8.11.15

O parto #5

Bom, esta parte já não é bem sobre o parto em si porque felizmente a Mini-Tété já tinha nascido mas sobre o que se passou depois, o que não deixa de fazer parte de todo este processo que é pôr uma criança no mundo. 

Mal a Pequena Melancia nasceu colocaram-na no meu peito, pele contra pele. Oh, eu estava radiante. Nem acreditava que tinha acabado, que ela já tinha nascido, que a parte da expulsão tinha sido tão rápida e fácil. Adorei tê-la ali, o meu bebé, ao meu colo, primeiro a chorar e depois já calminha. Percebi depois que a malandra enquanto eu lhe namorava as feições, se entretinha a esvaziar o intestino sobre mim, deixando-me toda suja e a ela bem mais aliviada. Fiquei ainda cerca de 2 horas na sala de partos para todos os cuidados e trabalhos a fazer depois do parto e durante esse tempo cuidavam também da Mini-Tété, dando-lhe banho, vestindo-na e pondo-a ao colo do Jack. Esteve também ainda um pouco mais ao meu colo, mas já com o aviso da médica para que o Jack me vigiasse uma vez que eu era capaz de me sentir cansada de repente e haver o risco de adormecer com a bebé nos braços. E de facto minutos depois, senti como se todas as pilhas do meu corpo ficassem vazias em segundos. A adrenalina do dia tinha passado. Entretanto o turno da minha médica tinha acabado e ela veio despedir-se de mim. Foi uma fofinha (e pensar que eu achava que ela tinha um qualquer plano sórdido para me fazer sofrer). A nova médica que a veio substituir tinha a tarefa de me dar a "alta" da sala de partos mas olhando para mim percebeu que eu teria facilmente o dobro do peso dela, pelo que chamou uma enfermeira para a ajudar a passar-me para a cadeira de rodas. Ora aqui houve uma pequena falha de comunicação e eu pensei que ela me tinha dito para eu me sentar na cadeira pelo que, enquanto ela estava de costas, à porta a chamar a enfermeira, eu saí da marquesa e atravessei a sala de partos toda ligeira, sentando depois sossegadita na dita cadeira. Não queiram imaginar a cara de susto das duas quando me viram já ali sentada. Que não podia ser, que eu podia ter-me levantado e caído redonda no chão, que as pernas me podiam falhar, que eu tinha levado epidural, que tinha passado por um parto, que susto que tinham apanhado, e eu muito espantada a olhar para elas, sentindo-me óptima. Fui então levada para o quarto, empurrada por um maqueiro, enquanto o Jack nos seguia empurrando o berço da Mini-Tété. Nessa altura apareceu um anjo que me perguntou se eu queria beber alguma coisa com as tostas que me tinham dado e as escolhas eram chá ou...chocolate quente. Oh, meus amigos, eu nem vos digo como me soube bem aquele chocolate quente. Maravilha das maravilhas, que já não comia há horas e estava meio morta de fome. Depois do Jack sair, liguei à minha mãe e acho que nunca esquecerei o ar dela espantado quando, supondo-me combalida, me ouviu dizer que não tinha dores nenhumas, que andava perfeitamente a pé e que já tinha comido e tudo.

A primeira noite da Mini-Tété foi complicada. O bebé nasce mas nós não nascemos mães e eu não estava preparada para uma noite de choro ou para cuidar de um bebé logo sozinha. Por diversas vezes toquei à campainha para chamar uma das enfermeiras e dizer coisas como "Eu sei que é normal a bebé chorar, mas o que é que eu posso fazer para a acalmar?" ou "Acho que tem a fralda suja. Importa-se de me dizer como é que a mudo?". A Mini-Tété chorou a maior parte do tempo e o resultado foi o Jack ter dormido na cadeira reclinada do quarto nas noites seguintes pois eu não me sentia capaz de voltar a passar uma noite sozinha com ela naquele momento. Agradeço-lhe infinitamente por isto.

1 comentário:

Digam-me coisas. :)