23.4.15

O mundo pouco maravilhoso e aborrecido dos não imunes à toxoplasmose

Texto escrito em Fevereiro:

Quando fui fazer as análises já sabia que era imune à rubéola mas não fazia ideia se o era à toxoplasmose. Mas recebi o envelope com o resultado, abri-o logo no carro e vi que...não era. Grande treta. No fundo, tinha a secreta esperança de já ter tido contacto com o parasita sem o saber e estar imune. Assim, tenho de passar a ter cuidado para não entrar em contacto agora de forma a não ser nem eu infectada nem este meu projecto de bebé. Saladas desinfectadas, nada de carne crua/mal-passada (não que eu comesse), nada de mexer em fezes de gato (que não tenho), morangos, tomates, etc, desinfectados também e toca de lavar muito bem as frutas. Tenho tido cuidado, admito, mas não estou obcecada com isto. Se em 30 anos nunca tive contacto com este parasita, era preciso grande azar ter agora durante 9 meses. Ainda assim, quando fomos comer fora com a cunhada do Jack, pedi o meu hambúrguer sem alface e tomate e contei-lhe que não era imune à toxoplasmose. Ficou espantada a olhar para mim uma vez que ela também não o era quando tinha engravidado há 14 anos e a única coisa que lhe tinham dito era para o cão deixar de dormir em casa. Expliquei-lhe que o cão nem faz parte do ciclo de transmissão do parasita, ao contrário dos gatos e que agora há cuidados a ter com a alimentação. Percebeu-me mas acho que lhe faz alguma confusão ver-me a pedir  e comer comida sem alface mas continuar a fazer festas ao cão que têm em casa (não ao mesmo tempo, sim?).

Mais de dois meses passaram depois de eu ter escrito este texto e continuo a achar que isto de não ser imune à toxoplasmose é uma grande treta. Não é só o facto de ir a casa da família do Jack e ter de recusar de lágrimas nos olhos as saladas com tão bom aspecto que me põem à frente, é também a estranheza com que me olham os familiares e amigos que ainda não sabem disto e me vêem a pedir pratos em restaurante sem salada (então, então, mas está grávida e em vez de comer saudavelmente deu-lhe para agora deixar de comer legumes??) e a seca que é estar a desinfectar as coisas em casa para as poder comer. Quando finalmente tenho tudo já próprio para consumo, a vontade de comer já me passou. Continuo sem estar obcecada com isto e não perco o sono com esta história. Pouco tempo depois de saber o resultado, esqueci-me das recomendações e ataquei os morangos que a minha sogra tinha preparado para sobremesa. Já depois de ter comida duas taças é que me lembrei que os malditos deviam também ter sido desinfectados. Ups. O mal estava feito e não pensei mais no assunto, tendo tido apenas o cuidado de não voltar a cometer o erro. Acho que o facto de mensalmente fazer análises ao sangue para ver se não apanhei a infecção ajuda a estar relaxada pois se tiver o azar (grande azar) de ter contacto com o parasita, há medidas que serão tomadas logo desde o início. Mas é uma seca e haja paciência para estes cuidados todos.

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