14.6.13

Socorro.....

Hoje apeteceu-me ir ao cinema. Desanuviar. Aproveitar as nossas pipocas (que acabei por não comer) e umas legendas em português. Escolhi as 14h como sessão do cinema achando que a sala estaria mais ou menos vazia. Errado. Estava sentada na sala há 30 segundos quando mandei mensagem à minha mãe e ao Jack: "Socorro! Estou numa sala só com pré-adolescentes! Se sair viva daqui vou precisar seguramente de terapia!". Saí de lá stressada e a sentir-me velha. Era a ÚNICA pessoa da sala com mais de 14 anos. Não, não estou a exagerar. Bem procurei na sala lotada alguma alma atormentada e adulta como eu, mas estava definitivamente sozinha contra aquela horda de hormonas. A certa altura ouvi um deles referir-se à "senhora" e percebi que a "senhora" era eu. E tenho-vos a dizer: eu não era assim com aquela idade. E não, não me venham cá coisas que todos dizemos isso e que no fundo até éramos. Não, eu posso pôr as mãos no fogo como não era assim. Nem o fui sequer mais tarde e em plena idade do armário. Estou absolutamente convencida que a adolescência que antes começava ali pelos 12/13 anos, começa agora pelos 10/11. Metade daquela sala devia estar no quinto ou sexto ano e portavam-se como vi, na minha altura, adolescentes de 15 anos a portarem-se. Tenho também a certeza que se perguntar aos miúdos daquela sala como era o filme, 80% não me saberão responder. E 99% perdeu pelo menos 10 cenas. Quando numa sala de cinema em que toda a gente está calada, basta duas pessoas começarem a sussurrar para eu já não me conseguir concentrar no filme sem estar também a ouvir a conversa (não, não é cusquice. Quem me dera a mim não ouvir e conseguir fechar-me numa bolha, mas não consigo), imaginem como (não) me consegui concentrar com para cima de uma centena de adolescentes constantemente a falar. Senti-me literalmente fechada numa colmeia com um zum-zum constante em meu redor. Mas perdeu-se aquele respeito pelos outros? Os miúdos não aprendem estas coisas? Tive de pedir à menina atrás de mim para tirar os pés do meu encosto, já a ver que daí a pouco o meu cabelo estaria a servir de tapete. E claro que recebi um olhar do tipo "Oh, caraças, olha-me esta velha a chatear-me". Mas é mesmo necessário pedir uma coisa destas? O trio à minha frente chateou-se a certa altura e um das raparigas mudou de cadeira. Depois a outra foi atrás dela. Depois esta regressou ao pé do rapaz. Depois a primeira regressou. Depois mudou outra vez de cadeira. Ao meu lado um grupinho insistia com um par de namorados para que este se beijasse. O intervalo então foi passado nisto, com argumentos do género "Vááá láááá, eu não viiiiiiiiiiiiii!", "Um bom beijo vale mais que mil beijos!", "Vá lááá, é só um beijinho!", "Qual é o mal? Ele quer, só falta tu quereres!", e a rapariga envergonhadíssima, dizia que não queria beijar à frente de estranhos (mas depois lá deu um daqueles beijos bate-chapa), e olhava para mim, que obviamente não tirava os olhos de cima da cena toda. Para já, porque não tinha mais nada para fazer no intervalo e se estavam com aquelas cenas à minha frente é porque não se importam de ter público, e depois porque é bom que a rapariga perceba que só porque as amigas dizem "Mas ninguém está a ver!" é bom que ela tenha olhos na cara e veja por ela própria onde se encontra e decidir por si mesma o que faz ou não (não que seja contra a menina dar um beijo ao rapaz, mas os adolescentes de hoje fazem coisas em público que definitivamente só deveriam fazer fechados em casa a sete chaves e nem têm noção disso). Metade daquela sala passou o filme de pé. Ora ia conversar com o amigo que estava três filas mais abaixo, ora ia buscar pipocas à amiga que estava cinco filas mais acima, ou chateavam-se e mudavam de cadeiras, ou faziam as pazes e mudavam de cadeiras, ou iam sentar-se mais próxima da rapariga gira (e nestas idades em que elas são maiores que eles? E eles dizem em voz ainda de menino "Olááááá, Riiiiiitaaaaaa" e elas já com tiques de cinema, abanam o cabelo, olham para eles e dizem um olá distante). E depois a cereja no topo do bolo: ignorando as palmas cada vez que uma piada era dita (era um filme cómico, bem podem imaginar o meu calvário), as bocas para o filme eram para lá de espectaculares. Confesso que nalguns filmes já me saiu de vez em quando um "Olha que estúpido.....", "Valha-me Deus....", assim baixinho e mais para mim do que para os outros. Ali era para toda a gente ouvir e suponho eu para os próprios actores que estão do outro lado do Atlântico "ÉS MESMO BURRO!", "TOMA!", "ESTÚPIDO!!!". E eu que fui para lá para relaxar vim de lá 10 anos mais velha, stressadíssima, a precisar de terapia daqui a 10 anos e a achar que um dia que tenha um filho tranco-o num quarto desde os 10 aos 20 anos (ou ainda é demasiado cedo para o deixar sair?).

6 comentários:

  1. Mais valia teres vindo embora :)

    Joana

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  2. Tinha pago o bilhete. E queria ver como o filme acabava. =P Mas devo ter pensado em abandonar a sala para aí umas vinte vezes, sim.

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  3. Epaaaa que sorte xD
    Realmente os miudos agora são do pior...
    Quando estava no centro de saude apareciam la e diziam "queria a pilula, mas não é para mim é para a minha amiga!".... e claro, eu acreditava fielmente e conseguia não me rir (muitoo) :P

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  4. Infinitiva

    Nem sequer pensei nisso. :) Sabes que os horários escolares a mim passam-me um pouco ao lado. :)

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  5. Angie,

    Miúdos. :) Acham-se sempre mais espertos do que nós (mas vá, eu aí dou a mão à palmatória. Por vezes também me achava mais esperta que os adultos =P).

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Digam-me coisas. :)