1.5.13

La Cage Dorée

Ontem foi dia de ir ver "La Cage Dorée" ao cinema. E o que é "La Cage Dorée"?, perguntam vocês. Pois bem, é um filme português, com actores como Joaquim de Almeida, Rita Blanco e Maria Vieira, entre outros. O filme é em francês e tem feito um enorme sucesso por estas paragens. Quando me falaram de ir ver o filme, confesso que torci o nariz pois nos últimos anos o cinema português não tem caído nas minhas graças. Acho tudo muito parado, ou muito disparatado, ou muito confuso, enfim, não tenho gostado. E não é por estar em França que passo a gostar, por isso torci mesmo o nariz. Mas lá me continuavam a dizer para ir, que era mesmo giro, que era de rir às gargalhadas, que também havia falas em português, que era sobre emigrantes, que a história tinha piada, blá-blá-blá, ok, eu vou! E fui.

A história é sobre um casal de emigrantes em França que recebe de herança uma casa em Portugal. Felizes da vida planeiam assim a sua partida mas a família também emigrante e os patrões descobrem, fazendo de tudo para os prender em França, sem que o casal se aperceba. 
O meu problema (para além de não ser de todo o meu tipo de filme) é que as piadas eram todas em francês (e olhem que os actores até se safavam a falar :)), e eu ainda sou meio naba no que toca a entender esta língua, por isso enquanto toda a sala ria, eu ficava muda. Diz o meu rapaz que devo ter sido a única pessoa da sala a não se rir. Bem, não admira, não apanhava as piadas :) Então mas não falavam português, afinal? Falavam, pois. :) As asneiras eram todas ditas em português, e frases como "Maria, anda cá!" ou expressões como "Pois", "Ora essa". Mas isto não me faz rir. =P

Não consigo dizer mal do filme, pois acho que retrata bem os portugueses emigrantes da geração anterior à minha, daqueles que passavam anos sem ir a Portugal. Soube-me bem sentir que 90% daquela sala de cinema eram portugueses e ouvir-lhes os risos com expressões tão típicas portuguesas. Senti-me realmente fora do meu país quando se cantou o fado (e eu nem gosto de fado) e emocionei-me no fim (e dei uma gargalhada, vá =P) quando ouvi cantar "Lá em cima está o tiro-liro-liro,...".

Tenho para mim que esta geração de emigrantes de agora não é como a geração anterior. Nós temos mais estudos, sabemos mais línguas, não vimos com uma mão à frente e outra atrás, para um país que quase nunca ouvimos falar. Há aviões, skype, telemóveis, internet. E eu sinto isso, porque não me sinto uma emigrante daquelas que vai passar a adorar Tony Carreira, que vai a Portugal em Agosto e traz o carro cheio de frangos e hortaliças, que anda com o cachecol de Portugal no carro (ui tantos, nem imaginam). Mas ontem percebi que não deixo de ser uma emigrante, mesmo que de uma nova geração, e que uma simples canção "tiro-liro-liro" é suficiente para me emocionar e perceber que estou longe (e eu que não sou nada caginchas, agora anda a dar-me para isto de me emocionar com tudo. Olha-me esta, pah....).


2 comentários:

  1. Eu entendo que o filme deve ter sido feito sem maldade, mas já vi excertos e achei que nos ridicularizava. :/

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  2. S*, concordo e não concordo. :) Em primeiro lugar, não há nenhum filme que se veja sobre emigrantes portugueses em França onde estes não sejam caracterizados por piada. É como as anedotas dos alentejanos que, coitados, não sendo todos lentos e vagarosos, são sempre alvo desse tipo de piadas. Se fizeres uma piada sobre um alentejano despachado não tem graça. :)

    Segundo, aceitando por isso a caracterização (exagerada) feita aos portugueses emigrantes, acredita que o filme nem é mau de todo. Muito pelo contrário, a certa altura até mostra os portugueses inteligentes e capazes de dominar o jogo. Tenho aqui uma série de pequenos vídeos no youtube que, esses sim, gozam a bom gozar com os portugueses emigrantes.

    Em terceiro, embora eu não seja apreciadora deste tipo de vídeos, já vi emigrantes a rirem-se à gargalhada com eles, pois sabem que é tudo muito exagerado.
    Mesmo quanto ao filme, o meu rapaz diz que a geração dele gosta do filme porque viram os próprios pais emigrantes em França a fazer figuras parecidas. Acho que é uma questão de encaixe. Tenho a sensação que o meu rapaz e a família aceitam com mais ligeireza piadas sobre emigrantes do que eu, por exemplo. :)

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