Tudo começou nas aulas de parto. Não havia aula nenhuma em que uma das grávidas presentes ou mesmo a mulher que nos dava as aulas não referisse qualquer coisa que tinha aparecido num episódio de "Baby boom". Cada vez que este programa vinha à baila, eu e o Jack entreolhavamo-nos ao perceber que éramos os únicos que não faziam a mínima ideia do que é que se estava a falar. Depois, foi a mãe do Jack que a meio de uma conversa referiu qualquer coisa que viu no programa "Baby boom" e mais tarde a sobrinha do Jack comentou também o programa. Decidi deixar de resistir e ver um episódio para ao menos sentir que sabia do que toda a gente falava. "Baby boom" é então um programa filmado numa maternidade onde foram colocadas câmaras nos corredores, nos quartos, nas salas de partos, na recepção e na sala de convívio das sage-femmes, enfermeiras e médicos. É no fundo uma espécie de reality show filmado nas maternidades aqui em França. Vi o primeiro episódio com o Jack e depois mais dois sozinha e já proferi a minha sentença: que violência, senhores, não vejo nem mais um episódio.
Basicamente, é-nos mostrado as grávidas a chegarem às urgências obstetrícias em trabalho de parto, serem examinadas, serem colocados os cintos para registo dos batimentos cardíacos fetais e das contracções uterinas, o trabalho de parto e, "tcharã", os bebés a saírem todos sujos e a serem poisados no peito das mães enquanto, geralmente, os homens se desfazem em lágrimas logo ali ao lado. Já vi casos em que os partos foram rápidos, outros mais demorados, vi grávidas a dobrarem-se em dois devido às dores, vi uma a levar a epidural, vi grávidas em puro pânico, outras mais calmas, umas a berrar, outras em silêncio, vi pais a ficarem brancos como a cal das paredes, outros em lágrimas, enfim, acho que aquilo abrange os mais variados cenários. É tudo muito real, muito cru e é isso que, para mim, neste momento é demasiado. "Ah, e tal, mas tu vais passar por aquilo!". Pois vou, eu sei, e isso já é assustador o suficiente, não preciso de ver outras mulheres a sofrer para se tornar ainda mais assustador. Num dos casos, uma das grávida que tinha ali chegado em trabalho de parto recebe a notícia que o coração do bebé parou naquele mesmo dia e que por isso dará à luz um bebé morto. E isto é um murro no estômago. Todos os dias há esta possibilidade, todos os dias agradeço à Pequena Melancia os movimentos que faz e que me dão a certeza que está tudo bem com ela, e por isso não é preciso ver o pior a acontecer a outra pessoa para se ter esta noção. Não preciso de ver as mulheres a torcerem-se de dores com as contracções para saber que a mim também me vai doer. Não preciso de as ver a chorar quando finalmente o bebé sai para saber que a sensação de alívio e felicidade deve ser enorme. O programa não deixa de ser muito interessante, mas não para uma grávida de quase 8 meses como eu.
Fogo... uma vez vi um programa do género e lembro-me de ter ficado traumatizada e pensar "Nunca vou engravidar!". Portanto que tu vejas isto nesta fase... deixa-te disso!
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