5.5.17

Aprender um bocadinho

Quando a Mini-Tété era mesmo pequenina, eu tinha muito medo do Síndrome de Morte Súbita do Lactente (SMSL). Não quando ela estava na cama, o que é engraçado, acho que assumia que aí estava a fazer tudo bem e por isso é que dormia descansada sem ter medo que ela deixasse de respirar durante o sono. Mas por exemplo, quando a via no ovo, acho que por causa da posição, tinha algum receio e não foram poucas as vezes que chegada a casa depois de uma saída à rua, de carro ou no carrinho, com a Mini-Tété no ovo, o coração me parou por não a ouvir e sentir a respirar. Ainda por cima, a Mini-Tété reagia ao frio ficando muito branca. Tentem olhar para o vosso bebé pálido e aparentemente sem respirar e digam-me se conseguem manter a calma. Admito, sem grandes vergonhas, que cheguei a acordá-la para ver se estava mesmo tudo bem. 

Já vi grávidas incomodadas por se falar do SMSL nesta altura da vida delas mas para mim é quando mais faz sentido tocar neste assunto. Falar sobre isto quando ainda nem se está grávida, não vale a pena porque não decoramos nada e falar depois do bebé nascer pode ser tarde demais para além de ser desnecessário sobrecarregar os pais com ainda mais informações nessa altura. Eu li sobre o assunto e ouvi falar nas aulas de preparação para o parto (não sou a única a achar que faz sentido...), e agora deixo aqui o que fui aprendendo. 

Diz o pediatra Mário Cordeiro que "Sem que se saiba, exactamente porquê, os factos demonstram que, relativamente a um bebé deitado de bruços, um que fique de lado tem metade do risco de ocorrência de SMSL, e se estiver deitado de costas o risco ainda se reduz mais, para cerca de um quarto. Por outro lado, estes estudos também confirmaram que um dos grandes receios dos pais e dos profissionais - o engasgamento e sufocação caso o bebé bolsasse ou vomitasse - não acontecia em maior grau com qualquer uma das posições alternativas a estar de bruços". Acrescenta também que "em algumas maternidades a recomendação continua a ser deitar de lado. Mas a ciência e as normas são muito taxativas: salvo casos muito raros que o médico diagnosticará, todos os recém-nascidos e crianças devem ser deitados de costas nos primeiros meses de vida (até se voltarem por eles próprios)". 

Admito que me faz uma certa confusão quem, nos dias de hoje, não segue esta recomendação "porque antigamente era de lado " ou "porque não sou de extremismos e não vou nessas coisas". 
A questão da posição é realmente essencial mas outras medidas parecem também ajudar na prevenção:
- Evitar expor os bebés a ambientes com tabaco.
- O uso da chupeta parece reduzir a incidência do SMSL
- Não cobrir a cabeça do bebé (já sabem que aqui em França são adeptos do saco de dormir até aos 18 meses, no mínimo, de forma a evitar acidentes com mantas e lençóis)
- Não sobreaquecer o bebé, seja com demasiada roupa, seja em ambientes muito quentes, seja com muita roupa de cama. Nas aulas de preparação para o parto, deram-nos a indicação de ter o quarto a 19°C.
- Dormir no quarto dos pais até aos 6 meses (já ouvi a explicação que o facto de ouvirem a respiração dos pais ajuda a que inconscientemente se mantenham a respirar)
- Dar de mamar pelo menos até aos 6 meses
- Arejar o quarto todos os dias. É engraçado porque me lembro de ter torcido o nariz perante o ar grave da sage-femme quando nos disse isto. A minha filha nasceria com temperaturas lá fora a rondar os 0°C, seria mesmo necessário andar a abrir a janela todos os dias? E atenção que eu gosto de arejar a casa frequentemente, mas no Inverno com temperaturas negativas não o fazia todos os dias. Depois li que os bebés são extremamente sensíveis a ligeiros aumentos de CO2, aumentos esses que a nós pais não nos causam qualquer transtorno mas que podem ser extremamente perigosos para os recém-nascidos. Daí também se começar a alertar para que os pais não tapem o ovo com as tradicionais fraldinhas, mesmo que achem que o ar circula na mesma (porque pode não o fazer o suficiente).

Infelizmente, o SMSL é daquelas coisas que pode acontecer qualquer um, uma vez que nem sequer são conhecidas as causas e que não depende dos pais para que não aconteça de certeza. Ainda assim, se pudermos reduzir o risco, faz-se sempre esse esforço, esperando que corra tudo pelo melhor. :)

1 comentário:

  1. Obrigada pelo teu post! Acho que é importante falar-se destas coisas! Beijinho super mãe

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