8.9.19

Sesta na escola - sim ou não?

Tracey Hocking

Andei irritada este Verão. A Mini-Tété iniciou a semana passada o segundo ano do ensino pré-escolar (jardim de infância) e a antiga directora da escola tinha-nos dito que já não haveria sesta e que esta seria substituída por um momento de repouso no qual as crianças pousariam a cabeça nos braços por cima das mesas. E eu fiquei chateada. A Mini-Tété ainda dormia a sesta na altura e eu não estava a ver o cenário a mudar nos dois meses seguintes pelo que a ideia de não haver sesta na escola estava a ficar-me atravessada. Comecei a pesquisar, li fóruns franceses, li a opinião de outras mães, li a opinião de educadoras e mais irritada ficava. Logo para começar porque a principal justificação que encontrava para a supressão da sesta era começar a habituar as crianças ao ritmo da escola primária, onde já não se faz sesta. Escola primária essa onde a Mini-Tété vai entrar daqui a 2 anos. Ora sendo que a crianças mudam imenso em dois e ainda haverá o próximo ano para fazer esta habituação, esta justificação parece-me simplesmente uma treta. Até porque com 3-4 anos ainda é normal que muitas crianças precisem de fazer a sesta por isso para quê estar a exigir que a deixem de fazer?

Comecei a perceber que dependia muito das escolas. Nalgumas a sesta é simplesmente trocada pelo momento de repouso em cima das mesas, noutras permitem que as crianças façam sesta até pelo menos fazerem 4 anos, noutras permitem que as crianças façam sesta até às primeiras férias (em Outubro), noutras permitem que a façam até às férias de Natal, noutras a sesta é feita na primeira semana, avaliam e a partir daí permitem que aqueles que não a fazem fiquem a brincar e aqueles que ainda adormecem possam ir descansar. E eu ficava irritada. Queria que a Mini-Tété fizesse a sesta, não a queria a dormir em cima de braços cruzados em cima de uma mesa, queria ter uma filha a gostar da escola e não a odiá-la por a deixar exausta (sendo que o ano passado, tanto a educadora como o ATL tinham sido unânimes em afirmar que os dias na escola - com sesta! - eram demasiado compridos e exigentes para a personalidade da Mini-Tété e que ela ficava extremamente cansada), queria uma filha capaz de conversar, brincar e jantar quando a fosse buscar e não um pequeno ser, cheio de sono, resmungão, birrento e a querer simplesmente ir para a cama. Oh, como este assunto me irritava.

Na última semana de férias começámos a preparar a Mini-Tété para a eventualidade de realmente não haver sesta na escola (a directora ia mudar, eu ainda tinha uma pequena esperança), reduzindo a mesma para apenas uma hora (e Deus sabe como era difícil acordá-la ao fim desse tempo) e eu começava a preparar-me para ter uma conversa com a educadora no final da primeira semana, de forma a que juntas chegássemos a entendimento, pretendendo explicar-lhe como ficava a Mini-Tété sem sesta e perguntar-lhe como é que aos 3-4 anos os objectivos escolares podem ser mais importantes que a sesta e consequente falta dela quando ainda é tão precisa. Eu sei, eu sei, que há crianças que com esta idade já não fazem sesta e por isso até posso concordar que em casos destes ou daqueles em que a criança já só faz sestas de 10 minutos, esta supressão faça sentido. Mas a verdade é que ainda há quem precise (até eu gosto de fazer uma sestinha de vez em quando...).

No primeiro dia, preparei-me para ir buscar uma Mini-Tété apática, sem paciência, resmungona e infeliz. Mas apareceu-me uma criança bem-disposta, a saltar e feliz. Pergunta imediata: "Fizeste a sesta?". "Sim!", "Na mesa?", "Não, mamã, nuns tapetes vermelhos!". Ufa, que peso que me saiu de cima. Faltava agora saber quanto tempo teria ela direito a isto. Na sexta, tivemos a reunião com a educadora que nos explicou que embora já não tivessem acesso ao dormitório, as crianças repousavam deitadas na sala ao som de música suave. Algumas poderiam dormir, outras não mas que surpreendentemente todas as crianças deste ano adormeciam (e como alguns pais ficaram espantados uma vez que em casa os filhos já não dormem). A medo perguntei até quando poderiam fazer a sesta. "Todo o ano! Se precisam de dormir, então dormem!". E eu venho mais leve, mais contente, menos irritada. Porque me chateia solenemente esta pressa de fazer as crianças crescerem e saltarem etapas, de não se respeitar o ritmo a que têm direito, de lhes mexer com algo tão básico como a necessidade de descansar. E por aí, o que pensam disto?

2 comentários:

  1. Completamente de acordo com tudo o que disseste. O meu filho teve que deixar de dormir sesta cedo, porque não adormecia depois à noite, só madrugada dentro. Mesmo com sesta reduzida. Tirámo-la, passou a adormecer cedo à noite e ficava bem, nada rabugento. Mas há crianças que precisam dormir mais! Não podem fazer igual com todos, porque há sim muitos que têm essa necessidade e, assim sendo, é deixá-los. Não há qualquer razão para mudar isso tão cedo.

    ResponderEliminar
  2. Até o meu sobrinho de 4 anos e meio precisa nitidamente da sesta para ficar mais tranquilo... sou totalmente a favor, pelo menos até à primária!

    ResponderEliminar

Digam-me coisas. :)