28.3.17

Confiar no instinto?

No último mês, tenho andado num limbo por a Mini-Tété estar prestes a fazer 18 meses e nada de andar sozinha (ou agarrada aos móveis, ou sequer ficar de pé sem estar com a barriga a apoiar numa mesa ou sofá). Por um lado o meu coração de mãe, o meu instinto, diz-me que está tudo bem com ela, que cresceu a concentrar-se noutras coisas, que encontrou a sua própria forma de se deslocar rapidamente pelo que não tem qualquer interesse em andar de pé e mais lentamente, que mesmo estando a fazer tudo o que tem a ver com a locomoção mais tarde que o habitual é possível ver uma evolução e que isso é um descanso. Por outro lado, tenho medo de ser uma daquelas mães que não quer ver que existe um problema, que à força de querer acreditar que tudo é normal se recusa a encarar a realidade e a ajudar a própria filha. Depois penso que talvez a devesse ter estimulado mais cedo e com maior frequência, mas aqui entre nós como é que se estimula uma criança que até aos 16 meses se recusa terminantemente a pôr-se de pé, sentando-se ou que, sentindo-se agarrada pelo corpo, encolhe as pernas como se o chão lhe queimasse o pés? Mas e agora, serei eu suficiente para a estimular? Estarei a fazer um bom trabalho ou seria melhor optar pela fisioterapia? E depois tenho o coração que me grita que está tudo bem com ela e que se iniciar esta cruzada de ir à procura de respostas posso encontrar um médico alarmista que nos obrigue a fazer uma série de exames e sessões de fisioterapia absolutamente desnecessários porque é só preciso dar tempo ao tempo, e eu não quero sujeitá-la a este tipo de coisa se a única coisa que ela precisa é de paciência. E assim, dou por mim, todos os dias a estimulá-la, atenta para que ela não ganhe aversão a estar de pé, atenta a se mostra qualquer sinal de dor, a dar-lhe tempo, a permitir fazer as coisas ao ritmo dela, confiando no meu instinto 90% das vezes e hesitando nos outros 10%.

E depois há dias como o de hoje, em que após fazermos as compras, a tiro do carrinho do supermercado e ela me diz "chão!" não querendo entrar no carro. Explico-lhe que não se pode sentar no chão, que está sujo, que terá de ficar de pé. Vejo-a hesitar e insistir depois "chão!". E assim esqueço-me das horas, esqueço-me das compras que deveriam ser arrumadas no frigorífico e no congelador, esqueço-me que são horas de jantar, e fico ali com, num parque de estacionamento quase deserto a vê-la ganhar coragem e equilíbrio, segura pelas duas mãos, depois só por uma, a arriscar dar uns passinhos agarrada às minhas mãos, a apontar para as árvores e para os pássaros. Devagar isto vai lá, ela só precisa de tempo, é o que diz o meu coração.







4 comentários:

  1. Esta é daquelas coisas que não pensamos até estarmos a vivê-las. Eu não tive de pensar nisso até agora porque desde cedo o meu menino demonstra interesse em andar, em ficar em pé e arrisca mesmo uns segundos sem ninguém a segura-lo e gosta. Antes de fazer os 12 meses já dava uns bons passos (mais parece estar a correr) seguro pelas mãos. E realmente nunca tinha pensado em como pode ser um dilema para nós pais o que fazer se isso não acontece naturalmente. Mas acho que eu ia também confiar no instinto. Se o teu instinto te diz que é só preciso paciência então é porque é mesmo. Dizem que cada criança é uma criança diferente e tem o seu ritmo. É verdade. E é verdade também que ninguém conhece mnelhor a nossa criança do que nós ;) por isso confia no teu instinto :) Beijinhos

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    1. Sim, é isso, cada criança tem o seu ritmo. :) Mas geralmente, há uma tendência maior para que comecem a andar mais cedo do que falam e a Mini-Tété foi para o lado oposto. Até faço um sorriso quando oiço mães a queixarem-se que aos 2 anos os seus bebés não dizem uma palavra. Ao menos, nesse campo, não tenho preocupações porque ela é uma tagarela. :D
      Penso que a atitude certa a tomar quando se alcança um patamar (neste caso, os 18 meses) e a competência ainda não foi adquirida (neste caso, o andar) é ir ao médico, saber se está tudo bem. Mas com ela...não sinto que isso seja o certo a fazer. Vou confiar, hoje já fez mais umas coisas novas, estou confiante que para ela a solução passa pelo tempo e pela paciência. :)

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  2. Minha querida, as minhas filhas, apesar de não serem gémeas, começaram a andar exactamente na mesma idade: aos 17 meses. A mais velha nuca gatinhou. Num belo dia, mandei-a levar o telemóvel ao avô e ela foi sem se agarrar ao que quer que fosse. Nunca mais parou. A mais nova gatinhou aos 9 meses mas não passava dali. Andei séculos a tentar que ela andasse...até que lá começou a dar os primeiros passos. Se não notas nada de errado, não stresses, nem ligues a perguntas parvas que te possam fazer sobre o tema.

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    1. Acho que nem é o andar que me deixa no limbo. É a falta de vontade de ficar de pé. Mas isso parece estar a mudar, por isso darei mesmo tempo ao tempo. Acho que aos 2 anos já andará. :)

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