Eu sempre tive uma sorte desgraçada com os vizinhos. Em casa dos meus pais, calhou-nos como vizinhos do lado um jovem casal com um recém-nascido. Cada vez que o bebé chorava, o pai ou a mãe trazia aquele pequeno ser aos berros para a sala, que era paredes-meias com o meu quarto. Na altura senti que de certa forma eu própria era mãe daquela criança porque também passava noites em claro à espera que ele acalmasse, para poder voltar a adormecer. Quando vivi sozinha, tive a sorte de ter como vizinhos da frente, um casal com dois filhos. De manhã acordava com os berros da mãe e já sabia que 8h40 os miúdos fariam birra à porta de casa para não irem para a escola. No mesmo prédio, o meu vizinho de baixo fazia questão que todos ouvíssemos a Casa dos Segredos até à 1h00 da manhã. Uns amores, portanto. Quando aqui cheguei, deparei-me com uma família de quatro filhos a viver por cima do meu tecto. A barulheira era mais que esperada, com partidas de futebol dentro de casa e muita gritaria. Depois vieram os vizinhos de baixo: um casal com três crianças. No prédio já vivia um casal com duas crianças. Mais um pouco e este prédio seria confundido com uma creche/escola. Entretanto, os vizinhos de cima e mudaram-se e veio um novo casal...com três filhos. E sendo justa, mesmo justa, a verdade é que mal oiço dois deles. Mas o terceiro, minha gente, o terceiro ouve-se ainda nem entrámos nos prédio. A criança há-de ter cerca de 2 anos (sou péssima a dar idades) e berra a bom berrar. Não aquele berro típico de birra (bom, também temos desses), mas berros como se a estivessem a esfolar viva. É angustiante e eu confesso que andei aqui uns tempos a achar que havia ali provavelmente um caso de maus-tratos infantis. Até já ter visto a criancinha ser retirada do carro e pousada no passeio, e enquanto a mãe retirava as compras da mala, o pequeno ser desatou num berreiro daqueles que faria qualquer um pensar que o estavam a queimar com pontas de cigarros. E ali estava ele, sem ninguém lhe tocar, sem ninguém lhe fazer mal, quieto, simplesmente a dar aquele espectáculo todo. A partir daí já assisti a mais algumas cenas deste género, o que me leva neste momento a achar que ninguém maltrata o miúdo, mas que haverá ali na mesma um qualquer problema. Eu, que passo grande parte do dia em casa (assim como a criança que ainda não vai para a creche), sou capaz de estar horas (sim, horas!) a ouvi-lo a fazer birra. Ou então faz birras de meia-hora...todas as horas. Chora, berra, guincha, atira coisas, grita! Nos momentos piores (os tais em que estava convencida que lhe estavam a tatuar o corpo com ferro quente), já cheguei a pensar que o miúdo pudesse estar a fazer algum tratamento mais custoso (porque sou sincera: pobres dos meus pais quando me tentavam pôr gotas nos olhos! Eu guinchava como se me tivessem a tentar arrancar os olhos com pauzinhos chineses. Ou então o simples facto de me cortarem as unhas fazia-me chorar e berrar como se me estivessem a arrancá-las. Há crianças assim...mais sensíveis e dramáticas). O Jack está convencido que o miúdo padece de uma doença qualquer pela forma como já o viu interagir com os pais. Eu cá não sei de nada. Só sei que o miúdo faz birras de meia-noite a qualquer hora do dia e da noite, chora quando desce as escadas, chora quando sobe as escadas, chora para entrar no carro, chora para sair do carro, chora quando o pousam no chão, chora quando lhe pegam e tem a capacidade de chorar durante horas. E quando às vezes me sinto tentada a começar a bater com a cabeça nas paredes porque já não aguento aqueles gritos (porque mesmo sabendo que provavelmente está tudo bem não deixam de ser gritos aflitivos e angustiantes de se ouvirem, ou simplesmente porque são birras que duram demasiado tempo), penso naquela mãe. Porque se eu tenho vontade de bater com a cabeça nas paredes, ela deve ter vontade de enfiar a cabeça pela parede dentro para deixar de o ouvir.
Tambem tive muito problemas com vizinhos e ainda agora tenho. Os da agora sao dominicanos entao e so bachata nas alturas lol
ResponderEliminarPortuguese Girl,
ResponderEliminarUuuui, socorro. Não sei o que é pior. =S Olha que no caso do vizinho que ficava a ver a Casa dos Segredos até à 1h da manhã (o som era mesmo alto. Eu conseguia perceber cada palavra dita), eu ainda ameacei chamar a polícia. =S