Este mês a escola da Mini-Tété abriu novamente as portas, embora com dois grupos muito reduzidos de crianças dado a exigência do protocolo sanitário, distribuindo assim as crianças pelos vários dias do mês. Isto levou a que a escola aceite a Mini-Tété...dois dias. Sim, dois dias neste último mês de escola.
Não vou ser hipócrita e dizer que a queria a ir todos os dias para a escola. Não queria. Depois de dois meses e meio em casa e sabendo eu as condições que a esperavam, não queria mesmo que houvesse um regresso tão drástico. Mas já me estava a preparar mentalmente para que ela fosse pelo menos dois dias por semana de forma a que eu pudesse regressar ao trabalho (lentamente, é certo). Ir apenas dois dias num mês à escola parece-me simplesmente...parvo e sem qualquer propósito. Socializar com as outras crianças? Farão dois dias num mês realmente diferença? Impedir o abandono escolar? A sério? Dois dias de escola vão impedir o quê? Retirar as crianças de lares violentos ou stressantes? Dois dias num mês vão realmente fazer a diferença para estas crianças? Promover o regresso dos pais ao trabalho? Deviam ter visto a cara do patrão quando lhe foi anunciado que eu só trabalharia dois dias este mês (eu ajudo: não ficou propriamente encantado...). Parece-me por isso terrivelmente desnecessário toda a preparação da escola e toda a organização que foi necessária fazer para as crianças irem apenas dois dias. Mais valia não abrirem. Não entendo. Ou melhor, entendo, desta forma o Ministro da Educação pode dizer alegremente que todas as crianças tiveram acesso à escola este mês (mesmo que tenha sido apenas uma ou duas vez).
Entretanto, conseguimos organizarmo-nos com o ATL e os vizinhos para que eu pudesse ter mais uns dias livres para regressar ao trabalho, o que é sem qualquer dúvida um sentimento agridoce. Eu não estava propriamente farta de estar em casa com a Mini-Tété, esta foi a nossa vida durante anos, sabemos vivê-la sem grandes percalços. Por outro lado, estava sem dúvida a sentir falta de trabalhar, até porque gosto do que faço, e faz-me bem à cabeça sair de casa e ser útil noutro papel para além de o de mãe Digo e repito: acho que a situação ideal para mim era um part-time bem pago. :D
O regresso ao trabalho não me custou particularmente mas acho que nunca chorei como tenho chorado ao deixar a Mini-Tété, também a chorar, na escola ou no ATL. E em minha defesa, o ano passado a Mini-Tété deixou apenas de chorar ao ir para a escola quando faltava um mês para a escola acabar e mesmo assim eu deixava-a de cabeça tranquila (e coração apertado porque não sou uma pedra), sem lágrimas, porque sabia que era apenas uma questão de tempo até ela perceber que a escola podia ser um sítio bom e divertido, e que ela ficava bem entregue, num sítio onde cuidariam bem dela. Agora...quase todas estas premissas falham, porque não é suposto eu deixar a Mini-Tété num sítio onde é recebida por adultos de máscara que ela não reconhece (ou mesmo não conhece de todo) e a assustam, onde não está a sua educadora, onde não estão os seus amigos (os grupos diários de 6 crianças incluem várias idades e turmas), onde vai passar o dia sozinha sentada a uma mesa, de costas para as outras crianças, numa sala onde os brinquedos e livros que ela gostava desapareceram, onde leva o seu almoço, onde brinca sozinha no recreio, onde mal consegue comer seja o que for com o nervos. Caramba, é violento. Para ela e para mim, que me sinto a falhar com quem não o deveria fazer. Acho que dificilmente me esquecerei rapidamente do caco que fico e do ar de pânico da minha filha quando a deixo. É tudo uma grande bosta, é o que é.
Logo no início do mês, a Associação de Pais partilhou umas fotografias a mostrarem como estava a "nova" escola, com as parcas mesas e cadeiras dispostas nas salas vazias, os autocolantes nos bancos corridos indicando onde as crianças se devem sentar para se manterem afastadas entre as elas, e toda uma série de coisas com o objectivo de acalmar o coração dos pais. Mas o meu, ao ver tudo aquilo encolheu-se no tamanho de uma ervilha e acho que ainda não voltou ao seu tamanho normal. Talvez em Setembro volte. Mas depois penso que se em Setembro a escola abrir normalmente, com todas as crianças ao molho, com tudo como era antes, então será que faz sentido dois meses antes estar a obrigar as crianças a passar por um protocolo sanitário tão apertado que não lhes traz propriamente nem educação nem felicidade?
Felizmente, nem todas as crianças e respectivos pais se sentirão assim. Felizmente, para alguns isto é mais fácil ou as condições escolares serão outras. Quando a vamos buscar, a Mini-Tété vem com um sorriso, há dias que coincidem com a ida da vizinha e sei que as deixam almoçar ou estar à mesma mesa porque os avisámos que as duas estão em contacto diário. Acredito que nem tudo será mau, não imagino a escola transformada num inferno, simplesmente não é a escola como deveria ser e isso não ajuda a acalmar todos os corações. Sei que não sou a única a pensar assim, quer a educadora da Mini-Tété, quer as funcionárias do ATL, quer as funcionárias da escola não hesitam em dizer que "aquilo" não é a escola/ATL e que é duro para as crianças.
E para já resta apenas enxugar as lágrimas (as minhas e as dela) e pensar que tudo isto vai passar. E que vai ficar tudo bem.
[Claro que seria pior se a Mini-Tété estivesse doente, claro que seria pior se ela fosse todos os dias nestas condições, claro que seria pior eu ter pedido o emprego...sei tudo isto. Mas saber que podia ser pior do que é não faz com que eu me sinta feliz por aquilo que tenho de mau. Só porque podia ser pior.]
Logo no início do mês, a Associação de Pais partilhou umas fotografias a mostrarem como estava a "nova" escola, com as parcas mesas e cadeiras dispostas nas salas vazias, os autocolantes nos bancos corridos indicando onde as crianças se devem sentar para se manterem afastadas entre as elas, e toda uma série de coisas com o objectivo de acalmar o coração dos pais. Mas o meu, ao ver tudo aquilo encolheu-se no tamanho de uma ervilha e acho que ainda não voltou ao seu tamanho normal. Talvez em Setembro volte. Mas depois penso que se em Setembro a escola abrir normalmente, com todas as crianças ao molho, com tudo como era antes, então será que faz sentido dois meses antes estar a obrigar as crianças a passar por um protocolo sanitário tão apertado que não lhes traz propriamente nem educação nem felicidade?
Felizmente, nem todas as crianças e respectivos pais se sentirão assim. Felizmente, para alguns isto é mais fácil ou as condições escolares serão outras. Quando a vamos buscar, a Mini-Tété vem com um sorriso, há dias que coincidem com a ida da vizinha e sei que as deixam almoçar ou estar à mesma mesa porque os avisámos que as duas estão em contacto diário. Acredito que nem tudo será mau, não imagino a escola transformada num inferno, simplesmente não é a escola como deveria ser e isso não ajuda a acalmar todos os corações. Sei que não sou a única a pensar assim, quer a educadora da Mini-Tété, quer as funcionárias do ATL, quer as funcionárias da escola não hesitam em dizer que "aquilo" não é a escola/ATL e que é duro para as crianças.
E para já resta apenas enxugar as lágrimas (as minhas e as dela) e pensar que tudo isto vai passar. E que vai ficar tudo bem.
[Claro que seria pior se a Mini-Tété estivesse doente, claro que seria pior se ela fosse todos os dias nestas condições, claro que seria pior eu ter pedido o emprego...sei tudo isto. Mas saber que podia ser pior do que é não faz com que eu me sinta feliz por aquilo que tenho de mau. Só porque podia ser pior.]
:( Já tenho este texto aberto aqui no portátil há três dias à espera de estar mais inspirada para responder, mas só me ocorre mesmo isto: fico mesmo triste. Espero que melhore tudo em Setembro. Espero que fique tudo melhor. Um grande, grande beijinho e um abraço apertadinho.
ResponderEliminarObrigada. Entretanto, ontem o Presidente da República anunciou a abertura normal e obrigatória das escolas para todas as crianças. Espero por isso que para a semana, tudo corra melhor, que ela se sinta melhor por ver os seus amigos e educadora e que esta nuvem negra esteja a começar a ir embora.
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