Um dia, a propósito de um casamento de uma amiga, ouvi outra dizer "Há sempre alguém que tem algo a apontar. Não poderás ligar a isso". Nunca mais esqueci a frase e esta fez ainda mais sentido quando no último casamento a que fui a noiva me confidenciou que uma das convidadas lhe tinha dito que o vestido mais parecia um vestido de festa do que um vestido de noiva. E eu abri a boca em choque pois mal a tinha visto a entrar na igreja tinha comentado com o Jack que estava a ver pela primeira vez um vestido com que eu seria capaz de casar (e acabei por escolher um que não tem nada a ver, enfim). Adorei aquele vestido, a forma como lhe assentava, a figura que lhe dava, tudo, tudo, tudo, mas mesmo que não tivesse gostado nunca lho teria dito uma palavra. Chocou-me a forma como as pessoas podem de forma gratuita e sem filtros dizer simplesmente o que pensam, ultrapassando o limite da franqueza e entrando na má educação. E percebi também que aquele vestido que eu tinha adorado não suscitava a mesma reacção nas outras pessoas, o que me mostrou que até nos casamentos há gostos para tudo. E é este um dos meus truques para não stressar e que aconselho a todas as noivas stressadas com o dia perfeito:
"Metam na cabeça que não vão conseguir agradar a toda a gente".
Já está? É que vê-se pela net cada noiva à beira de um ataque de nervos a seis meses do casamento porque o elástico das cuecas é mais para o lilás suave do que para o lilás clarinho, porque os pratos têm mais 2 mm do que aquilo que tinham idealizado, porque apareceu uma ponta espigada no cabelo, porque os mais insignificantes pormenores estão um bocadinho pequenino diferentes daquilo que queriam, e eu só penso como é que elas chegam vivas ao grande dia. Eu entendo que o dia de casamento é um dia especial e que há noivas que têm gosto em ter tudo, mas tudo mesmo até o papel higiénico, personalizado e perfeito, mas acreditem: vai haver alguém que não vai gostar. Ponto. Eu aposto o que quiserem que no meu casamento haverá quem não goste do meu vestido, ou dos meus sapatos, ou do meu cabelo, ou da minha maquilhagem, ou da igreja, ou da quinta, ou da música, ou da comida, ou do tempo, ou da viagem até à quinta, ou da decoração, ou do tema, ou das lembranças, ou do fotógrafo, ou do padre, ou do coro, ou do bolo, ou do champagne, ou do vinho, ou da hora, ou das alianças, ou dos aperitivos, ou até mesmo de tudo isto junto. É absolutamente impossível agradar a toda a gente. A começar pelo facto de eu não gostar de música pimba e o pai do noivo adorar: quando há música desta geralmente eu fico sentada enquanto ele dança como se não houvesse amanhã, e se não houver é ver-me a mim a dançar e ao senhor sentado chateado que nem um peru. E não sendo possível agradar a duas pessoas ao mesmo tempo, imagino a todos os convidados. Por isso, metendo na cabeça que haverá sempre quem não vá gostar, é fazer as coisas o melhor que sabemos e queremos sem stress, e esperar que no dia tudo corra bem e que a maioria até goste. Quaisquer críticas sem objectivo que possam vir receberão como resposta um encolher de ombros porque quem não tem capacidade de perceber que um casamento não é feito para agradar a essa pessoa em particular não merece que se gaste tempo em explicar-lhe isso mesmo. :)
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