O desemprego afecta as pessoas de maneira diferente, dependendo claro está da situação financeira de cada um, da sua forma de estar, da sua personalidade, do ambiente que a rodeia. Já aqui o disse algumas vezes que se me pagassem para eu estar por casa, eu até nem me importaria por aí além. Sinto falta de trabalhar, de exercitar este cérebro, de aplicar aquilo que sei e conheço, e não acho mesmo que tenha carácter para dona-de-casa (deixem-me arranjar um bom emprego e acho que a primeira coisa que faço é contratar uma empregada), mas ainda assim entretenho-me bem sozinha por casa. Neste ano de desemprego não dei por mim sentada no sofá a olhar para as paredes, a pensar que pobre de mim, não tenho nada para fazer, que seca. Muito pelo contrário até sinto que me falta tempo. A única coisa que me custa mais a sério é ver a conta bancária atingir valores alarmantemente baixos, daí sentir falta de um salário.
Mas isto sou eu, que felizmente consegui poupar qualquer coisa nos últimos anos, tenho ao meu lado alguém que trabalha e suporta as despesas da casa sem sentirmos a corda ao pescoço, e enfim, entretenho-me facilmente e perco a conta às horas que passam.
Ainda assim, claro que estar desempregada faz mossa e tem o seu quê de chato. Passando ao lado da seca que é procurar trabalho, bater com a cabeça nas paredes devido à falta de propostas, esperar por respostas e nada, voltar a procurar e encontrar nada ou as mesmas coisa, uma das coisas chatas de estar desempregado...são os outros. :) E não me levem a mal porque eu incluo-me neste grupo, pois afinal de contas também tenho amigos desempregados e para eles eu faço parte deste grupinho dos "outros" que para além de perguntar amiúde se há novidades, se já arranjámos alguma coisa, ainda faz propostas e manda ideias para o ar. As intenções são geralmente (99% das vezes) boas: as pessoas estão interessadas, preocupadas connosco, querem mostrar-nos que nos apoiam e que compreendem a nossa situação, perguntando por isso como vai a procura. E uma pessoa sorri (que remédio tem) e responde: mais ou menos, vai-se procurando, até agora nada, tenho algo em vista mas nada de certo, "é procurar e nada encontrar", etc, etc. Depois vem a parte chata: as perguntas do género "Mas já tentaste ali?", "Já procuraste neste site?", "Já pensaste em procurar algo fora da tua área?", "Já pensaste em fazer isto?". Porque é que é chato? Porque, 1) faz-nos sentir incompetentes, e porque 2) faz-nos sentir incompetentes. :) Em primeiro, faz-nos logo sentir assim porque sentimos que se os outros sentem necessidade de dar ideias é porque não nos acham espertos o suficiente para as termos sozinhos. E em segundo, porque depois há quem dê de facto boas ideias, e aí sentimo-nos mesmo estúpidos por não nos termos lembrado delas antes. :) E mais uma vez ressalvo: é óbvio que a intenção não é esta (afinal de contas, são nossos amigos), é óbvio que a intenção é ajudar, é óbvio que não nos acham incapazes, mas este é o sentimento que surge. Ou pelo menos, a mim é. :) Contudo, acho que não há nada a fazer. As pessoas continuarão a fazer perguntas e a dar ideias, enquanto estivermos desempregadas, por isso mais vale não fazer disto um problema. Afinal de contas, eu própria vou continuar a fazê-lo aos meus amigos desempregados porque sou amiga deles. E se eles aguentam isto, eu também aguento. =P
Culpada! Não gosto que me façam isso mas faço-o também! eheh
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