10.2.18

Animais em restaurantes


Dizem as notícias que a partir de Maio os animais podem passar a entrar em restaurantes. E se lendo apenas o título a notícia pode chocar quem, como eu, não acha que animais e refeições devam co-existir no mesmo espaço, basta ler um pouco mais para rapidamente percebermos que não há motivo para preocupações.
Cada restaurante terá a opção de aderir ou não a esta nova possibilidade, ou seja, as pessoas não poderão levar os seus animais a todo e a qualquer restaurante que lhes apeteça, mas sim apenas àqueles que assinalem devidamente que o permitem. E, pessoalmente, acredito que uma grande maioria não o fará.

Eu compreendo que os amantes dos animais, os donos de cães e gatos que gostam de os levar a qualquer sítio, delirem com esta novidade. A sério que compreendo, pois há quem veja os seus patudos como verdadeiros filhos, com direito a roupas e tudo, pelo que me parece normal que os queiram levar consigo até quando vão comer. Acredito até que para aqueles cujos animais estão bem ensinados e treinados, esta lei pareça muito certeira e óbvia, como se levar animais para restaurantes nada pudesse ter de negativo.
A questão é que tem e não é por conseguir ver isto que passo a ser alguém que não gosta de animais. Aliás, eu frequento um restaurante onde os donos têm às vezes a circular livremente uns quantos gatos. E admito que embora os ache uns fofos, ali a roçar-me as pernas, também acho que não é a coisa mais higiénica do mundo. 
Em primeiro lugar, há o pêlo. Nem todos os animais largam pêlo desmesuradamente, mas largam algum. E há os que largam bastante. E por muito que não seja permitida a entrada dos animais na cozinha, não me custa imaginar que alguns pêlos acabem por ali ir parar. 
Depois (e temos de falar disto) há as pulgas. Eu sei, eu sei, tenho agora metade dos leitores donos de animais a tapar a boca de horror. Eu acredito que os vossos animais não tenham, que os desparasitem frequentemente e segundo as regras todas, que sejam muito cuidadosos e tal, mas sejamos sinceros: nem todos são assim. Há quem não ligue a mínima se o cão tem pulgas, há quem acredite que o gato não tem mesmo que um olhar mais apurado encontre logo uma família de cinco a passear-se-lhe pelo lombo. Isto porque há quem até seja mordido e nem dê por ela porque não faz qualquer reacção. Mas depois existem as pessoas como eu que fazem reacções daquelas que se vêem no espaço e que provocam dores horrorosas. E acreditem que ao longo dos meus (jovens) 33 anos, já me cruzei com muito cãozinho com donos de boas famílias, super-mega-hiper apaixonados pelos seus animais, que me deixam uns quantos parasitas como presente. Sim, tornei-me naquela pessoa que mesmo tendo um dono a jurar-me a pés juntos que o cão não tem pulgas, evita ao máximo aproximar-se dele. Já aprendi demasiadas vezes à minha custa que nem sempre é verdade (o dono acredita no que diz, atenção, mas eu é que me lixo). Podem portanto imaginar que se quero ir a um restaurante comer um hambúrguer ou um peixinho na brasa, não me apetece trazer de lá umas quantas pulgas como brinde.
Por fim, o comportamento dos animais (e dos donos). Há animais bem-comportados, há animais que sabem que não podem fazer as necessidades ali, há animais que não ganem a pedinchar comida, há animais que não se põem a farejar pessoas que não conhecem. E depois há animais que não foram educados ou que têm comportamentos que podem incomodar quem tenta comer sossegado. Os donos dividir-se-ão então entre os que têm 2 dedos de testa e, percebendo que o cão incomoda, saem com ele e aqueles que não estão nem aí. E não me venham dizer que estes não existem e que não levarão os seus animais a restaurantes porque basta referir que há ainda muita gente que deixa o belo do cocó do cão no passeio para que toda a gente o pise, certo? E nem estou a falar de coisas mais graves como o risco de um cão morder alguém.

Pessoalmente, acredito que um restaurante vá pensar duas vezes antes de aderir a esta entrada a animais. Não me parece que até agora a sua proibição tenha levado grande parte das pessoas a deixar de comer fora pelo que não sei até que ponto ganharão eles com esta nova medida. Arrisco até a dizer que nalguns casos perderão pois se quem tem animais frequentava esses restaurantes mesmo sem eles, o mesmo não se pode dizer de quem até frequentava mas que agora prefere não ir por não querer comer lado a lado com um animal. Não sei se sequer arriscarão com receio com os animais criem problemas ou afugentem a clientela.
No fundo esta lei parece-me um pouco como a lei do tabaco. Há os restaurantes que aderem e os que não aderem. E cabe a cada um de nós escolher os restaurantes que quer, consoante a oferta. O mesmo com as praias: eu escolho praias onde não é permitido levar animais. 
Eu sei que deixei de frequentar e não frequento restaurantes/cafés onde seja permitido fumar e sinceramente não sinto que quem fica a perder sou eu. Com esta nova lei acontece o mesmo.

3 comentários:

  1. Concordo na íntegra com esta publicação, todas as linhas. Contudo, já comecei a optar por me calar em relação a certos assuntos, porque há pessoas que são como os burros, têm palas e só vêem numa direcção...

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    1. Como em todos os assuntos, há quem tenha uma posição diferente da nossa mas com quem é possível falar e há quem tenha a mesma posição mas nem sequer consiga ouvir argumentos opostos. Com estes últimos de facto não vale a pena falar, não. :)

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  2. Já temos animais nos transportes publicos - ou acho que temos, porque já os vi. Vi uma cadela muito amistosa, mas que ocupava o espaço todo da entrada da porta da carruagem do metro. Abanava a cauda e batia com esta no meu sapato, não podendo eu mexer-me muito porque senão ainda pisava a cauda da coitada. A pobre também cheirava muito mal. Não pareceu bem cuidada pelo casal que a tinha - embora pudesse perceber que existia afeto. O próprio casal também não parecia ter muita higiene...

    Sim, não dá para misturar isso com cozinha.

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Digam-me coisas. :)