7.11.13

Contas bem feitas

Eu não sou pessoa de falar aqui de outros blogues. Tenho obviamente a minha lista de preferidos e conheço alguns aos quais não faço qualquer intenção de voltar. Há depois aqueles que leio porque acho tudo aquilo um disparate seguido e rio-me com isso, há aqueles que leio porque em dez posts sem interesse (que leio apenas na diagonal) fazem um muito bom e que vale a pena ler, e há aqueles que muito de vez em quando visito só para ver o que para ali vai. E como nisto dos blogues a regra é a mesma que se aplica a muita coisa, ou seja, há gostos para tudo e os blogs que não me agradam podem ser os favoritos do vizinho do lado, mantenho-me aqui caladinha sem dar grandes opiniões.

Mas hoje, como estou mal-humorada, com vontade de comer o chocolate proibido e com um corte que apanhou uma unha e um dedo (a minha cozinha ontem parecia o cenário de uma matança do porco), não fico calada. E o visado é o Arrumadinho. Atenção que não me vou pôr para aqui a dizer se ele é bom blogger, mau blogger, bom escritor ou sem jeito para a coisa. Eu tenho a minha opinião e cabe a cada um fazer a sua própria opinião. Não é um blog que leio com regularidade mas de vez em quando vou ver as últimas que ele escreveu. E deparei-me com a ideia dele de escrever um novo livro, no seguimento de Desamor. Ou seja, os leitores enviam  as suas histórias de amor que ele depois transformará num livro. Obviamente, um dos primeiros comentários a este post referia a divisão dos lucros com quem com ele partilhou as suas próprias histórias. E o autor do blog remete-nos para a leitura dos comentários que surgiram aquando da discussão do mesmo tema no livro Desamor. Eu, bem mandada como sou, fui de facto reler os comentários pois já na altura não tinha concordado com algumas coisas.

Em primeiro lugar, não tenho nada contra este tipo de livros. O Arrumadinho faz-se valer da popularidade do seu blog e da quantidade de leitores para avançar com uma ideia que teve. Não sendo uma ideia brilhante (porque é a escrita de um livro que não necessita de pesquisa nem de imaginação) e achando eu que qualquer pessoa a pode ter, a verdade é que se fosse eu a ter a ideia, esta não avançaria com a mesma facilidade uma vez que o meu blog não é tão reconhecido. E uma pessoa que tem mais recursos, deve fazer uso deles. Da mesma forma, ninguém obriga os leitores a enviaram as suas histórias ao Arrumadinho. Eu tenho uma linda história de amor (que ficaria lindamente num livro) mas não estou para a partilhar de graça com o autor do dito blogue, que depois ganhará dinheiro com ela. Quem tem essa vontade, partilha e com sorte verá a sua história impressa. O que quero dizer com isto é que de facto não há uma obrigação de partilhar os lucros com quem envia as histórias porque as pessoas só enviam (e sabendo bem que é de graça) porque querem. Ou seja, nada contra livro e nada contra a não divisão dos lucros.

O que me faz torcer o nariz são as contas feitas pelo autor do blogue na altura da discussão. Resumindo tudo bem resumidinho, o Arrumadinho considera que se vender três mil livros, com 1€ de lucro em cada livro, usando 50 histórias, daria 15€ a cada um destes 50 leitores que vêem as suas histórias publicadas. E acha por isso uma grande mesquinhez (e uma importância exagerada dada ao dinheiro) as pessoas discutirem tanto este ponto por apenas 15€. "Esquece-se" contudo de referir que nesta venda de 3000 exemplares, ele próprio ganharia 2250€, o que parecendo que não, nos dias de hoje, é dinheiro e tem também a sua importância, senão não escreveria ele o livro.

Com a leitura do novo post, fico a saber (porque nunca comprei o livro) que o autor usou apenas nove histórias, e não cinquenta como planeou inicialmente. Ou seja, de repente, os míseros 15€ que cada pessoa receberia passam a mais de 80€. E eu penso que se quinze euros é dinheiro, oitenta euros ainda o são mais nos dias de hoje, e que provavelmente até haveria leitores a quem este dinheiro faria diferença. Porque verdade seja dita, ninguém escreve um livro (independentemente do pouco ou muito trabalho que a escrita dele dê) sem o objectivo de ganhar algum dinheiro. 

Como já disse, não acho que o autor do blogue tenha a obrigação de dividir os lucros do livro. As pessoas dão-lhe as histórias de graça porque querem. Mas gosto  de ver as contas bem feitas.

2 comentários:

Digam-me coisas. :)