21.8.15

A internet

O Jack mandou-me este vídeo há uns dias. É em inglês e tem as legendas em francês mas no fundo acho que se percebe bem o que foi feito: um homem, com conhecimento e autorização dos pais das miúdas, mete conversa com elas via internet fazendo-se passar por um adolescente. Acaba por marcar um encontro e, para grande choque dos pais, elas aceitam e apresentam-se mesmo para conhecer o rapaz com quem andavam a conversar.


Compreendo perfeitamente o choque dos pais que estão convencidos que as suas filhinhas conhecem os perigos da internet e são inteligentes o suficiente para não fazerem uma burrice destas (a última então....sai de casa para estar com um adolescente e acaba por entrar numa carrinha conduzida por um homem mais velho como se tudo isto fosse absolutamente normal). E isto não deixa de ser assustador porque é impossível não pensar como é que se evita isto. Falando com as adolescentes e explicando as coisas? Os últimos pais pelos vistos falavam com a filha sobre isto e isso não a impediu de fazer uma estupidez deste tamanho.

Eu tenho uma opinião muito pessoal sobre este assunto que é esta: os adolescentes não têm maturidade para terem acesso à internet e no entanto insistimos em dar-lhes esse mesmo acesso. Da mesma forma que ninguém diz a uma criança de 2 anos que tem de olhar para os dois lados da estrada antes de atravessar na passadeira e de seguida lhe apresenta uma passadeira numa das avenidas mais movimentadas da cidade para ver o que ela faz (porque sabemos que não basta dar a informação, temos de ver se já há idade para que esta seja compreendida e aprendida), então porque é que explicamos a um adolescentes todos os perigos da internet e depois lhe passamos para as mãos um telemóvel com acesso a tudo? Pessoalmente e olhando para os meus 12, 13, 14 anos, eu admito que não estava preparada para com essa idade ter acesso ao mundo, poder ler sobre tudo, ver todos os vídeos que pululam na internet, falar com uma série de desconhecidos. Eu não tinha maturidade para isso, pronto. Só que na nossa altura isto também não nos era oferecido por isso não havia problema. No entanto hoje, esperamos que os jovens exactamente com 12, 13, 14 anos sejam capaz de ter a maturidade suficiente para lidar com o acesso ao mundo através de um teclado.

Não estou com isto a dizer que a Pequena Melão só terá acesso à internet depois de tirar a carta (ora, aqui está outro bom exemplo. Ninguém no seu perfeito juízo acha razoável explicar a uma criança de 10 anos quais os perigos da estrada e ensinar-lhe o código da estrada para de seguida lhe pôr as chaves do carro nas mãos, confiante que a criança, que agora sabe os perigos, terá maturidade para conduzir) até porque o mundo de hoje nem sequer permite isso. A escola já quer trabalhos feitos em computador e pesquisas feitas usando a internet. Também não estou a dizer que só terá um telemóvel aos 18 anos porque sei bem que o terá mais cedo. Mas quero acreditar que não lhe passarei para as mãos um telemóvel com acesso ilimitado à internet assim sem mais nem menos. E que como em tudo na vida, a confiança conquista-se e que vai ser preciso dar-me provas que é de confiança para ir ganhando mais liberdade e privacidade quanto ao uso da internet (da mesma forma que ninguém dá as chaves de casa a um filho que todos os dias perde a carteira. Digo eu....).

1 comentário:

  1. Concordo 100% contigo. Tenho um primo com 14 anos que não tem telemovel e o computador está na cozinha, onde a mãe sempre vê o que ele faz. Parece-me bem.

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