Ontem, a jantar num restaurante, não conseguia tirar os olhos da mesa que se encontrava a seguir à nossa. Bom, nem eu, nem quem também por ali jantava, nem sequer os próprios empregados do restaurante. Dois adultos e três crianças. Ou melhor, três terrores. Os mais velhos já com cerca de 9 ou 10 anos, falavam alto, levantavam-se e sentavam-se, enfim, faziam de tudo para chamar a atenção dos dois adultos que os acompanhavam. E eles bem tentavam dividir-se na atenção que lhes davam mas cada criança exigia ter ambos os adultos a olhar para si, o que era fisicamente impossível. De ementas nas mãos, gritavam os nomes dos pratos que queriam, depois gritavam o nome do prato escolhido, e as ementas em constante movimento entre as mãos deles e as dos adultos, no ar ou atiradas pela mesa. A terceira criança, no carrinho, chateada por não estar a ser também ela o centro das atenções, berrava "Mamã, mamã, mamã, mamã, mamã, mamã, mamã, mamã, mamã!" até esta se virar para ela para lhe dar atenção durante poucos segundos até os mais velhos voltarem a exigi-la para si. E a criança mais pequena tentava levantar-se do carrinho mas não conseguia por estar presa, e por isso insistia e insistia e eu só via o carrinho a inclinar-se para a frente e para trás e só pensava que mais tarde ou mais cedo ele virar-se-ia e o espectáculo não seria bonito. Ao mesmo tempo, as mãos agarravam-se à mesa, numa busca de apoio para as tentativas de levantar, e a mesa abanava e ameaçava também ela virar-se, não fossem os adultos fazer força para que esta se mantivesse no lugar. A determinada altura, a criança mais pequena lá conseguiu ter nas mãos as ementas que os mais velhas tinham tido, coisa que bastou para a manter sossegada durante 10 segundos antes de as atirar pelo ar, indo elas aterrar no chão, junto a outra mesa. E os empregados tentavam apressar as coisas, indicando que a cozinha fecharia dentro de 10 minutos, e os adultos sem conseguirem ver as próprias ementas porque os filhos tinham coisas para contar, já, ali, naquele preciso momento, os dois ao mesmo tempo, cada um mais alto que o outro, enquanto a criança mais pequena balouçava o carrinho e a mesa, exigindo atenção também para si. E os empregados rebolavam os olhos e resmungavam de exasperação enquanto atendiam os clientes das mesas mais próximas, e nós sem conseguirmos desviar os olhos de tudo aquilo, vendo ainda os dois adultos a tentar conversar entre si sem qualquer sucesso. E eu só pensava porque razão nenhum dos adultos dizia num tom que metesse respeito "Quero os três calados já e não quero ouvir nem mais um piu durante os próximos 10 minutos!". Era capaz de resultar, digo eu.
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