18.11.21

Uma questão de expectativas - parte I

Nalguma altura da minha vida, e sei lá como ou porquê, defini que aos 35 anos já devia ter a vida organizada, tudo certinho e constante, a parte profissional bem orientada (um emprego para a vida) e a parte pessoal já mais que resolvida (casamento, dois filhos, casa, carro e dinheiro no banco). Não sei mesmo de onde me veio esta ideia, não me foi incutida pelos meus pais ou restante família, e sei que não sou a única com este sentimento pelo que atribuo alguma culpa à sociedade e às ideias que nos vai criando na cabeça e contra as quais cada vez lutamos mais.

Esta tem sido a minha luta nos últimos dois/três anos. Aceitar que os 35 anos não são o "fim da linha", a meta na qual já devíamos ter tudo e a partir da qual gozaríamos apenas aquilo que conquistámos. Contrariar a ideia que aos 35 anos já estou demasiada velha para arriscar em novas coisas, novas aventuras, mudar o rumo à minha vida. Para de achar que o que tenho e o que sou aos 35 anos define aquilo que sou e terei a partir desta idade. Agora, com 37 anos, continuo a tentar mudar esta ideia tão enraizada que há dias em que é mesmo difícil sentir que mexe um milímetro que seja. Noutros já consigo rir-me de mim própria e do disparate que isto é.

Há uns dias, li alguém que escrevia que aos 30 anos já tinha casado, já tinha um filho, já tinha casa...e dei por mim a pensar "Xiii, tão cedo" e depois ri-me ao aperceber-me como não só tenho a ideia de que aos 35 anos já temos de ter tudo isto como também tenho, pelos vistos, a ideia que antes dos 30 é demasiado cedo. Muito bem, Tété, uma pessoa vai viver dezenas de anos (se tudo correr bem) mas é naqueles 5 anos entre os 30 e os 35 que tem de meter todos os objectivos e alcançá-los a todos. Zero pressão, de facto. Mas ainda fica pior quando depois faço as contas e me apercebo que fui viver com o Jack com 28 anos acabados de fazer e que casei com ele aos 29 anos. 

Ainda assim, tenho noção que este meu "limite dos 35 anos" não o aplico aos outros como o aplico a mim. Se para mim, aos 35 anos já tinha de estar casada e com 2 filhos porque a partir desta idade é demasiado tarde para estes planos, para as minhas amigas (da mesma idade que eu) a história é outra: acho que ainda vão mais do que a tempo de encontrar as pessoas certas, de casar, de ter filhos, de mudarem de vida, escolherem outro rumo. Olho para elas e acho-as ainda novas (que são) e com uma vida inteira pela frente (que têm). E então uso isto para ir mudando a minha mentalidade. Porque se as vejo assim, então também hei-de conseguir ver-me da mesma maneira. Mas que é uma batalha, isso é. Não sei mesmo de onde veio esta ideia mas tenho pena que ela exista porque já me trouxe muito sofrimento e muita frustração. Mas aos poucos vou mudando. Porque, afinal de contas, a vida não acaba mesmo aos 35 anos. 


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