Convocatória

Hoje foi dia de ir tirar um sinal suspeito. Sem grandes alongamentos, entrei ali inteira e saí de lá sem um pedacinho de mim do qual vou sentir muita falta. Feito o luto, vamos ao que interessa: a sala de espera! Nossa Senhora, nunca estive numa sala de espera assim. A certa altura tive de me obrigar a fechar a boca porque estava embasbacada a olhar para as diferentes personagens que iam entrando. Ora então tínhamos:

- A motard que ia ao ginásio: sandálias pretas de saltos de 15 cm, calças de ganga tão coladas ao corpo que por pouco não se fundiam, top preto de alças justo um pouco curto, o que permitia diversas visões de tatuagens nos braços, peito e barriga, o corpo todo definido e muito musculado, cabelo preto compridão e maquilhagem preta super-carregada nos olhos. E a postura, senhoras, a postura "Mete-me comigo e vais ver se não te mando a mota para cima" impunha respeito.

- As tias. E antes de falar das tias deixem-me explicar a minha visão: Ah, e tal, vou tirar um sinal, e depois para não ter as costuras das calças de ganga a rasparem nos pontos, é melhor ir de fato de treino. E fui, t-shirt, calças de fato de treino e sapatilhas. Pooooois, acabei por dar por mim numa sala de espera cheia de tias, super-arranjadas (mais parecia um casamento), todas de saltos e cabelos acabadinhos de sair do cabeleireiro. Ora as tias iam entrando uma a uma, e qual não foi o meu espanto quando me apercebi que se conheciam todas. E todas (todas!) tinham sido operadas ao peito e estavam ali para diversas manutenções. E era ouvi-las a falar "Ai, da primeira vez tive de usar um soutien especial, desta vez não é para usar. Agora tenho de deixar as minhas maminhas andarem livres! Hihihihi" ou "Pois, depois da operação o peito não desceu e os bicos ficaram a apontar para o chão" ou "Mas as tuas não estão inchadas pois não?". Admito: estive sempre de orelha atenta a ouvir tudo, mas a culpa não é minha: o episódio das Mentes Criminosas que estava a passar na televisão era repetido, e eu tinha de me entreter com qualquer coisa.

Ora, vai daí, saí dali com uma decisão tomada: também quero. Também quero ir ao cabeleireiro, vestir o vestido que levei ao último casamento, colocar os sapatos de salto alto e ir à clínica. E quero encontrar lá as minhas amigas, que isto de nos encontrarmos por acaso num centro comercial ou num café não é chique. E quero ser operada ao peito (já não bastava ter ido de fato-de-treino ainda fui posta de lado por ir tirar um insignificante sinal...Assim nunca serei do jet-set). Por isso, convoco quem estiver disponível a ir um dia destes à clínica, nos trajes e arranjos acima mencionados, para fazer uma "piquena" operação e podermos deste modo sentarmo-nos na sala da espera a falar das respectivas. Quem alinha?? Pensem bem que isto pode ser o bilhete d'ouro para um mundo chiquérrimo.