7.6.13

Crónicas da viagem #3

Nestas minhas viagens a Portugal é óptimo encontrar a família. É sempre uma festa, é bom estar em casa, adoro ver os meus pais e irmão, adoro ir ver os meus avós, adoro estar na mesma mesa de sempre com as mesmas conversas de sempre e as mesas gargalhadas de sempre. Quando alguém me diz que não consegue emigrar porque é muito próximo da família, sinto sempre um ligeiro aperto no coração. Porque eu também sou chegada à família, sou assumidamente menina do papá, até ir para França falava ao telefone com a minha mãe todos os dias, os fins-de-semana eram sempre passados em casa dos meus pais, e tenho um medo terrível que algo aconteça aos meus avós e eu não esteja cá para os acudir e cuidar deles. Nunca fui daquelas filhas adolescentes doidas por sair de casa, que não queria estar com os pais, que têm pouca ligação aos pais. Eu gosto imenso do Natal da minha família, quando nos sentamos todos à mesa na conversa e eu vejo o meu avô em silêncio a olhar para nós, orgulhoso da família que construiu. Gosto do silêncio caseiro da minha casa, cada um nos seus afazeres silenciosos, na mesma divisão. Porque nós somos assim, independentes. Somos pessoas de família, gostamos de estar juntos, mas a educação baseia-se muito na independência. Por isso não me custou escolher uma Universidade noutra cidade que não a minha, por isso tive os meus pais a incentivarem-me a fazer Erasmus (onde continuei todos os dias a falar com eles), por isso não houve problemas de ir para França. Somos uma família feliz, não interessando onde está cada um de nós. Talvez o que nos facilite a vida é o facto de lidarmos bem com as saudades. Não há cá telefonemas infelizes, de choradeira. Os telefonemas de hoje têm o mesmo grau de disparate e alegria que tinham quando saí de casa aos 18 anos. Mas ainda assim, por muito independente que sejamos, gostamos de estar juntos e eu gosto mesmo, mesmo de regressar a casa dos pais por uns dias. :)

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