Com esta coisa de ficar noiva, percebi de uma vez por todas que sou péssima a dar notícias. O Jack já me tinha chamado a atenção quanto a este pormenor algumas vezes, mas eu sempre achei que havia ali algum exagero e que no fundo, no fundo, eu até tinha jeito para a coisa. Não tenho. Pronto, já estou convencida.
Os primeiros a saber foram os amigos com quem estivemos a jantar logo a seguir ao pedido de noivado. Vá, eu aí ainda estava meio abananada e limitei-me a agitar os dedinhos, mostrando o anel, e dizendo que tinha novidades. No dia seguinte foi a vez de contar aos meus pais. E há lá hora melhor que aquela em que estão os dois à volta dos tachos para o jantar? Arrastei o Jack (que olhava incrédulo para mim e abanava a cabeça já percebendo que não era de todo a melhor altura) para a cozinha e interrompendo os preparativos do jantar, anunciei "Temos novidades!", soltando logo de seguida "Estou noiva!". Resultado: pais completamente desorientados. O meu pai deu os parabéns ao Jack e foi atender uma chamada do meu irmão, regressando logo de seguida ainda desorientado, porque se tinha esquecido de dar os parabéns a mim. A minha mãe, de colher de pau na mão, felicitou-nos os dois e ficámos ali todos sem saber muito bem o que dizer.
Mas eu continuava convencida que sabia dar notícias e a próxima pessoa a avisar era o meu irmão, que chegaria um pouco mais tarde. E qual foi a melhor altura para contar? Quando estávamos a tirar as castanhas do forno (no fundo a culpa é da cozinha). Entre um "cuidado que elas estão quentes" e um "ups, esta escapou-me das mãos", soltei um "Vou casar". O meu irmão respondeu-me um "ok" e continuou a tirar as castanhas do forno. No dia seguinte moeu-me a cabeça pois não posso chegar ao pé dele e dizer que vou casar com o mesmo tom de voz e descontracção como quem diz que vai ao cinema nessa noite. Por esta altura, já o Jack rebolava os olhos, antevendo todas as outras pessoas que teríamos de avisar. E eu também já começava a meter o rabinho entre as pernas e decidi então avisar os meus pais que eles próprios avisariam os respectivos irmãos (meus tios) que a sobrinha casaria, evitando assim que fosse eu a dar a notícia.
No dia seguinte, iríamos almoçar com os meus avós e seria a melhor altura para lhes contar. E assim foi: depois de me cantarem os parabéns por ter feito anos, anunciei que teriam de me felicitar por mais uma razão: estava noiva. "Que bom, que bom" e ficou tudo calado novamente. O meu avô, homem de poucas mas sábias palavras, decide cortar o silêncio dizendo "Não vai ser fácil, mas vocês aguentam porque eu também já aguentei muita coisa". Tal reacção, fruto da desorientação da notícia, fez-nos a todos rir às gargalhadas, de mãos na barriga, lágrimas nos olhos, durante largos minutos. Por esta altura, já estava meio convencida: ou era eu que não sabia dar notícias, ou a minha família é que não sabia como reagir a elas.
No dia seguinte, almoço com a madrinha de baptismo, o filho e a namorada. Tendo estes dois a idade do meu irmão, não há quem os consiga parar quando começam na conversa. Deste modo, quando os vi entusiasmados começar a falar, interrompi com um "Bem, antes que comecem na conversa e ninguém vos consiga interromper, é só para dizer que vou casar!" (tens mesmo jeito para a coisa, Maria Tété, tens mesmo). Muitas felicitações e o Jack abanava a cabeça, mais uma vez. Nesse mesmo dia, enquanto andávamos num centro comercial, achei que não era nem tarde nem cedo para falar com a minha melhor amiga ao telefone e avisá-la da boa nova. E assim foi, às portas da casa-de-banho (era o sítio mais silencioso!) liguei-lhe contando a novidade. Não satisfeita com isto, ainda digo um "Por isso, vai-te preparando para o papel de madrinha de casamento!". Podia ter feito o convite para madrinha de outra forma, mais especial, mais atenta? Podia, mas não seria eu e a minha falta de jeito. Falta de jeito esta herdada de certeza pelo meu pai, que se esqueceu completamente de avisar o meu tio, pelo que fiz eu essa tarefa por e-mail (Jack mais uma vez abanando a cabeça). Os outros amigos foram sabendo aos poucos e penso eu de uma maneira mais calma. Não que tenha ganho jeito. Isso não. E aqui me confesso: não tenho jeito para dar notícias.
ahah, tá complicado para esses lados :))
ResponderEliminarQuando deres a noticia à última pessoa já estás pró !! :)
Boa sorte :b
Lol, o problema é que já avisei todas as pessoas do meu lado. =P Só falta do lado dele, mas aí é ele que fala. =P
ResponderEliminarFico a imaginar a tua mãe com a colher de pau na mão a pensar de vos dava os parabens ou se te batia com a colher!
ResponderEliminareheheh
E a primeira vez que estou no teu blog e gostei bastante. Tambem eu decidi largar Portugal e partir a aventura. Estou a viver em NY:)
ResponderEliminarRenato,
ResponderEliminarBater com a colher não. Aliás, penso que a falta de grandes reacções foi por que era algo que toda a gente esperava que acontecesse mais tarde ou mais cedo. :) E os meus pais não eram excepção. Ainda assim, como não sei dar novidades, há sempre um choque. =P
Portuguese Girl,
ResponderEliminarBem, tu foste ainda para mais longe. :) Espero que gostes aqui do cantinho e boa sorte para tudo! =)
Por momentos imaginei a tua mãe a dar-vos com a colher de pau, por terem tomado essa decisão... Lol!
ResponderEliminarOui, c'est moi!
ResponderEliminarAhahahaha, não! Eu já tinha sondado os meus pais há uns meses e sabia que por eles era na boa. :)