10.6.14

Little Details #16 - Coisas nossas

O nosso casamento teve "coisas nossas". Teve a nossa fotografia a ser usada, teve os bonecos de bolo com história para nós, teve as músicas passadas durante o jantar que só para nós tinham significado, e teve outras que ainda aqui não contei e que se estendem à família. Começando pela família do Jack, houve um dia que a mãe dele me perguntou se já tinha comprado as amêndoas. Oi? Amêndoas? Isso não é para a Páscoa? Diz que não, que há a tradição de os convidados comerem amêndoas para dar sorte aos noivos. Confesso que nunca tinha ouvido tal, mas percebendo que a senhora gostaria de ver esta tradição cumprida e não me afectando nada a mim ter umas amêndoas por mesa, incumbi-lhe essa função. E no dia lá estavam elas, cada pratinho em sua mesa, com as amêndoas. Espero que os convidados tenham comido que nós queremos é sorte para o resto da vida. Mas a tradição não ficava por aqui e as amêndoas tinham de ser complementadas com o lançar de pétalas aos noivos. Explicámos que o Mosteiro não permite que sejam lançadas pétalas ou arroz aos noivos e que por isso não daria para o fazer. Mas vendo a cara da senhora lá lhe dissemos que se assim o entendesse poderia lançar as pétalas à chegada dos noivos à quinta, o que de facto aconteceu, deixando a senhora feliz e a nós também.



Para as alianças, nenhum de nós queria algo com brilhantes, plumas, almofadas, etc, e uma vez que não encontrávamos nada que nos agradasse, já ponderávamos simplesmente usar a caixa onde as alianças vinham. No entanto, a minha mãe tendo conhecimento desta nossa indecisão, lembrou-se que a minha tia tinha tido o mesmo problema e tinha levado uma salva de prata. Entre o leque das salvas de pratas da família, escolhemos por acaso exactamente a mesma usada no casamento da minha tia (o bom gosto é portanto familiar). Depois, uma vez que as nossas alianças são exactamente iguais em termos de formato e tamanho, e sendo a gravação feita no seu interior a única coisa que as distingue, foi colocada uma fitinha branca à volta da minha aliança de forma a não se perder tempo na cerimónia e não se ter de dizer "Espere aí Senhor Padre que agora temos de ver qual é qual!".


O meu bouquet não foi atirado pois eu não acho assim tanta graça à tradição e com o meu jeitinho já estava mesmo a ver que ia ficar preso nalgum candeeiro ou aterrar na cara de alguém. Assim, foi dado à minha avó que o ofereceu a Nossa Senhora, à qual fui apresentada por ela no dia do meu baptismo. 

Por fim, a minha grande paixão: o carro dos noivos pertencente ao meu avô. Este carro existe desde que me lembro, o meu avô faz o gosto aos netos e de vez em quando passeia-nos com ele e tem também servido para transportar as noivas da região, o que como é óbvio fez com que eu crescesse com a ideia de que quando um dia me casasse seria aquele o carro que me transportaria. Assim foi e tive o melhor chauffeur do mundo naquele dia.



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