Hoje é Dia do Pai. Do meu Pai, para mim. É dia de comemorar as danças na sala, as horas passadas a fazer puzzles, as explicações de matemática, as tentativas de me fazer falar inglês, as idas à praia ao final do dia para não parecermos camarões, a construção dos castelos de areia e das pistas para as bolas de praia, as escondidas que jogava comigo e com o meu irmão cá em casa, do gosto da leitura que me incutiu. É dia de comemorar os abracinhos que ainda hoje me dá, as histórias que me contava em pequena para adormecer (mesmo que dos doze trabalhos de hércules contasse sempre os mesmos dois), por me apresentar os Hobbit e o Senhor dos Anéis aos 14 anos, por me fazer conhecer ainda hoje os livros que lê e insistir comigo quando acha que algum até se insere no meu gosto. É dia de comemorar os canelonis que me fazia quando era pequenina, o ter-me ensinado a subir às árvores mesmo tendo eu tanto medo de alturas, de me ter inscrito durante uns anos no concurso de pesca quando eu nem era capaz de agarrar no isco (nooojo). É dia de comemorar a palmada que apanhei quando era pequenina e que nunca mais me esqueci e me serviu de lição a nunca mais lhe desobedecer, o me perguntar todas as noites se tinha a mochila da escola pronta e se já tinha escolhido o que ia vestir no dia seguinte para não perder tempo de manhã, o comermos os cereais em silêncio cada um a ler o seu livro, as cassetes da Pantera cor-de-rosa que nos trazia das suas viagens, as cassetes da Rua Sésamo que gravava para nós e os episódios que via connosco (ainda hoje sabe as mesmas músicas que nós).
E hoje para mim também é dia da Mãe, porque decidiu há uns anos atrás nascer a 19 de Março. E por isso hoje também comemoramos as idas às compras para comprar a roupa para o ballet (aaai, tão descoordenada que eu era), o olhar sempre atento às nossas cabeças na praia e no mar, a compra dos bolos de aniversário, os folhados de salsicha que fazia, o ter-me inscrito nos escuteiros, nos acampamentos, na catequese, na natação. Comemoramos os abracinhos, as palmadas que tentava dar-me nas pernas (e ao meu irmão) quando discutíamos no banco traseiro do carro, de andar sempre a correr para tratar de tudo para nós. É dia de comemorar os cortinados a combinar com a colcha da cama, os livros que nunca se negou a comprar, a história que me contou para que eu não chorasse quando acordava cheia de nós no cabelo, o ter-me ensinado que não precisamos de ser os melhores desde que tenhamos feito sempre o nosso maior esforço naquilo em que nos metemos. Comemoramos os casacos de ganga e malha que me comprava e que eu perdia na escola (até ao dia em que se fartou e estive uns bons anos sem ter direito a ter estas peças no meu armário), o facto de ser a médica da família (e isso não é nada fácil quando tem um filha que faz um berreiro com tudo o que meta agulhas e comprimidos). Comemoramos o medo dela que me afogasse num rio e mesmo assim deixava-me ir acampar todos os anos, mesmo que isso significasse passar 10 dias de coração nas mãos, o preocupar-se quando eu estava doente e levar-me a televisão e o vídeo para o quarto, mais os livros e os brinquedos, de forma a que eu estivesse bem acompanhada.
Sim, hoje é o dia deles, e por isso hoje comemoramos.:)
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