Defeito de fábrica

Sou muito tosca no que toca a demonstrações de sentimentos ou carinho. Salvo com o meu rapaz e com umas quantas pessoas da família, sou mesmo um autêntico nabo. Não sou o tipo de pessoa que dá abraços a toda a gente. Que dá beijinhos a toda a gente. Que passa a vida a tocar nos outros. Não sou o tipo de pessoa que diz o quanto as pessoas são importantes para mim. O quanto gosto delas. O quanto a minha felicidade depende da felicidade delas. Eu sou lógica. Perante problemas tento encontrar uma resolução lógica, mas não abraço a pessoa até ela se sentir confortável para chorar no meu ombro. Se precisam de apoio posso fazer cartazes, oferecer chocolates e aparecer em casa para fazer um jantar, mas não dou as mãos nem faço festinhas no cabelo. E sou emotiva. Por isso, se abraçar alguém e disser que vou ter muitas saudades dessa pessoa é certo e sabido que fico com um nó na garganta e lágrimas nos olhos (e eu recuso-me a chorar em público). Se disser a alguém que estou triste, preocupada, lixada, cansada, etc, e vir preocupação na cara dessa pessoa, lá vêm as lágrimas outra vez. Por isso não digo nada. Por isso rio-me. Por isso tento nunca mostrar se estou triste ou chateada (e verdade seja dita, se repararem que eu estou assim é que estou tão triste ou tão chateada que mais vale não se aproximarem =P). Por isso finjo que estar cá ou lá é a mesma coisa. Que as saudades não vão existir. Que só me apetece abraçar a minha gente (família e amigos) e dizer "Só entro no avião se esta gente toda couber na mala!". Por isso, fico sem jeito quando vejo alguém triste e mesmo sabendo que um abraço se calhar até resolvia, nem sei bem o que fazer aos braços. Mas pronto, acho que com a idade estou a melhorar. Mas não esperem grandes emoções minhas nas despedidas. =P