Maria Tété adormece. Não se lembra mas deve ter desligado o despertador. Acorda portanto de mau-humor. Cinco minutos depois dá um jeito às costas, ali mesmo entre as omoplatas e fica a parecer uma estátua. A única maneira de não sentir dores é ter o queixo encostado ao peito, ou seja, a olhar para o chão e nem pensar em levantar a cabecinha, rodá-la para a esquecer ou para a direita, levantar os bracinhos ou fazer qualquer outro movimento mais brusco. Ora isto dá um jeito imenso para trabalhar e o mau humor intensifica-se. Maria Tété tem de sair à rua e aí a escolha passa por parecer tolinha e caminhar com o queixo encostado ao peito (o que é tramado para atravessar passadeiras) ou tentar levantar minimamente a cabeça mas não conseguir disfarçar o esgar de dor que surge na sua cara. E a dor cada vez pior. Maria Tété pensa que um duche quentinho talvez até ajude mas não consegue tirar a roupa. E o mau-humor cada vez pior. Por isso agora estamos assim: com Maria Tété a escrever no computador numa forma um pouco estranha esperando que Senhor Jack não chegue só daqui a três horas como às vezes acontece, para lhe poder dizer que voltou a dar cabo de si mesma e que precisa que ele prepare um saquinho de água quente e faça o jantar, e que tenha muuuuita paciência para o mau-humor de Maria Tété que só sabe fazer uma coisa na vida: partir-se toda.
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