O livro que estou a ler agora começa com:
- Para o carro, John! Apetece-me sair!
Na minha cabeça imaginei a cena: ela em casa, vestida já pronta para sair, dirigi-se alegremente ao marido sentado no sofá e sem hipótese de recusa diz-lhe que vá para o carro pois ela quer sair e ir passear.
Mas as frases seguintes do livro não faziam qualquer sentido neste meu cenário imaginário, e tive de reler várias vezes as primeiras cinco linhas até entender o sentido (o que me fez ter vontade de abandonar imediatamente o livro). O livro está escrito segundo o novo acordo ortográfico e na verdade o que a mulher está a dizer é "Pára o carro, John! Apetece-me sair!", o que faz mais sentido uma vez que nas linhas seguintes ele pára o carro e ela sai dele.
E é exactamente nestes casos que eu não percebo o porquê deste novo acordo. Não vai facilitar de todo a escrita e muito menos leitura. Se eu, nos meus 28 anos e muitos livros já lidos, fiquei absolutamente perdida perante este "para", imagino os miúdos da primária a serem incentivados à leitura e darem com obstáculos destes. Depois admirem-se se eles não gostarem de ler. É que supostamente os livros servem para nos fazer sonhos, imaginar, ter curiosidade, aprender vocabulário e não para serem enigmas ortográficos difíceis de perceber à primeira.
E o que dizes dos espetadores?
ResponderEliminarFaz como eu escrevo como quero desde que as pessoas entendam está td bem mas sem erros claro ;)
ResponderEliminarAmiga da Onça,
ResponderEliminarAaaarggggh, ainda não tinha dado com essa.
JMendes,
ResponderEliminarEu escrevo segundo o antigo acordo ortográfico porque foi assim que aprendi a escrever e porque este novo acordo não faz qualquer sentido para mim. O problema é que os livros, revistas, jornais, e-mails, já vêm quase todos escritos com o novo acordo. E depois é uma dor de cabeça entender certas frases.
JMendes,
ResponderEliminarEu escrevo segundo o antigo acordo ortográfico porque foi assim que aprendi a escrever e porque este novo acordo não faz qualquer sentido para mim. O problema é que os livros, revistas, jornais, e-mails, já vêm quase todos escritos com o novo acordo. E depois é uma dor de cabeça entender certas frases.
O Acordo não é obrigatório nem está em vigência. Um logro e um oportunismo de algumas editoras e informáticos.
ResponderEliminarJuntem-se ao grupo em aCção contra o acordo ortográfico e leiam a quantidade de depoimentos de gentes da língua e que a defendem de ser tão maltratada.
Cara Teté,
ResponderEliminarNão é verdade aquilo que disse quando afirmou que "os livros, revistas, jornais, e-mails, já vêm quase todos escritos com o novo acordo". Há um certo número de meios de comunicação social e de casas de edição que, sim, adoptaram o AO90, ou melhor dito, uma das múltiplices interpretações do mesmo. No entanto, o número de publicações que seguem a ortografia costumeira portuguesa é elevado. Ora vejamos:
> Publicações "acordizadas":
- Correio da Manhã
- Jornal de Notícias
- Record
- A Bola
- O Jogo
- Expresso
- Visão
- Diário de Notícias.
- Destak
- Exame
- Caras
- Nova Gente
- Metro
- Jornal de Letras
- O Primeiro de Janeiro
- Outros pequenos jornais regionais.
- Canais RTP, SIC e TVI.
> Publicações que seguem a ortografia portuguesa costumeira:
- Público
- Revista Sábado.
- Porto Canal
- O Diabo
- Jornal de Negócios
- Diário Económico
- Jornal "i"
- SOL
- Le Monde Diplomatique (Edição Portuguesa)
- Jornal Sporting
- O Benfica
- Exame Informática
- Correio do Minho
- O Setubalense
- Avante!
- Benfica TV
- TV Guia
- Diário de Notícias da Madeira
- Diário de Leiria
- Flash!
- Time Out
- Penthouse
- Playboy
- Etc.
(Extraído de http://vaismalportugal.blogspot.nl/2013/01/cibertretas-da-lingua-acordesa_23.html)
Quanto às casas de edição, são também muitas as que não usam o AO90. Recomendo-lhe o seguite: não compre livros (dis)grafados segundo os preceptos do AO90. São mais os livros grafados segundo a ortografia consuetudinária do que os 'acordizados', pelo que as possibilidades de escolha são amplas.
Aproveito a ocasião para chamar a sua atenção para o que se segue:
O grupo "Em aCção contra o Acordo Ortográfico" (www.facebook.com/groups/emaccao) conta já mais de quinze mil membros nas suas fileiras.
Foi de este grupo que partiu a "Petição pela desvinculação de Portugal ao 'Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990'" (petição n.º 259/XII/2, cf. http://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalhePeticao.aspx?BID=12378).
Foram já entregues à Assembleia da República 4407 assinaturas. Acrescem a estas as cerca de 3634 coligidas via http://www.peticaopublica.com/pview.aspx?pi=DPAO2013, totalizando 8041 assinaturas (27-08-2013, 12h00 UTC)....
A petição será debatida em Plenário da Assembleia da República, na próxima Sessão Legislativa (após meados de Setembro, falta pouco!)...
Peço-lhe a si e a todos os que se opõe ao AO90 que assinem a petição http://www.peticaopublica.com/pview.aspx?pi=DPAO2013. É fácil e rápido.
Só agindo travaremos o daninho AO90. Quanto mais formos, mais forte será a nossa acção. Não permaneçais quedos e ledos. Contamos convosco.
Acredite, cara Teté, que este (pseudo-)acordo não vingará.
Saudações cordiais,
Pedro da Silva Coelho
Pode juntar o jornal Algarve 123 à lista dos que publicam em português correcto de Portugal.
ResponderEliminarÉ verdade que fui um pouco impulsiva e exagerada quando disse que a maior parte dos livros, revistas e e-mails já vêm quase todos escritos com o novo acordo ortográfico. Na verdade não tenho qualquer estudo feito que suporte o que disse.
ResponderEliminarAinda assim, permiti-me fazer uma pequena busca de informação, uma vez que a sensação que eu tinha quanto à aplicação do novo acordo se mantinha, e cheguei a esta conclusão:
- Quanto aos jornais não posso dizer muito uma vez que é raro ler algum. O único em que pego de vez em quando em casa de familiares é o Correio de Manhã (que lá está, adopta o novo acordo ortográfico). De resto, via as notícias às 20h na SIC e na TVI (que tenho a impressão de também adoptarem o novo acordo).
- Em relação às revistas a mesma coisa: em tempo de férias lia aquilo que os familiares compravam, entre as quais a Visão, a Caras, a Nova Gente, a TVMais (todas elas a adoptarem o novo acordo), a Lux e a Vip (nestes casos não sei).
Penso que se compreende assim o porquê de eu achar que o acordo ortográfico está amplamente adoptado (mesmo que tal não seja verdade), já que a maior parte das publicações a que acedi estavam de facto escritas segundo o novo acordo.
- Em relação ao livros, não tenho razão de queixa. Sou uma grande compradora de livros e deparei-me agora com este cuja primeira linha da história me chamou negativamente à atenção. Fora este, não me lembro de ter comprado mais algum livro com o novo acordo, pelo que foi realmente exagero da minha parte.
Quanto ao facto de ser obrigatório, realmente não é mas estava convencida que se ainda não era, estaria às portas de o ser, uma vez que me lembrava de ouvir falar da utilização do novo acordo nas escolas. Da mesma forma, algumas Universidades também já o começaram a adoptar, pelo menos no correio interno. Eu própria recebi e-mails da direcção do meu ex-local de trabalho com o novo acordo a ser já utilizado. Também os e-mails do banco contêm um aviso sobre o processo de adopção do novo acordo.
O próprio estado já utiliza o novo acordo.
Confesso que não tenho acompanhado o seguimento do Novo Acordo Ortográfico, pelo que o meu conhecimento deste é apenas aquilo que vou lendo casualmente, ouvindo aqui e acolá. E por isso assumo sem problemas que realmente fui exagerada, embora pense que tal se explique pelo tipo de escrita a que tive acesso nos últimos tempos.
Sou leitor da revista Exame Informática e, ao contrário do afirmado na lista de publicações periódicas não 'acordizadas', tenho de informar que infelizmente aquela revista já tem os seus textos em 'acordês'. Se não estou em erro, a revista Exame Informática pertence ao grupo que publica a Visão e o Expresso, publicações amplamente 'acordizadas', que ainda leio mas, não tarda muito, irei cancelar como já fiz com, por exemplo, a revista das Selecções do Reader's Digest.
ResponderEliminarA lista que acima publiquei não pretendia ser exaustiva, claro está. Saúde-se o jornal Algarve 123 e todos os outros meios de comunicação social que não adoptam o AO90. Confirma-se que a revista Exame Informática se "acordizou" (outra coisa não seria de esperar do Grupo Impresa) e faz muito bem o Anónimo em cancelar as suas assinaturas de todas as publicações 'acordizadas'. Eu fiz o mesmo. Pode ser que, assim, meios de comunicação e casas de edição aprendam a respeitar aquela que tudo indica ser a vontade maioritária dos Portugueses (os seus clientes).
ResponderEliminarQuanto à obrigatoriedade de uso do AO90, ela concerne apenas as instituições na dependência do Governo. Os meios de comunicação social, as Universidades, as editoras (com a excepção dos livros escolares) e os cidadãos (era o que mais faltava...) não são obrigados a grafar segundo o AO90, até porque não há nenhuma norma ortográfica fixada e estável decorrente do AO90. Quem afirma escrever segundo o AO90 mente ou ilude-se, seja o Estado, sejam as Universidades, sejam as editoras, seja quem for.
O jornal Correio da Manhã é paradigma do caos gráfico gerado pelo AO90, aplicando uma selecção arbitrária de regras do AO90: como exemplo desta arbitrariedade, diga-se que o Correio da Manhã rejeitou a supressão do acento gráfico em "pára" (forma do verbo parar). Chama-se a isto "ortografia à vontade do freguês".
Quem queira visionar um panorama do estado de caos gráfico vivido em Portugal, pode consultar um volume elaborado pelo Eng. João Roque Dias, intitulado "A Choldra Ortográfica em Portugal" e disponível em: http://issuu.com/roquedias/docs/jrd_ao_estado_choldra.