18.10.13

Vão roubar para a estrada

Quando estive em Portugal, uma das coisas que tive de tratar foi ir buscar uma certidão de nascimento internacional. Lá nos dirigimos à loja do cidadão e fomos atendidos após um período de espera razoável. O atendimento esse foi daqueles de nos deixar de boca aberta. Pedido de certidão feito, a menina que nos atende pergunta ao Jack se ele não precisa de uma também. Sorrimos e explicámos que não, até porque ele nasceu em França. Fomos brindados com um revirar de olhos ao melhor estilo "dah" e ficámos a saber que na loja do cidadão é possível mesmo nestes casos obter uma certidão de nascimento. Uma pessoa está sempre a aprender e ainda bem. Escusávamos era de ter continuado a ouvi-la falar deste assunto como se lhe tivéssemos dito que não sabíamos ser possível apagar um risco a lápis com uma borracha, ou algo assim básico.

Dados fornecidos, a menina começa a preencher os campos necessários no computador. Ao saber que sou bióloga, pára de escrever e começa a conversar sobre um amigo que tem também biólogo. Nós só olhávamos um para o outro, cheios de vontade de a mandar calar e trabalhar. Não estávamos num café, tínhamos o carro parado num estacionamento a pagar, tínhamos pressa e eu só queria o raio da certidão.

Continuando (finalmente) o seu trabalho, a menina decide informar-me que fui registada em determinada conservatória de Lisboa, e que as pessoas deveriam saber estas informações, e não chegar ali à espera que as funcionárias façam milagres e descubram em que conservatória foi feito o registo (não tendo ela demorado nem dois minutos a descobrir tal coisa e a informar-me, tenho a dizer-vos que na loja do cidadão os milagres ocorrem de forma rapidíssima). Farta dos "dah", da conversa fiada e por fim daquela reclamação sem sentido, respondi-lhe que na altura em que é registado o nosso nascimento, somos demasiado novos para mais tarde nos recordarmos onde foi feito o registo. Calou-se, amuada.

Começa a imprimir a folha, enquanto assiste e participa numa conversa paralela entre colegas. Tendo pelos vistos uma má relação com um eles, decide perguntar-nos se não queremos levá-lo para França. E este é daqueles gestos que eu mais odeio e que mais tenho visto nos últimos tempos: no atendimento ao público, sermos bombardeados com informações sobre os colegas, o chefe, queixas sobre o trabalho. A ver vamos, meus amigos, quando me dirijo ao balcão de qualquer empresa, a um restaurante, a uma loja, o que quer que seja, espero ser atendida e ver o meu pedido satisfeito. Não me interessa de todo perder tempo a ouvir-vos dizer que o vosso chefe naquele dia está de mau humor, que aquele colega só vos atrasa a vida ou que o Rui da contabilidade ficou doente, mas que provavelmente está só a fingir. Não me interessa! E para além de não me interessar, passa uma péssima imagem da empresa, restaurante, loja, etc. Não é difícil de compreender.

Folha finalmente na mão, chega a parte dolorosa: o pagamento. Uma folha impressa com os dados acerca do meu nascimento custa nada mais nada menos que...20 euros. Vin-te eu-ros. E eu ando para aqui a pensar o que raio está nesta folha para a tornar tão cara: será o papel? Parece-me um papel normalíssimo, A4, igual ao que uso aqui em casa. Será a tinta? A impressora pareceu-me uma impressora normal, pelo que suponho que os tinteiros também o sejam. Estarei eu a pagar 20 euros pelo serviço prestado? Paguei eu 20 euros para ouvir alguém dar à língua, perder tempo com conversa fiada, falar mal de um colega, mandar vir comigo sem razão? Paguei eu 20 euros para ver alguém escrever no computador dois minutos e imprimir uma mísera folha? Mais valia mandarem a certidão por e-mail e imprimia eu aqui em casa de forma bem mais barata. Vinte euros por uma simples folha impressa é um roubo. E nem com estes roubos descarados, o Estado consegue manter as contas certas.....

5 comentários:

  1. Até foi baratinha!
    Eu paguei 30 Eur pelo certificado de fim de curso! E depois quis outro em Ingles e tive que pagar mais 30 Eur!
    O papel anda muito caro!

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  2. Lá porque pagaste mais do que eu por um papel, isso não significa que eu tenha pago barato.=P

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  3. Oui, c'est moi

    Na verdade tenho dois carimbos brancos na folha. O que significa que cada carimbo são dez euros. Continuo a achar caro. =P

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