2.8.18

Férias

Uma viagem de avião em que nos ferrámos os três a dormir. Para depois eu acordar com um dos maiores ataques de alergia que me lembro de ter tido num avião (e tenho sempre, em todas as viagens). À chegada, metade dos passageiros com malas perdidas. Muito tempo perdido e muito stress para depois as vermos aparecer num tapete de um voo diferente. 

Praia, muita praia. E descobrir que o tempo não estava assim tãããooo quente como eu achei que estaria (em França estava - e está - um forno) e que se calhar devia ter trazido um casaquinho ou uma camisola. O Jack arrancou dois sisos de urgência. Eu perdi o meu chapéu de palha. Apareceu dias depois sem ninguém perceber como. Fiz uma contractura muscular. Comemos gelados e gelados e gelados. Voltámos aos restaurantes de sempre. Eu li um livro. E outro. E não li outro porque não o comprei. Dormimos sestas. Tomámos banho no mar. E esquecemos os problemas.

A Mini-Tété perdeu o nojo à areia. Adorou as piscinas que o avô lhe fazia junto ao mar. Aprendeu a dar saltos à chegada das ondas. Tomou banho no mar ao colo do pai. Foi ao parque todos os dias, onde aprendeu a subir mais alto, pendurar-se em cordas e a atravessar pontes a cantar. Tentou fazer castelos na areia. Provou dos nossos gelados todos os dias. Comeu sopa todos os dias. Comeu muito peixe grelhado. E manga e melão dos bons. E pão com chouriço. E leitão. Experimentou a piscina mas não gostou. Não se calou um minuto. Riu às gargalhadas todos os dias com a bisavó. Andou num triciclo puxado pelo avô. Adormeceu com a avó. Reviu primos e amigos da família. Já corre mais depressa.

Todos os dias perguntou se ia para a escola no dia seguinte. Delirou com a mochila que lhe comprámos e não a largou desde aí. Fomos ao Zoo e emocionei-me com a alegria dela ao ver os golfinhos. Comprámos livros novos. E sandálias. Aprendeu a saltar em trampolins. Dormiu bem e este ano não nos perguntou quando voltávamos para casa ou pediu para regressar. Viu o eclipse da lua. Alimentou as galinhas com o bisavô. Deu quedas e esfolou os joelhos e os cotovelos. Não houve birras. Foi besuntada com protector solar 50 várias vezes ao dia (não brincamos com o sol) e vem mais morena que os pais.

No regresso, voo atrasado quase duas horas. Uma viagem inteira sem se calar. "Porque é que estamos todos sentados? Porque é que temos de pôr os cintos? Porque é que aquele senhor está a dormir? Porque é que não há pão neste avião? Porque é que vai à casa-de-banho? Onde estão as nossas malas? Porque é que tenho de beber água? Porque é que o avião está no ar? Porque é que é de noite? Porque é que não podemos sair já? Porque é que tenho de falar baixinho? Porque é que o papá está a dormir? Porque é que aquela senhora está a rir a olhar para a Mini-Tété?" acrescentando a nova mania de não obtendo logo resposta, dizer "Porquê? Porquê? Porquê?". Peço desculpa aos passageiros à nossa volta que se calhar preferiam ter tido uma miúda de 2 anos a fazer uma birra de 10 minutos do que a falar sem parar durante duas horas. Eu percebo-vos. Mesmo. Malas recuperadas, regresso a casa muito tarde mas com a sensação de terem sido umas boas férias (demasiado rápidas).

A meio das férias, a caminho da praia, a Mini-Tété disse ao avô:
- Estou muito, muito contente por estar aqui.

 E no fundo, no fundo, é isto que importa.

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