14.11.16

Uma paranóia e nada mais

Sou da opinião que cada mãe/pai deve ter a sua paranóia em relação aos filhos. Acho até saudável admitir-se que se é paranóico com a alimentação, ou com a qualidade das roupas, ou com o sono, ou com o desenvolvimento, desde que se assuma também que não pode haver mais paranóia nenhuma, sob risco de nos tornarmos naquele tipo de pais que nem vive os filhos tal é a ansiedade que tudo na existência deles lhes provoca. Durante a gravidez assumi a minha paranóia: a segurança automóvel. Sou o tipo de pessoa que nunca gostou de andar de carro sem conhecer bem o condutor (e a sua condução), que não gosta de excessos de velocidade e que acha que cada vez mais as pessoas conduzem pior. Odeio a ideia de ir sossegadinha na minha vida e ter um acidente grave porque alguém bebeu álcool e pegou no carro, porque alguém se lembrou de fazer uma ultrapassagem idiota, porque alguém achou que não valia a pena fazer um stop ou ceder-me a passagem, porque alguém achou que responder àquele sms sobre o vinho para o jantar era uma questão de vida ou de morte. O pior é que pode ser, para mim, que vou ali sossegada e posso morrer à conta de uma outra pessoa que não sabe conduzir em segurança. Podem portanto imaginar que ter uma filha não diminuiu em nada estes meus receios. Por isso desde cedo que assumi que a minha paranóia enquanto mãe seria a segurança automóvel, o que não implica comprar a melhor e a mais cara cadeira-auto do mercado para ela mas assegurar que ainda assim faço uma boa compra e que cumpro com os cuidados necessários para que nada lhe aconteça caso haja um acidente. De nada me vale comprar uma óptima cadeira se depois não prender bem os cintos (ou não prender de todo, como uma vez alguém me sugeriu visto a Mini-Tété estar confortavelmente embrulhada numa mantinha), ou se for com a Mini-Tété ao colo, ou se me distrair a olhar para ela. É a minha paranóia. Claro que depois me preocupo com o que ela veste, com o que ela come, com o sono dela. Tenho até de admitir que por exemplo na alimentação ando muitas vezes ali a pisar o risco da paranóia, um pouco por culpa da Mini-Tété que tem feito reacção a uma série de alimentos, mas obrigo-me a respirar fundo e a pensar "Tens direito a apenas uma paranóia por isso leva esta questão da alimentação de forma mais descontraída!" e acho que isso ajuda muito a sermos o tipo de pais relaxados com muita coisa que somos. 

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