8.10.12

Aeroportos


Eu gosto de aeroportos. Gosto de vasculhar as áreas em que nos obrigam a estar à espera. Não gosto quando estas são tão pequenas que ao fim de dois minutos já vimos tudo e nem há cadeiras suficientes para toda a gente. Gosto de ir sempre ver as revistas. Gosto de procurar os meus cadernos com exercícios de lógica e ficar toda satisfeita quando encontro um (mesmo que isso implique pedir a um empregado que se empoleire nas prateleiras para alcançar o exemplar que eu quero...Nestas alturas falo francês pelos cotovelos até eles me entenderem. Eu quero é o caderno.). Gosto de me sentar a ler enquanto espero. Não gosto de me esquecer completamente de comer desde o momento em que saio de casa, o que às vezes implica estar oito horas de estômago vazio. 
Gosto sobretudo do terminal das chegadas. Não é costume ter alguém à minha espera mesmo à saída, mas derreto-me a ver os abraços dos outros. E ali fico com um sorriso parolo a ver os avós a abraçar os netos, os maridos a beijar as mulheres, as mães a abraçar os filhos...Por outro lado, o terminal das partidas provoca-me um misto de sentimentos. Quando vou de viagem, adoro-o. É o início, é uma página que ainda vai ser escrita. Quando estou a regressar, aperta-se-me o coração. 
E custa, bastante até, despedir-me dele. Dar-lhe um último abraço, virar costas e dirigir-me à zona onde só quem tem bilhete pode entrar. E enquanto passo pelo detector de alarmes vou sempre com um nó na garganta e lágrimas nos olhos (mas não choro! Era o que faltava pôr-me a chorar à frente daquela gente toda desconhecida). Desta vez fui eu que o levei. Fui eu que fiquei a vê-lo afastar-se e dirigir-se ao detector de alarmes. Fui eu que o vi passar para o outro lado, virar-se e mandar-me um beijo. Desta vez, fui eu que fiquei e ele que partiu. Mas o nó na garganta e os olhos toldados pelas lágrimas continuaram a ser meus. O irónico é que ao vê-lo afastar-se, dei por mim a pensar "Como aguentam as pessoas ter relações à distância?", como se eu própria não vivesse uma. O que significa que estas 4 semanas correram bem (a maior prova disso é que estamos vivos =P), que estar com ele é simplesmente fácil. Tão fácil que me habituo de tal maneira que me esqueço que na maior parte do tempo não é assim. Mas brevemente será. :) E eu vou continuar a gostar de aeroportos e a considerar alguns quase a minha segunda casa.

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