No fundo, no fundo, apercebo-me agora, um casamento não pertence aos noivos. Até se pode achar que sim, que são eles que tudo decidem e escolhem, que o dia será feito à imagem deles e tudo será feito para seu agrado. E há mesmo noivos (como nós) que achando isto mesmo, batem o pé, ignoram tradições, insistem naquilo que querem. Mas como em tudo na vida, há sempre algumas cedências para agradar àqueles que mais amamos, impulsos refreados para pensar primeiro nos outros e escolhas pensadas não apenas em nós. E mesmo que se tente, mesmo que os noivos façam aquilo que querem e desejam, mesmo que comprem o que mais lhes agrada, que sigam apenas as tradições que mais lhes convêm e ignorem todas as outras, a vida não os torna surdos e tudo se ouve. É a tia-avó que não gosta dos vestidos modernos e faz questão de torcer o nariz cada vez que se fala do vestido, o tio sentido porque não se contratou o seu amigo fotógrafo e agoira o trabalho do fotógrafo escolhido, a avó que não acha a ementa digna para um casamento e não se cansa de o dizer, a madrinha que embirra com os sapatos escolhidos e afirma categórica que não haverá casamento enquanto não forem escolhidos outros sapatos, a cabeleira que funga enquanto arranja um cabelo da forma pedida porque para ela o penteado deveria ser outro, a amiga que olha horrorizada para a discreta maquilhagem escolhida porque uma noiva actual deve apostar nas sombras fortes e coloridas, o avô que relembra as tradições de família e que o continuará a fazer até à porta da igreja numa tentativa vã de ver alguma a ser seguida, o padrinho que critica as alianças escolhidas como se fosse ele a usá-las, a tia que abana a cabeça perante o planeamento do dia e afirma que nunca viu um casamento assim e portanto não o faremos dessa maneira, entre muitas outras coisas. Algures na história dos casamentos, os convidados passaram a achar que o dia é deles e são eles a mandar, não interessando a opinião dos noivos que não têm outro remédio se não fazer orelhas moucas. E ainda ontem comentava eu com o Jack "Vá lá que o nosso casamento será simples e tradicional. Não quero imaginar o que ouviríamos e o que nos tentariam impingir se decidíssemos na casar na praia, em Las Vegas ou com o tema gótico."
Isto lembra-me aquela famosa publicidade à Whiskas em que o gato Napoleão só ouvia "Blá, blá, blá, Whiskas saquetas, blá, blá blá". É como vocês devem ouvir também. Imagino que canse e irrite (a mim cansaria) mas o casamento é vosso, será sempre vosso em primeiro lugar :)
ResponderEliminarBeijinhos
Na verdade chateia (uma bocadinho de nada) mas nem chega a irritar. A mim dá-me simplesmente para abrir a boca de espanto nalguns casos e fazer um sorriso condescendente nos outros. Acho é toda esta situação muito ridícula....:)
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