17.10.14

Ah, pois, faz sentido.

Há pouco tempo passei pelo Dolce Vita Coimbra e por perto uma série de caloiros era praxada. Os veteranos gritavam, conseguindo dizer uma asneira das grossas entre cada palavra mais aceitável, incitando os caloiros a subirem para os bancos do jardim, a pespegarem-se contra uma parede, a deitarem-se no chão, a voltarem a subir para cima dos bancos. Quanto mais eles faziam, mais os veteranos gritavam e vociferavam. Não costumo passar perto de grupos de praxes com receio que passe pela cabeça de algum idiota incitar um caloiro a vir fazer-me uma pergunta parva ou uma declaração. Porque não querendo eu ser desagradável para o caloiro, teria de lhe dizer calmamente que não tenho paciência para cenas daquelas ou então virar-me para o veterano e explicar-lhe que já tem idade para ter juízo e para não andar aos berros em plena praça pública como se isso lhe desse algum poder. Mas ali estavam eles mesmo no meu caminho e por isso passei suficientemente perto para ouvir uma caloiro, em tom cansado e de queixa, perguntar à colega que com ela partilhava o banco "Agora é para fazer o quê...?". O ar de alegria, motivação e felicidade com que aqueles caloiros ali estavam a ser praxados era praticamente inexistente e eu dei por mim a pensar "Ah, sim, isto é que é a integração....". Ficam a conhecer melhor a Universidade? Não. Ficam a conhecer melhor a cidade? Não. Ficam a conhecer melhor os colegas? Não. Ficam a conhecer melhor o curso? Não. Mas não interessa: o importante é ter alguém a gritar com eles. E eles ficam logo integrados. 

4 comentários:

  1. Pois. Pois... Há demasiadas cabeças que levam a praxe demasiado a sério, em vez de a fazerem o que devia ser: uma brincadeira que permitisse aos caloiros conhecerem-se uns aos outros.

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  2. A maioria das praxes que conheço obriga os caloiros a olhar em frente ou para o chão, impedindo-os sequer de olhar para os colegas. Assim é realmente impossível fazerem-nos conhecerem-se.

    Para mim, os caloiros conhecem-se nas aulas. Pode ser defeito do meu curso que tinha aulas práticas e como tal éramos obrigados a formar grupos de trabalho desde cedo, ou seja, éramos mesmo obrigados a darmo-nos uns com os outros.
    Mas a verdade é que uma das minhas melhores amigas de curso foi feita durante as aulas, porque durante a praxe eu não a suportava.

    Eu nem sou propriamente contra a praxe. Sou é contra a forma usual como se praxa. :) E sim, há demasiada gente a achar que a praxe é uma das coisas mais sérias da universidade....=P Estudar? Pff, que é isso? =P

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  3. Eu também não tenho propriamente uma visão muito positiva sobre as "praxes" habitualmente feitas por cá.

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  4. Lua,

    A verdade é que muitas vezes dizem-nos "a praxe não é isto! A praxe é fixe" mas aquilo que vemos é realmente uma coisa sem jeito nenhum. :)

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Digam-me coisas. :)