Eu sou uma esquisitinha com a comida. Assumo. Gosto de poucas coisas, odeio provar coisas novas, sou picuinhas com a consistência e textura das comidas, enfim, não sou fácil neste campo. E embora gostasse que a Mini-Tété saísse a mim em várias coisas, não faço questão que ela seja igual a mim neste ponto nem que se torne uma daquelas crianças que se recusa a comer seja que legume for ou que torça o nariz a algo só porque "é verde". Por isso, embora ainda haja um mundo de coisas que ela nunca experimentou, temos também o cuidado de a ir incentivando a provar algumas coisas, de lhe propor novos sabores e não desistir à primeira.
Já aqui o disse, uma das nossas estratégias passou por não dar a conhecer à Mini-Tété o sabor de doces como chocolates, rebuçados, pipocas, gelados, ou batatas fritas, refrigerantes, etc...Achámos que havendo tanta coisa para experimentar, não fazia muito sentido começar desde cedo a fazê-la experimentar todas estas coisas que conseguem ser muitas vezes mais agradáveis que outras mais saudáveis como, por exemplo, os bróculos. No fundo, não lhe quisemos viciar o sabor. É claro que haverá crianças que desde cedo comem de tudo, açúcar e salgados incluídos, e mesmo assim apreciam uma boa sopa, uma boa peça de fruta, comem de tudo sem refilar e ainda repetem. Não digo que não, nós é que não quisemos correr o risco (aliado a sentirmos que nada destas coisas lhe fazem falta, sobretudo quando é assim tão pequenina).
Outra estratégia é ter à disposição, comer à frente dela, abrindo assim espaço à curiosidade. Um dos exemplos que tenho é o tomate-cereja. As primeiras vezes que dei tomate-cereja à Mini-Tété, ela deitou-o fora, não gostou. Li não sei onde que se deve oferecer pelo menos 10 vezes para que a pessoa possa verdadeiramente dizer que não gosta, por isso, continuei a ter à disposição, punha na mesa ao jantar, comia e oferecia. Houve vezes em que nem quis experimentar, outras em que nem engolia. Um dia pediu-me, comeu e pediu mais. Mas continuou a não gostar de tomate normal. Até à semana passada. Esta semana já o comeu duas vezes. Ou seja, o truque está em não desistir, não forçar e ter à disposição, oferecendo sempre. E dar o exemplo, comendo. A verdade é que vermos os outros a deliciarem-se com algo abre-nos muitas vezes a curiosidade. Eu que o diga pois quando era pequena via o meu irmão a babar-se por pães de Deus e entrecosto e ainda tentei algumas vezes comer pois se ele gostava tanto, então aquilo devia mesmo ser bom (e não dá, não gosto mesmo e não foi realmente por falta de tentativa).
Ainda assim, não tenho qualquer ilusão ou objectivo que a Mini-Tété goste de tudo e coma de tudo. Não quero ser e não serei aquele tipo de mãe que vai obrigar a filha a ficar na mesa até rapar o prato, sem que esta tenha direito a dizer que não gosta. Mas também não sou nem serei o tipo de mãe que só cozinha o que a filha gosta, até porque embora a Mini-Tété coma bem, ainda torce o nariz a muita coisa. Por exemplo, ela não é fã de batatas e não é por isso que não as faço. Come menos, não insisto muito para que coma mais do que um pouco de batata, mas continua a ser algo que lhe é apresentado.
Em conversas com o Jack, sempre lhe disse que os meus filhos teriam direito a não gostar de algumas coisas sem que houvesse insistência para que comessem. O meu avô era obrigado a comer todas as favas do prato embora não as suportasse e não me revejo neste tipo de comportamento. Aliás, os meus pais tiveram comigo a mesma compreensão e perceberam rapidamente que certas comidas por muito que eu tente nem consigo engolir de tal forma a textura me agonia (como o entrecosto que referi acima. Sei lá eu quantas vezes tentei comer numa tentativa de imitar o meu irmão e nem mastigar aquela carne consigo, quanto mais engolir). Bom, até agora não havia nada que dissessemos "A Mini-Tété não gosta mesmo", pois embora torça o nariz e deite fora uma série de coisas, acho que é sobretudo por ainda não se ter habituado ao sabor.
Nos últimos meses contudo começámos a reparar que a nossa filha que até então nunca tinha sido muito amante de batata doce, parecia de facto fazer um esforço enorme para a comer, recusando a maior parte das vezes. Da última vez, talvez por estar com fome, lá ia picando os bocadinhos que tinha no prato sem nos dizer nada mas a cada garfada, havia uma careta inevitável, um engolir em seco, um golo de água a seguir. Estou convencida que encontrámos a primeira coisa que lhe desagrada mesmo. E por isso, amanhã o jantar será salmão. Com batata doce para nós. Com batata normal para ela. [a batata-doce continuará à disposição, quem sabe o gosto não mudará mas por enquanto damos um pouco de espaço a esta miúda que até come bem e não nos dá grandes problemas à mesa].
Dá algum trabalho e requer paciência tentar educar-lhes o paladar e perceber o que realmente não gostam e o que é manha. Mas a vossa estratégia parece-me boa, pelo que descreves ;)
ResponderEliminarVamos ver. Daqui a uns anos temos o resultado. :D
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