28.3.14

É só comigo ou a chantagem emocional não resulta com mais alguém?

É verdade que é preciso ter jeito para ser bom vendedor, apelar ao lado prático ou sensível da pessoa, criar empatia, ser convincente e utilizar os argumentos certos. Há uns dias tivemos cá em casa uma reunião com comerciais para saber que orçamento nos fariam para um produto que pensamos adquirir. E conversas à parte é fascinante toda a estratégia utilizada: primeiro chegou o elemento mais novo, simpático e bom conversador. E notem que no que toca a casas ou coisas para a casa, os comerciais olham muito mais para as mulheres, preocupados em saber o que estão elas a achar. Diz o irmão do Jack, habituado a estas lides, que geralmente são as mulheres que no fundo decidem: se elas não gostarem da casa, do chão, da cor das paredes, do estilo do sofá, geralmente o homem não compra. Portanto têm de ser elas a ser convencidas. No nosso caso, muito sinceramente, eu estava na reunião mais para treinar o meu francês e ver que orçamento proponham do que para discutir o sentido estético da coisa. E passado um bocado, isso foi notório e passou o Jack a ser o foco da conversa, pois era ele que tinha de ser convencido. Apresentado o valor e não estando nós muito agradados, a estratégia passou para a etapa seguinte: chega o elemento mais velho e com mais direitos para fazer um bom desconto. Mais uma vez o foco fui eu, até passar a dar atenção ao Jack. O preço foi baixando e baixando, mas nunca chegando a atingir o valor que queríamos. Nisto, já tinha passado bem mais do que a hora que nos tinham dito que demorariam. Comecei a ficar irritada: tínhamos um compromisso, ainda tínhamos de nos arranjar, e estávamos a começar a ficar atrasados. Não gosto de gente que não tem respeito pelo tempo dos outros. Por fim, chegámos à fase que eu menos gosto e que mais uma vez me leva a ser o alvo das atenções: a chantagem emocional. Eu não sei se as outras mulheres compram coisas com este esquema, mas eu não. Pior, irrita-me tanto que fico do contra e por muito que goste já não quero saber. E de repente ali estava um a dizer que não saberia o que dizer ao patrão, que ia ter de dizer que o negócio tinha falhado, o outro confortava-o e dizia que ele é assim, um sensível, e que passaria o fim-de-semana todo a remoer naquilo, infeliz. E tentava novamente convencer-nos enquanto o outro roía as unhas e olhava para mim com olhos de cãozinho ferido, como se eu o estivesse a escorraçar de casa num dia de chuva. Falavam-me da promoção que um receberia se fechassem aquele negócio. Apelavam à nossa sensibilidade. Não. Não me façam isto. Tive vontade de me levantar, dar umas palmadas nas costas de cada um e dizer "Vá, deixem-se lá de pieguices e façam-se homens!". E desliguei. Não ouvi mais nada do que eles disseram, sempre de olho no relógio que indicava que eles já ali estavam há 3 horas, mesmo depois de lhes termos dito que tínhamos um compromisso. Coube ao Jack despachá-los porque eu simplesmente deixar de estar de ali, mesmo estando sentada à frente deles. Querem cair nas minhas boas graças? Então não me façam gastar demasiado tempo (principalmente percebendo que estou a tentar acabar a conversa, respeitem isso e ficarei bem impressionada) e nunca, mas nunca recorram a chantagem emocional. A sério, é que isto funciona com alguém?

3 comentários:

  1. Li este texto muito a correr noutro dia e não consegui comentar (tem sido uma semana com pouca dedicação a estas lides). Mas adorei o texto e não, não és só tu. Eu identifiquei-me imenso. Detesto pressões, muito menos quando tentam apelar ao lado emocional da coisa. São negócios, negócios! O profissionalismo está a perder-se...

    12 LOVE

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  2. Lá está! Nós temos visitado algumas casas que estão à venda e nunca me verão a fazer um choradinho do género "Baixe lá o preço, eu estou desempregada, longe da minha família, viver aqui sempre me alegraria um pouco mais, vá lá, vá lá, vá lá!". Negócios são negócios. uma pessoa tenta negociar, baixar o preço, mas sem lágrimas de corcodilo nem chantagens emocionais.

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  3. corcodilo é obviamente crocodilo....

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Digam-me coisas. :)