Não me lembro dos meus pais terem tido "A" conversa comigo. Entrando na adolescência, a minha mãe comprava-me livros que falavam das mudanças no corpo, no sexo oposto, das precauções, e dizia-me que se tivesse alguma dúvida poderia falar com ela. Nunca falei. E sempre achei que um dia quando tivesse filhos, faria mesma coisa: compraria livros, não para os poupar a uma conversa com os pais, mas para me poupar a mim de ter conversas com eles sobre isso. Até ao dia em que passo a ter adolescentes na família e surge a necessidade de falar com eles sobre isso por iniciativa deles. Porque da mesma forma que eu teria odiado fazer uma pergunta a um adulto e este fugir à resposta, não pude deixar de responder à pergunta então colocada. Ontem, com uma adolescente a dormir cá em casa e por iniciativa nossa, falou-se de sida, de doenças sexualmente transmissíveis, de como os rapazes são capazes de mexer mundos e fundos e trocar juras de amor apenas para dormirem com uma rapariga, de como o facto de se estar perdidamente apaixonada por um rapaz não implica que nos sintamos preparadas para nos envolver fisicamente, dos perigos da internet e de como enviar fotografias mais pessoais pode ser uma ideia tão má. Falou-se de métodos contraceptivos, de como estes funcionam e para que servem. E sobretudo falou-se dos mitos, de como até aos 18 anos toda a gente diz que já fez isto e aquilo e é só garganta, dos disparates que se fazem com a toma da pílula, da treta de não se poder engravidar na primeira relação sexual, do engano do coito interrompido (como é que em pleno 2014 ainda há quem use este método, como??). E explicámos que durante os próximos anos vai ouvir tantos mas tantos disparates das amigas que terá de saber filtrar e descobrir o que é verdade, e que nós estamos sempre aqui quando ela tiver alguma dúvida, algum problema. Afinal, talvez seja capaz de um dia conversar com os meus filhos, mais que não seja porque não quero que cometam erros por falta de conhecimento. Mas acho ainda assim que não se escapam dos livros...
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