o dia a dizer-lhe "não" vamos acabar as duas exaustas e birrentas. Eu, porque não vou parar de lho dizer e vou achar que tenho uma criança que só faz asneiras, não me dando descanso, e ela porque vai sentir que não pode fazer nada, ficando frustrada e entrando facilmente numa birra (com a qual terei de lidar, cansando-me ainda mais) e fazendo coisas que sabe que não pode (apenas por sentir que não pode fazer nada). Assim, esta casa tem regras claras e específicas que são para cumprir (e quando não cumpre, é quando faz asneiras, recebendo novamente um não e sendo chamada à atenção) e fora isso tem (quase) toda a liberdade do mundo. Quer meter a minha camisola na caixa das batatas? Tudo bem. Quer ir buscar as mantas do sofá e esticá-las no chão da cozinha? Tudo bem (quanto muito, terei de as pôr na máquina a seguir). Quer ir colocar todas as suas meias no meio das minhas camisolas? Tudo bem. Quer brincar com copinhos com água no chão da cozinha? Tudo bem. Quer andar a fechar as portas? Tudo bem. Ela anda pela casa livremente, pode fazer quase tudo o que quer com aquilo a que tem acesso e eu acho que isto leva também a que faça poucas asneiras. Como há regras simples e claras, acho que é mais fácil aprendê-las e o meu pai conta sempre a história de um dia a ter visto ir na direcção do meu telemóvel que estava a carregar. Parou a poucos centímetros dele, virou-se para o meu pai e disse-lhe "Não, não", como se lhe dissesse que sabia bem que não podia mexer (e não mexeu). Mesmo agora, se lhe falarem do forno, ela diz que é perigoso e que está muito quente. São poucas regras, há explicação para algumas e isto torna tudo mais fácil. A única consequência é ter a casa constantemente desarrumada e encontrar sempre coisas no sítio mais improvável, mas ao menos a mãe e a bebé vivem pacificamente.
Acho que cada pai é que tem de avaliar e não ir pelas opiniões dos outros.
ResponderEliminarA mim parece-me que és uma EXCELENTE MÃE :)
Beijinho <3
Sim, claro. Este será mais um caso onde cada pai avalia. :)
EliminarConcordo em absoluto e julgo que demasiadas regras só cansam os filhos e os pais... no entanto, alguns dos exemplos que deste acho que são distintos. Fechar as portas não tem nada de mal. Brincar com copos de água no chão pode já ser mais perigoso, pois pode escorregar ou pode fazer um adulto escorregar... assim como espalhar mantas no chão é assim algo chatinho, por causa da sujidade. Digo eu! Eu não sou contra a sujidade, pelo amor da santa, tenho quatro gatas e um cão... mas acho que isso seria uma coisa que não gostaria que o meu Rafael fizesse, porque depois não poderia voltar a pôr a manta no sofá. ahah :D Agora fechar portas, espalhar brinquedos... esteja à vontade... as crianças querem-se soltas e felizes!
ResponderEliminarHihihihi, na verdade isto depende mesmo de cada um. :) Para mim e para ti, fechar portas não tem mal no entanto muitas são as famílias que não gostam e que até põem travões nas portas para os bebés e crianças não as fecham. Por acaso, também comprei desses travões para o caso de ela fechar as portas com força, se andasse sempre a entalar os dedos, se não obedecesse quando lhe dissesse para não fechar, mas até agora não usei porque ela tem muito cuidado a fechar.
EliminarQuanto à água, depende muito do bebé. A Mini-Tété limpa sempre que alguma água cai no chão. Além de que só eu estou em casa com ela e ela brinca num sítio restrito, por isso não há maneira de haver acidentes. Mas se ela começasse a espalhar água pela cozinha fora, com certeza não permitiria. :P
As mantas...nós não usamos muito mantas no sofá. Aliás nós mal usamos o sofá. :P As mantas acabam por estar dobradas no braço do sofá e as que lá estão já sabemos que invariavelmente estão no chão, com as brincadeiras dela. As mantas com as quais nos gostamos de cobrir quando está frio estão guardadas. :D
Ou seja, depende muito do bebé e dos pais, na verdade. :)
E acho que fazes bem. No fundo, o mais importante é isso, o viverem pacificamente :)
ResponderEliminarSim, também acho. Educando claro, mas não vivendo num stress constante para mim e para ela pois assim nenhuma de nós aproveita estes anos em casa. :)
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