Quando decidi não amamentar, decidi também que ninguém tinha nada a ver com isso e que me não me justificaria perante ninguém. Não queria conselhos, nem dicas, nem críticas nem perguntas de forma alguma, por isso, a razão foi apenas explicada aos mais próximos, ao círculo de pessoas que lidavam com a Mini-Tété mais frequentemente até porque havia a necessidade de lhes explicar o cuidado a ter na forma como se dava o biberão devido à pequenita não saber bem como o beber. Mas depois distraímo-nos e meses depois já dávamos por nós a explicar a situação a quem apenas víamos muito de vez em quando e raramente. E comecei a ouvir o que não queria. Acho que o que me fez atingir o limite foi terem tentado adicionar-me a um grupo de aconselhamento de amamentação, para que eu pudesse tirar as minhas dúvidas e insistirem que ainda seria possível regressar à amamentação fazendo um esforço. Mas eu nunca disse que queria fazer um esforço ou regressar à amamentação! E nesse dia disse ao Jack "Acabou-se! Não quero mais explicações sobre este assunto a ninguém!". A partir daí, quando alguém me via preparar o biberão ou simplesmente se lembrava de perguntar "Não amamenta?", a resposta era simples "Não". E o assunto morria ali, pelo menos para mim. Havia sempre quem insistisse "Ficou sem leite?", "Não", e pimbas, acabava-se o assunto. Reparei que a partir dos 3-4 meses a preparação de um biberão já não choca ninguém porque tenho a sensação que as pessoas depreendem que a mãe amamentou o bebé os primeiros 3 meses e que depois passou a biberão, o que parece que não é tão grave nem motivo de forca como alimentar a biberão desde o nascimento.
Estava portanto convencida que a fase das críticas alimentares alheias tinha terminado. Enganei-me. A Mini-Tété iniciou-se nas sopas e frutas há 15 dias e temos feito o esforço para que esta refeição sólida seja dada em casa, sem espectadores, de forma a não ouvirmos o queremos nem pedimos. Mas mesmo sem estarem presentes, as pessoas comentam. E comentam ainda mais quando caímos no erro estúpido de fornecer informação porque a) tendo informação, podem usá-la para criticar ainda mais coisas e b) assumem que se os pais dão informação é porque estão literalmente a pedir, a exigir até, a suplicar de joelhos que lhes sejam dados conselhos e críticas na maior dose possível.
O facto de estarmos em França moeu-nos um pouco a cabeça porque aqui a introdução aos sólidos é feita de forma diferente. Em Portugal começa-se por um puré de, por exemplo, batata, cenoura e cebola e depois vai-se acrescentando e substituindo legumes, com dias de intervalo para ver a reacção do bebé. Aqui inicia-se por um puré de apenas um legume (só cenoura, por exemplo), depois um puré de outro legume (só courgette, imaginemos) e apenas mais tarde iniciam as misturas de legumes. Nós optámos pela maneira portuguesa e eu esqueci-me completamente deste facto quando a semana passada dei por mim à conversa com uma francesa. Bom, fiquem a saber que toda a gente naquele estabelecimento me deve achar uma mãe terrível. Uma mãe que ousou dar à sua bebé purés com batata (sacrilégio!), cenoura (acho que esta passa), cebola (para a forca!), alho francês (devia ser queimada viva!), batata-doce (devia morrer a agonizar!) e mais uns quantos, enfim, toda uma série de venenos mascarados de legumes. Um horror de mãe que devia fazer apenas purés de um só legume, juntar (pouco) sal e especiarias (!!!) e um queijinho "A Vaca que ri" porque os bebés adoram o sabor que dá aos purés! Uma péssima mãe que se lembra de dar pêra e maçã cozidas quando devia dar apenas cruas! Melhor, devia dar daqueles boiões já feitos de super-mercado porque os bebés adoram aquilo (e pelos vistos sou mesmo má mãe quando disse que nem sequer temos desde boiões em casa)! E quando já toda eu estava vermelha e farta daquela conversa, fiquei a saber que não tenho salvação se não baptizar a Mini-Tété já este Verão. E saí dali furiosa, não com a francesa, mas comigo mesma porque se eu não tivesse dito o que damos a comer à Mini-Tété não teria ouvido tudo aquilo. Enquanto pais estamos sempre a aprender e eu tenho mesmo de aprender a estar calada. Ou então a mandar dois pares de berros para calar os outros.
Não tenho filhos, mas parece-me que da um puré de fruta, feito efetivamente de fruta é bem melhor do que um boião do supermercado. Mas isso sou eu.
ResponderEliminarE qual é o problema do puré com os legumes? Valha-me deus a criança vai ficar mal se comer uma mistura de dois legumes? Menos um bocadinho. Há gente que realmente só ignorando.
Sílvia
ResponderEliminarNão sou uma fanática que odeia os boiões (estou até a pensar comprar um para o dia de viagem a Portugal) mas acho que realmente qualquer pessoa com dois dedos de testa e bom senso sabe que esses boiões têm mais do simples fruta cozida em água e que esta alternativa feita em casa é bem mais saudável.
Os purés...pois, consideram a batata, o alho francês, a cebola, etc, muito pesados para o bebé (mas queijo já se pode dar, vá-se lá entender), e que coitadinhos deve ser um legume de cada vez. Não tenho nada contra, é o método deles, mas não me venham com sermões como se os portugueses andassem há anos a torturar as crianças com a sua maneira de introduzir os alimentos. Enfim, mas aqui, parece qualquer coisa traumatiza as criancinhas. Até uma batata no puré. :P
Querida Tété,
ResponderEliminarPois é, muitas pessoas parecem não ter uma vida própria, tanto que adoram meter-se na vida dos outros.
Tive que aprender tanto!!!!!
Enquanto os filhos são bébés o grande tema é a alimentação adequada, mais tarde o grande tema é a educação....
Acredite que essa etapa vai ser ainda mais difícil (e não me estou a referir à bébé....)
Mas o mais importante é realmente cada um(a) sentir-se bem com aquilo que faz.
E para resumir: acho muito bem o seu plano de alimentação da Minitété.
E adicionar queijo, mas achar que 2 legumes ao mesmo tempo seja qualquer coisa de outro mundo - essa é mesmo boa!!!
Beijinhos
Nanda