4.10.13

Relatos de uma viagem

Chegados ao aeroporto, numa lista de sessenta voos, o nosso era o único com aviso de atraso. Nada de novo portanto. Se não estava a ser agraciada com uma greve, então tinha de acontecer qualquer outra coisa.

No avião, meio vazio e sem estranhos sentados directamente ao meu lado, já só pensava em dormir duas horinhas. Esqueçam lá isso: atrás de mim, mãe e filha não se calaram a viagem toda. Não que falassem alto, não que estivessem histéricas, mas eram duas vozes em plena actividade logo atrás da minha cabeça, sem um segundo de interrupção. Passei a viagem acordada.

Na aterragem não me livrei das dores e mais uma vez o homem dormia ferrado ao meu lado. Pensei seriamente em arranjar um amante só para que este me acompanhe em viagens de avião e me dê palmadinhas na mão.

Chegados finalmente a casa foi altura de ir buscar o carro que tinha ficado em Portugal para que o pudéssemos usar por cá e para a viagem até França. Entrar na garagem foi um bico de obra. A chave da garagem estava num casa, a chave para entrar nessa casa estava noutra casa. Quando finalmente pudemos aceder ao carro, este não pegava. Bateria tinha mas o motor não arrancava. Longe de minha casa, não tinha quem nos levasse lá pelo que tínhamos mesmo de pôr aquele carro a andar. Quando o meu dia de anos se iniciou à meia-noite estávamos nós a conseguir finalmente pôr o carro a funcionar.

No dia seguinte, tentando seguir o plano que tinha feito para os meus anos, saímos para almoçar. O carro não pegava. Desta vez, a bateria tinha mesmo morrido. Eram três da tarde quando finalmente comecei a almoçar. No fim, toca a ligar a uma loja para saber se tinham aquele tipo de bateria. Tinham mas tínhamos um hora para lá chegar. Autocarro até casa, pedir o carro emprestado ao meu irmão para ir buscar a bateria, correr feita doida até ao carro dele que estava estacionado longe para descobrir que tinha pegado nas chaves de casa e não do carro. Toca a correr até casa, toca a regressar ao carro e toca de nos vermos enfiados numa fila de trânsito sem fim. Felizmente chegámos a tempo, devolvi o carro ao meu irmão a tempo dos seus compromissos, e o nosso carro já funciona. Ainda assim, cada vez que entro no carro, seguro a respiração dois segundos sempre com medo que lhe volte a falhar qualquer coisa.

No final do dia de anos, achei seriamente que os nervos que o carro me provocou me tinham tirado dez anos de vida e que em vez de vinte e nove anos feitos, já estava mais perto dos quarenta. :)

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