17.5.13

Adopção Homossexual (texto grande - vão buscar pipocas!)

Já meio-mundo escreveu posts sobre isto hoje (e eu acho bem) mas aqui vai o meu também, que eu também sou gente e tenho uma opinião a dar. Há uns tempos, eu e o meu rapaz (doravante chamado Jack, que eu já estou farta de escrever "o meu rapaz" e ainda por cima ele faz 30 anos este mês e eu tenho de me mentalizar que qualquer dia tenho de deixar de o chamar "rapaz". Adiante.) falávamos exactamente da adopção por casais homossexuais pois conhecemos pessoas que são um pouco resistentes a esta ideia.

Para mim, nada indica que um casal homossexual não consiga educar uma criança num ambiente estável e com amor. Afinal de contas, muitas crianças vivem com pais (homem e mulher) que não lhes ligam, ou que lhes exigem a perfeição, ou que batem um no outro, ou que as prostram horas a fio à frente de um computador/televisão para que não incomodem, ou que os alimentam a Pizza Hut e MacDonalds, e ninguém diz que os casais heterossexuais dão pais horríveis, certo? Sendo sincera, acho que vai haver péssimos casais homossexuais no papel de pais, assim como há péssimos casais heterossexuais a desempenhar o mesmo papel. Felizmente, também haverá os bons e são esses que vão dar lares felizes às crianças. :)

E podem dizer "Mas as crianças vão ser marginalizadas na escola". Concordo com os outros blogues quando estes dizem que marginalizadas são crianças filhas de casais heterossexuais, mas porque são gordas, negras, baixas, lentas a correr, usam aparelho, tem o cabelo demasiado encaracolado, são estrábicas, têm um sinal na cara, têm voz de desenho animado, usam óculos, e por aí adiante. Ou seja, não é ser filho de casais homossexuais que vai de repente levar ao mundo das crianças inocentes a marginalização. Esta já existe, é frequente, e é algo a lutar, ponto. E podem acrescentar "Mas com isto acrescenta-se mais um factor para que sejam marginalizadas". Sim, é verdade. Mas esperemos que aconteça com estas crianças o mesmo que aconteceu às crianças de pais divorciados. Não se esqueçam que houve uma altura em que os casais não se divorciavam, as mulheres não deixavam os maridos violentos, vivia-se na mesma casa mesmo havendo conhecimento de amantes, tudo isto porque coitadinhas das crianças, o que é que as pessoas haviam de dizer, vai ser gozada na escola porque é filha de pais divorciados, etc, etc. Hoje já ninguém liga a isso (ok, há quem ainda nem conceba a ideia de divórcio, mesmo não havendo filhos à mistura, mas isso são outras histórias), as crianças já não são marginalizadas por isto, já encaram de forma natural os meios-irmãos do pai ou mãe que voltou a casar. E eu estou absolutamente confiante que daqui a uns tempos, o mesmo se passará com a adopção por casais homossexuais: vai ser tão normal que deixa de ser estranho. Claro que haverá sempre uns que vão ser contra, mas também há aqueles que são contra as mulheres trabalharem, ou o divórcio, ou a homossexualidade, e nós não lhes ligamos, não é?

Há também quem diga que estas crianças vão ser criadas sem figura masculina ou feminina em casa. E isso já não acontece? Não há crianças a serem educadas exclusivamente pela mãe, tias e avó, porque os homens da família estão ausentes ou morreram? E são crianças diferentes das outras?

Por fim, podem dizer "Ah, mas a quem entrega a prenda no dia da mãe, ou do pai?" É simples, cada família fará conforme achar melhor. Na minha família festeja-se o dia da mãe e do pai com muitos mimos e prendinhas. Já na família do Jack, estes dias não têm importância especial. Fui uma criança mais amada do que ele por isso, ou os meus pais são melhores que os dele por isso? Não. Por outro lado, conheço um rapaz que cresceu sem pai devido à morte deste, e no dia do pai sempre ofereceu prenda ao padrinho. É o pai dele? Não, e depois? Estas crianças terão padrinhos, madrinhas, avôs e avós, tios e tias, a quem dar prendas, a quem pedir conselhos, com quem passar férias, de quem hão-de receber reprimendas e castigos, como qualquer criança.

Portugal é um país de costumes e ideias fixas, mais felizmente vai aos poucos e poucos abrindo-se ao mundo. :)

3 comentários:

  1. Tenho algumas, muito poucas pessoas, que apesar de não falar muito com elas as gostei de conhecer e gosto delas, embora algumas nem sonhem que simpatizo com elas. Tenho professores que me marcaram, pela maneira calma e serena com que abordavam a matéria e como fazia do difícil ser mais fácil. E outros pela brutidade tal que nós até com medo vamos para as aulas e isso dá-lhes gozo. Marcou-me um, que eu até nem ia mto com a cara dele, mas qd ele deu as frequencias com as notas eu não tive positiva e houve outras pessoas q tbm nao tiveram e ele veio ao meu lugar falar comigo e perguntar-me o que se tinha passado. Isto pensando a frio, talvez encontre mais coisitas assim pequeninas mas que fazem a diferença. É muito verdade que eu levava as expectativas demasiado elevadas e dei um trambolhão mas um valente trambolhão e não me estou a conseguir levantar desta... E lá não tenho quem me apoie e compreenda e viro-me a chorar porque me sinto sozinha... :'(

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  2. Enviei mensagem privada no facebook para não estar aqui a escrever! É um bocado longa, desculpa e claro, se não puderes não lês!!! Foi mais um desabafo... :/
    Beijinhos*

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  3. Esclareceste muito bem cada ponto. Não diria mais nem melhor. Eu tamb+em fui gozada por usar óculos e ser muito branca. E olha, novidade: sobrevivi! E mais vale sermos gozados mas chegarmos a casa e termos um ombro onde chorar, um apoio do que chegar a uma instituição onde somos 40 ao molho.

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Digam-me coisas. :)