8.5.17

Convidar e não convidar

A meio de um jantar de amigos e família, um casal conta-nos a novidade: vão casar. Depois de mil beijinhos de parabéns, de falar da boa nova, de perguntar quando é, comentam que obviamente estamos todos convidados. Todas as vozes dizem que farão de tudo para lá estar, é um dia importante, queremos estar presentes. E nisto, eles olham para nós e dizem que sabem que não foram ao nosso casamento mesmo tendo sido convidados, mas que não puderam mesmo, que não conseguiam mesmo ausentar-se do país naquela altura e que tiveram muita pena de não ir, esperando então que não estivéssemos chateados ao ponto de não irmos ao casamento deles. Olhámos para eles surpreendidos. Sempre nos demos bem, gostamos imenso uns dos outros, ficaram felicíssimos quando anunciámos que íamos casar, avisaram com antecedência que não poderiam mesmo ir embora gostassem muito, continuámos a encontrarmo-nos como antes, viram o nosso vídeo de casamento, entregámos as lembranças deles, conheceram a Mini-Tété, nunca demos qualquer ideia de que pudéssemos ter levado a mal a ausência deles no nosso casamento. E muito menos somos pessoas que não iriam a um casamento porque os noivos não foram ao nosso. 

Mais tarde, contavam que tinham descoberto que uns amigos próximos iam casar e que tinham convidado todo o grupo de amigos menos a eles e que, como tal, estavam também a pensar riscá-los da lista de convidados. Gerou-se assim uma discussão, com uns a defender que se não nos convidam, então também não temos de convidar, com outros a defender que não é bem assim. Entre mim e o Jack, as ideias não são sempre iguais. Eu defendo que devemos convidar quem queremos independentemente de se fomos convidados ou não por eles. Já ele tem uma enorme tendência a convidar quem um dia o convidou a ele, mesmo que a presença dessas pessoas não lhe pareça de todo essencial ou importante, e não acha importante convidar quem não nos convidou. 
E isto fez-me lembrar um outro casal de noivos, que falando connosco da sua lista de convidados, referia que não ia convidar este e aquele porque não tinham ido ao nosso casamento pelo que também não deveriam querer ir ao deles, e que não convidariam este e aquele porque não costumam ir a estas coisas, e mais uma série de razões. E eu pensava nuns familiares do Jack, testemunhas de jeová, que o Jack queria apenas convidar para a festa e não para a cerimónia pois afirmava que estes não iriam e não valia a pena constar no convite (para além de que se podiam melindrar, achava ele). Bati o pé e quis que o convite deles fosse igual a toda a gente, que para mim não fazia qualquer sentido uma religião diferente impedir a presença das pessoas numa cerimónia religiosa de outro tipo, e que eles até poderiam querer ir. Se não fossem, tudo bem, mas não devíamos partir do princípio que não entrariam na igreja. E assim foi, o Jack foi obrigado a engolir o que pensava pois os familiares assistiram à cerimónia do princípio ao fim. Assumir que as pessoas não vão e que por isso não vale a pena convidar é demasiado estranho para mim.
Mas verdade seja dita, já vi convidados a recusarem-se a ir a casamentos porque os convites não foram entregues em mão, porque vai estar demasiado frio, porque os noivos não convidaram outros convidados que eles também acham que deviam estar presentes...Enfim, todo um sem-número de razões, cada uma pior que a outra. Quem diria que convidar pessoas daria tanto trabalho?

4 comentários:

  1. Quem não quer ir, arranja sempre uma desculpa e isso é triste. Um dia, quando casar, vou convidar apenas as pessoas que me são importantes... é certo que terei de convidar alguns familiares que não me são tão próximos (mas pessoas com as quais convivi bastante em criança), mas dificilmente posso considerar isso um frete. :)

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    1. Eu acho normal que se convidem os próximos e aqueles que nos dizem alguma a coisa a nós ou a quem nos é próximo. Não gosto de convidar só porque sim para fazer número ou porque nos convidaram. Por exemplo, cada vez que falamos sobre o baptizado da Mini-Tété, o Jack começa a falar a lista de pessoas que o convidaram a ele para o baptizado dos próprios filhos. E eu não vejo necessidade de o fazer. Convidaram, ainda bem, gostámos muito e fomos. Mas não me sinto obrigada a retribuir o convite.
      (No meu casamento, tive pessoas muito próximas e outras que nem tanto, mas que eu sabia quem eram e que fazem parte da família, e também não foi nenhum frete. Muitas só não são tão próximas porque vivem longe e não se cria aquela relação tão quotidiana...)

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  2. Já falei no meu blog na minha dificuldade em fazer uma lista de convidados exatamente por causa da "fragilidade" dos outros.
    Tenho pessoas que sei que se não forem convidados vão ficar melindrados com isso e vão ficar ofendidos. E acho isso tão mau. Não são assim tão próximos de nós, porquê se sentirem assim tão ofendidos.
    O ano passado não fui ao casamento de um amigo meu porque tinha acabado de ter a minha filha. Literamente, o casamento foi dois dias depois. Nesse dia estava a ter alta do hospital.
    Avisei que não ia pelos motivos óbvios e achei que os noivos entenderiam.
    Agora que me vou casar não vão ao meu porque eu não fui ao deles!!!!! E não, não têm nenhum impedimento!!!!

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    1. Mesmo que as pessoas sejam próximas não têm qualquer direito de ficar ofendidas por não haver convite. Tenho uma amiga que casou apenas com a família mais chegada presente. Ela esteve no meu casamento e eu teria gostado muito de estar no dela. Mas compreendo perfeitamente que o que ela queria era um casamento pequeno e familiar, pelo que nem pensar em ficar ofendida por não ter sido convidada.
      E esses seus amigos estão realmente a ser bastante tolos, sobretudo porque há uma razão mais do que satisfatória para a vossa ausência. Assim, não admira que os nossos amigos tenham sentido necessidade de justificar mais uma vez a ausência deles e de nos pedir para irmos. Se calhar já houve convidados que lhes disseram que não por estes motivos. Para mim, não faz sentido. Não foram ao nosso, tudo bem. Vamos ao deles, se tudo correr bem.

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