- Casais incapazes de reconhecer defeitos na cara-metade. Ao início é tudo muito bonito e parece que estamos com uns óculos de lentes cor-de-rosa e só vemos qualidades e mais qualidades no nosso mais-que-tudo. Mas à medida que a relação avança e o conhecimento se aprofunda é natural perceber que afinal a pessoa com quem estamos não é 100% perfeita. E ainda bem que assim é, senão seria uma seca das antigas estar com alguém que não apresenta o mínimo defeito ao pé de nós que, como comuns mortais, temos a nossa quota-parte deles. Lembro-me bem de quando comecei a namorar o Jack de dizer a uma amiga que "Ele é igual a mim mas versão masculina". Agora olhando para ele dou por mim a pensar que estava mesmo parva ao dizer aquilo. Claro que ele não é igual a mim. Tem os seus gostos (alguns parecidos com os meus, outros não), tem a sua maneira de ser (que não sendo igual à minha, se conjuga bem), e claro tem defeitos (diferentes dos meus). Não são obviamente defeitos com os quais não consigo lidar ou até não dar qualquer importância. São apenas características nele que caso deixassem de existir eu não sentiria propriamente falta, não sendo contudo algo que me incomode ao ponto que não conseguir viver com isso. Mas reconheço-o. Não olho para ele e não vejo um homem perfeito, mas sim um ser humano. E tenho para mim que quando começas a ver os defeitos no outro e mesmo assim continuas a querer estar com ele é quando finalmente a paixão inicial se está a transformar em amor duradouro. Daí não acreditar em casais que passado anos ainda olham um para o outro e se acham à frente de um anjo sem asas.
- Casais que discutem por tudo e por nada. Já estive com casais que nem na presença de estranhos são capazes de se controlar e não armar confusão. E é vê-los a discutir pelas coisas mais estúpidas, ora porque ele pediu um bolo para o lanche e ela está de dieta e não gosta de o ver comer essas coisas, ora porque o empregado fez um sorriso à namorada e ele fica cheio de ciúmes, ora porque deixa-me-cá-arranjar-algo-absolutamente-idiota-que-aconteceu-há-3-anos-atrás-e-aproveitar-agora-para-lhe-atirar-isso-à-cara, enfim, coisas estúpidas. Acredito que isto canse. Pelo menos, a mim cansa-me assistir quanto mais vivenciar isto todos os dias. Acredito que se chegue a um ponto de saturação tão grande que mais tarde ou mais cedo se dê a ruptura. Porque acredito também que ninguém é feliz a discutir todos os dias.
- Casais que exageram tuuuuuuuuudo. Um beijo é uma declaração apaixonada, quase um pedido de casamento. Uma mera discussão é uma provação dos diabos. Não dá. Já vi casos de casais que ao fim de alguns meses e uns quantos desacordos pregam aos peixes que "já passámos por tanta coisa e o nosso amor aguentou!". Mas tanta coisa o quê? Eu namoro há 8 anos, metade deste tempo foi em países diferentes, claro que houve fases em que nos perguntámos se fazia sentido continuar, e ainda assim aqui estou eu a achar que o meu namoro tem sido calmo e felizmente não tivemos grandes dificuldades. "Ah, mas eu estive desempregada e isso custou". E? Eu também estou desempregada e então? É chato mas não põe a relação em risco, felizmente. "Ah, mas ele tinha uma ex-namorada que o andava sempre a rondar". E? Pois que é chato, claro. Mas se ele for homenzinho não lhe dá atenção e a relação mantém-se. "Ah, mas a minha sogra odiava-me". E? A não ser que namorem com alguém que não é capaz de lutar por vocês, isso não é problema. Até porque a maior parte das vezes estes problemas nem existem. A tal namorada que não pára de o rondar afinal mandou-lhe apenas uma mensagem no último ano, e a sogra que odeia na verdade não quer simplesmente tornar-se a vossa melhor amiga. Não acredito neste tipo de relações porque acredito que à custa de acreditar que já passaram muito, quando realmente aparecer um obstáculo verdadeiro, já vão estar demasiado cansados para lutar contra ele.
- Casais que vivem literalmente só um para o outro. Aqui não é bem não acreditar, é mais não compreender. Sou fã dos casais unidos, mas que têm uma vida para além do/a namorado/a. Não vou dizer que casais que vivem exclusivamente só um para o outro vão enjoar mais tarde ou mais cedo (ainda me caem em cima a dizer que se acho que vou enjoar do Jack é porque não o amo), mas acho que limitam o mundo em que crescem. Acho que deixam de ter assunto para falar (e nem me refiro à vida dos outros, mas sim a temas que os outros falaram connosco), deixam de conhecer opiniões diferentes, e principalmente deixam de ter apoio dos outros. E em alturas mais complicadas é bom haver pessoas fora da relação que possam dar apoio, opiniões, ajuda.
E com isto, com este meu não acreditar neste tipo de casais (até podem resultar mas acho sempre que serão relações mais complicadas que o necessário) que eu perco o direito de barafustar quando dizem não acreditar no tipo de relação que por acaso eu até tenho.
E com isto, com este meu não acreditar neste tipo de casais (até podem resultar mas acho sempre que serão relações mais complicadas que o necessário) que eu perco o direito de barafustar quando dizem não acreditar no tipo de relação que por acaso eu até tenho.
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