12.12.13

A viagem de avião

O meu pai foi levar-me ao aeroporto do Porto e eu pedi-lhe para esperar enquanto passava nas máquinas de detecção. A minha preocupação era um frasco de vidro que levava na mochila do computador. O frasco foi-me oferecido por uma amiga e no seu interior tem os ingredientes secos misturados (antes estavam por camadas, mas após umas horas na mochila, ficou tudo muitíssimo bem misturado) para fazer bolachas. Caso não me deixassem ficar com ele, eu pediria para o entregar ao meu pai. Ficar o frasco no aeroporto, sozinho e esquecido, é que não! Claro que, como eu previa, na altura em que a minha mochila passou pelos raio-x, o tapete parou imediatamente. Ainda ouvi um dos rapazinhos de serviço a olhar para o ecrã e a comentar "Mas as pessoas agora levam azeitonas??". A mochila foi logo posta de parte e perguntaram-me o que ali levava. Respondi que tinha farinha e açúcar, e perante o olhar espantado deles, expliquei que havia mais uns quantos ingredientes, todos secos, para fazer bolachas. Fiz beicinho, disse que vinha para França, que não ia a Portugal passar o Natal e que tinha sido uma prenda de uma amiga. Uma funcionária sorriu e disse que a prenda era fantástica e que o dia até lhe iria correr melhor. Passei à segunda funcionária que quis ver o frasco ao vivo. Retirei-o da mochila e fiz de novo o meu choradinho: pobre de mim, a passar o Natal em França, aquilo eram só ingredientes secos, eu depois teria de juntar um ovo e levar ao forno, e tinha sido a prenda uma amiga, que amiga tão querida...e ouvi de novo um "Que prenda tão gira!". E assim passou o meu frasquinho com ingredientes para fazer bolachas (temi por um segundo que achassem a prenda tão gira que ma confiscassem para ficar com ela). 

No avião, sentaram-se ao meu lado mãe e filho. O filho ia com uns colegas a Paris para uma série de reuniões e levava a mãe para que esta passasse uma temporada em casa dos outros filhos, a viverem em França. Isto tudo contou-me a senhora enquanto o avião descolava e eu já maldizia a minha sorte, imaginando-me a passar duas horas a ouvir a senhora, numa mistura enorme de francês e português, com muita tosse à mistura. Aproveitei ali uns segundos de silêncio para abrir o meu livro e me pôr a ler, e tenho a dizer que há muito tempo que não apanhava ninguém tão respeitador: vendo-me a ler, não me voltou a chatear. Até senti ali uma pontinha de culpa porque a senhora foi nitidamente duas horas a apanhar uma enoooorme seca, mas se tinha o filho ao lado (entretidíssimo a conversar com os colegas) para lhe fazer companhia, porque haveria eu de abdicar do meu voo calmo? Bem, calmo, não foi, porque o filho e os colegas falavam tão alto e sem parar um segundo, que a certa altura instalou-se uma bruta de uma dor de cabeça. Enfiei tampões nos ouvidos para minimizar o ruído do falatório e quando dei por mim estava a quinze minutos da aterragem sem dores musculares nem alergias. Quase que dei um gritinho de alegria. Mas claro que a cinco minutos de aterrarmos desatei num frenesim de espirros que não havia nada que me fizesse parar. Até os olhos choravam de tanta comichão que tinham. Era demasiado bom....Mas o importante é: consegui trazer o frasco das bolachas! Vou guardá-lo para a noite de Natal e atrever-me a fazer as bolachas para a noite da consoada. O pior que pode acontecer é mandar toda a família do Jack passar o dia de Natal no hospital com uma indigestão. :)

2 comentários:

Digam-me coisas. :)